Glocalização: a era dos hits globais acabou

O artista que tenta agradar o mundo inteiro corre o risco de não vingar em lugar nenhum

11 ago 2025 - 06h54
Resumo
A era dos hits globais está em declínio, com o público priorizando músicas de artistas locais, revelando uma fragmentação cultural e tornando mais raro o sucesso musical em escala mundial.
Glocalização: a era dos hits globais acabou
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Lembra quando uma única música dominava o mundo inteiro? Em 2024, isso ainda era mais comum. Mas em 2025 o cenário musical mudou drasticamente.

Segundo dados da Chartmetric, em julho de 2024, 49 músicas já estavam entre as mais tocadas globalmente. Já no mesmo período de 2025, esse número caiu para apenas 23.

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Mais do que uma fase ruim, estamos testemunhando uma verdadeira virada cultural: o fim da trilha sonora coletiva.

Enquanto 2024 nos trouxe sucessos inesquecíveis como “Espresso”, “Birds of a Feather” e “Good Luck, Babe!”, o ano de 2025 parece estranhamente silencioso. Apesar de novos lançamentos de artistas conhecidos como Sabrina Carpenter, Bad Bunny e Alex Warren, pouquíssimas músicas se tornaram grandes sucessos de escala global. A indústria continua a produzir, mas quase nada viraliza como antes.

Hoje, o público está cada vez mais dividido, e cada grupo ouve uma coisa diferente. Essa fragmentação quebra a força de um sucesso universal.

Um estudo recente mostrou que o público em cada país está ouvindo mais músicas de artistas locais — um fenômeno chamado glocalização, que é a mistura do global com o local. Em vez de uma única música famosa no mundo todo, agora cada país tem seus próprios hits. Isso é especialmente visível no Brasil, onde 47 das 50 faixas mais tocadas em uma lista de país do Spotify são de artistas locais.

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Essa nova realidade torna muito mais difícil para um artista "explodir" em escala global. O artista que tenta agradar o mundo inteiro corre o risco de não vingar em lugar nenhum.

O verão de 2025 não tem um álbum forte que domine as conversas, como Brat de Charli XCX ou Barbie The Album fizeram antes. E o hit do verão, como o conhecíamos, parece ser coisa do passado.

Diante desse cenário, talvez a pergunta certa não seja “qual é o hit do momento?”, mas: ainda existe um som capaz de unir todo mundo?

(*) Rodrigo James é jornalista, criador de conteúdo e publica semanalmente a newsletter MALA com notícias, críticas e pensatas sobre cultura pop e entretenimento.

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