Sean Ono Lennon, filho de John Lennon e Yoko Ono, revelou uma preocupação que toca diretamente o coração de milhões de fãs ao redor do mundo: o medo de que as novas gerações acabem se afastando do legado dos Beatles. Em entrevista ao programa CBS Sunday Morning, exibido no último fim de semana, o músico e produtor falou abertamente sobre sua responsabilidade em preservar a memória artística e cultural deixada por seus pais e pela banda que mudou a história da música.
Segundo Sean, o tempo e as transformações culturais podem colocar em risco a relevância de nomes que moldaram gerações. Para ele, manter viva essa herança se tornou uma missão pessoal.
"Obviamente, o mundo também é o guardião do legado do meu pai", afirmou. "Mas eu faço o meu melhor para garantir que a geração mais jovem não se esqueça dos Beatles, de John e de Yoko. É assim que eu enxergo o meu papel."
The Beatles: O medo de que o tempo apague ícones da música
Durante a conversa, Sean refletiu sobre a possibilidade de que, com o passar dos anos, até mesmo contribuições revolucionárias possam perder espaço no imaginário popular. Embora reconheça a força histórica dos Beatles, ele acredita que nenhuma obra está imune ao esquecimento se não houver esforço contínuo de preservação.
Hoje com 50 anos, Sean contou que nunca havia assumido essa postura de forma tão consciente antes. A maturidade e a idade avançada de sua mãe, Yoko Ono, fizeram com que ele sentisse a necessidade de ocupar um lugar mais ativo na manutenção desse legado.
"Meus pais me deram tanto que sinto que o mínimo que posso fazer é tentar honrar tudo isso", disse. "É algo pessoal. Não é apenas uma obrigação pública."
Para Sean Lennon, o impacto de John Lennon, Yoko Ono e dos Beatles vai muito além das canções. Ele destaca que o verdadeiro legado envolve valores como paz, amor e engajamento social, sempre apresentados com criatividade e senso de humor.
"Não se trata apenas de paz e amor de forma ingênua", explicou. "Existe uma atitude de ativismo ali, feita com inteligência, ironia e humanidade. Isso é algo que o mundo precisa continuar valorizando."
Segundo ele, a música dos Beatles e a trajetória artística de seus pais carregam mensagens que permanecem atuais, mesmo décadas após o auge da banda. Em um cenário marcado por conflitos, polarização e excesso de informação, Sean acredita que revisitar esse legado se torna ainda mais necessário.
Outro momento marcante da entrevista foi quando Sean falou sobre a saúde de Yoko Ono, hoje com 92 anos. Ele tranquilizou os fãs ao afirmar que a mãe está bem, embora tenha reduzido drasticamente o ritmo e esteja aposentada da vida pública.
Essa fase, no entanto, trouxe um peso emocional para Sean. Ele revelou sentir uma grande pressão para manter o nível de excelência com o qual Yoko sempre cuidou do legado de John Lennon e dos Beatles.
"Ela sempre estabeleceu um padrão muito alto", contou. "É por isso que tento dar o meu melhor. Ela sempre foi única."
Sean ainda relembrou, com humor, uma curiosidade sobre a relação criativa entre seus pais. Segundo ele, John Lennon via Yoko como uma possível parceira de composição, algo que ela recusou.
"Acho engraçado pensar que talvez só exista uma pessoa no mundo que recusaria John Lennon como parceiro de composição, e essa pessoa é minha mãe", disse, rindo.
John Lennon foi assassinado em dezembro de 1980, aos 40 anos, em um crime que chocou o mundo. George Harrison morreu em 2001, vítima de câncer, aos 58 anos. Já Paul McCartney e Ringo Starr seguem vivos, ativos e ainda se apresentando, mantendo a chama dos Beatles acesa nos palcos.
Mesmo assim, Sean acredita que o futuro da memória da banda depende de diálogo com o público jovem, novas linguagens e acesso constante à obra.
Para os fãs, a fala de Sean Ono Lennon reforça algo essencial: o legado dos Beatles não vive apenas no passado. Ele precisa ser contado, revisitado e redescoberto, geração após geração.