Avô de aliado de Eduardo Bolsonaro foi responsável por criação do SBT; relembre

Durante o governo de João Batista Figueiredo, último presidente do Brasil da ditadura militar, Silvio Santos obteve a concessão do SBT

16 dez 2025 - 12h03
(atualizado às 12h50)
Resumo
Paulo Figueiredo, neto do ex-presidente João Figueiredo, relembrou que a concessão que permitiu a criação do SBT foi dada por seu avô a Silvio Santos durante a ditadura militar, gerando polêmica e críticas nas redes sociais.
O apresentador Silvio Santos em reunião com o presidente João Figueiredo, em 1981. O encontro foi decisivo para a outorga da concessão de TV que deu origem ao SBT (Sistema Brasileiro de Televisão), após a extinção da Rede Tupi
O apresentador Silvio Santos em reunião com o presidente João Figueiredo, em 1981. O encontro foi decisivo para a outorga da concessão de TV que deu origem ao SBT (Sistema Brasileiro de Televisão), após a extinção da Rede Tupi
Foto: Reprodução/Memórias da Ditadura/Luiz Antônio / Agência O Globo - 17/01/1984

O SBT esteve no centro das atenções nas redes sociais e nos principais sites de notícias nos últimos dias, depois que Zezé Di Camargo fez críticas às filhas de Silvio Santos em razão da presença do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) na emissora, durante a cerimônia de lançamento do SBT News, novo canal jornalístico do grupo.

Em meio à polêmica, o empresário e blogueiro Paulo Renato de Oliveira Figueiredo Filho, denunciado pelo Supremo Tribunal Federal (STF) no inquérito sobre a tentativa de golpe de Estado e aliado do deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP), trouxe à tona a origem da concessão do SBT, que envolve diretamente sua família.

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Paulo Figueiredo é neto do general João Batista Figueiredo, último presidente do regime militar, e já foi alvo de duas denúncias criminais no STF. Ele integra o chamado núcleo 5 da investigação sobre o golpe, identificado como responsável pela propagação de desinformação que teria contribuído para criar um ambiente favorável à conspiração.

Na segunda denúncia, ele e Eduardo Bolsonaro foram acusados de tentar interferir no julgamento que resultou na condenação do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) por tentativa de golpe de Estado. Ambos admitiram publicamente, em diversas ocasiões, que o tarifaço, a aplicação da Lei Magnitsky e o cancelamento de vistos de autoridades brasileiras foram sanções articuladas com sua atuação.

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Na segunda-feira, 15, o blogueiro usou as redes sociais para criticar o SBT e declarou: "O mais triste disso tudo envolvendo o SBT é que quem deu a concessão à TVS (hoje SBT) foi o meu avô, João Figueiredo. Silvio sempre foi extremamente grato e simpático à nossa família", escreveu no X.

Na sequência, completou: "Os tempos mudam e as gerações também. Se você não gosta, basta apoiar o jornalismo independente. A Internet já tem mais audiência que a TV. Meu programa já supera quase sempre o de canais tradicionais, mesmo sob enorme censura. Se você apoiar quem você gosta e admira, a tendência é essa gente que vive de teta pública desaparecer".

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A fala faz referência ao fato de que foi durante o governo do general João Batista Figueiredo, último presidente do Brasil da ditadura militar, que Silvio Santos obteve a concessão de parte dos canais da extinta TV Tupi, incluindo o de São Paulo. Essa decisão permitiu que a TVS fosse reestruturada e passasse a se chamar SBT.

Ainda em vida, Silvio Santos demonstrou em mais de uma ocasião reconhecimento e gratidão ao ditador João Batista Figueiredo (1918–1999). Foi em 1981, sob sua gestão, que o empresário recebeu a concessão de canais da TV Tupi. Em 2017, durante um de seus programas de domingo, enquanto fazia uma brincadeira com os nomes de ex-presidentes brasileiros, Silvio elogiou Figueiredo ao afirmar:

"Sou muito grato a ele. Se não fosse ele, eu estava vendendo caneta na praça da Sé".

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Embora já fosse um empresário consolidado e dono de um canal de televisão quando recebeu a concessão, o episódio evidencia que a criação de uma rede nacional de TV, viabilizada pela decisão tomada no governo Figueiredo, foi vista por Silvio como um marco decisivo em sua trajetória profissional.

Em novembro de 2018, logo após as eleições presidenciais, Silvio determinou que o SBT exibisse uma série de mensagens patrióticas originalmente veiculadas durante a ditadura militar. Uma delas, em especial, "Brasil: ame-o ou deixe-o", provocou forte reação negativa e críticas públicas, levando o empresário a ordenar sua retirada da programação.

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Fonte: Portal Terra
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