Estagnada na Globo, atriz pode se reinventar com Bolsonaro

Regina Duarte paga preço alto por participar da política enquanto a maioria dos artistas se omite por medo ou alienação

20 jan 2020 - 10h44
(atualizado às 11h12)

É preciso ter coragem para dar a cara a tapa no Brasil polarizado de hoje. Virar alvo de críticas gera enorme peso emocional e pode até prejudicar a vida social e a carreira. Unanimidade em outros tempos, Regina Duarte se tornou uma vidraça na mira de milhões de pessoas ao exercer o direito de participar da política do País – e defender seus pontos de vista e determinada ideologia.

Bolsonaro cogita recriar o Ministério da Cultura para dar mais status a Regina Duarte, caso ela aceite participar do governo
Bolsonaro cogita recriar o Ministério da Cultura para dar mais status a Regina Duarte, caso ela aceite participar do governo
Foto: Twitter / Reprodução

Em 2002, a atriz foi massacrada ao dizer “Eu tenho medo” em relação a uma possível eleição do então candidato Lula. A declaração fez parte da campanha do adversário dele, o tucano José Serra, posteriormente derrotado pelo petista nas urnas.

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Dezesseis anos depois, a veterana das novelas polemizou novamente ao apoiar Jair Bolsonaro. Foi uma das poucas personalidades de TV a defendê-lo nas redes sociais.

Tal aproximação resultou no convite para assumir a Secretaria Especial de Cultura do governo federal, no lugar do recém-demitido Roberto Alvim. Regina Duarte solicitou audiência presencial com o presidente para apresentar suas reivindicações. Quer uma conversa “olho no olho” com Bolsonaro antes de decidir se trocar a TV pela política. O encontro deve acontecer nesta segunda-feira (20).

Mais famosa ‘mocinha’ da teledramaturgia brasileira, Regina Duarte tem a chance de se recriar às vésperas dos 73 anos. A atriz está subaproveitada na Globo. Não faz uma protagonista das 21h desde Páginas da Vida, em 2006. O último papel de destaque foi Clô Hayalla, de O Astro, nove anos atrás. As novelas, como se sabe, não têm muitos papéis relevantes para atrizes mais velhas. Quase sempre são colocadas como meras coadjuvantes.

Não há, hoje, perspectiva de novo trabalho para Regina na Globo – sua atividade política não é bem-vista pela maioria dos autores da emissora. O comando da Cultura seria uma maneira de ela continuar ativa e contribuir especialmente com o teatro e o cinema, duas áreas importantes em sua trajetória. Poderia tentar pacificar a tensa relação entre Bolsonaro e a classe artística.

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Escolhas político-partidárias à parte, Regina Duarte demonstra ser uma cidadã bem-intencionada. Parece querer o melhor para o Brasil. Ainda que não possua qualificação técnica desejável a um secretário ou ministro de Estado, ela pode cercar-se de experientes profissionais do setor para implantar uma política cultural democrática e eficiente. Merece ser apoiada para ter a oportunidade de fazer a diferença.

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