Não sou velho o suficiente para viver mergulhado na nostalgia de tempos melhores, mas, ultimamente, sempre que marco um encontro, acabo lembrando com mais saudade daquela fase em que, ao chegar a sexta-feira, o ponto de encontro estava claro, mas o horário de voltar para casa, não. Não havia pauta, nem ordem do dia.
Era comum passar horas destrinchando todos os detalhes de um único assunto antes de passar ao próximo. E, se o dia não fosse suficiente, a conversa continuava no dia seguinte.... Conversar com calma era tão natural quanto esperar a amiga que sempre chegava atrasada no mesmo lugar onde, muitas vezes antes, o grupo inteiro já havia se encontrado. Não existiam pressas, nem alarmes.
Quando até os encontros têm hora para acabar
Há algumas semanas, um amigo com quem almoçávamos desligou um alarme durante a sobremesa para se despedir. Ele havia programado um lembrete para sair correndo rumo a outro compromisso. À mesa, o gesto gerou reprovação: "Justo hoje, que conseguimos nos reunir…". Mas esse julgamento escondia o verdadeiro problema: estamos nos encontrando cada vez menos - e sempre com pressa.
Essa chamada "cultura de apenas se atualizar" é consequência direta da síndrome da vida ocupada que domina a sociedade ocidental. O tempo continua sendo contado da mesma forma - minutos com 60 segundos, horas com 60 minutos. O que mudou foi o excesso de compromissos. Sobrecarregamos a agenda e, ao tentar encaixar cada vez mais coisas no mesmo espaço de tempo, acabamos retirando t...
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