Entrevistada pelo repórter Pedro Carvalho na ‘Veja SP’, Marisa Orth falou a respeito da passagem rápida e aparentemente traumática de Regina Duarte pela Secretaria Especial de Cultura. A veterana das novelas ficou apenas 77 dias no cargo e, seis meses depois de se demitir, ainda não foi nomeada para a Cinemateca Brasileira como havia sido prometido pelo presidente Jair Bolsonaro.
“Tenho grande carinho por ela. Era a estrela da primeira novela que fiz”, disse Marisa. Em ‘Rainha da Sucata’, de 1990, Regina viveu a protagonista Maria do Carmo, a ‘sucateira’, e Marisa interpretou Nicinha, uma ninfomaníaca que adorava ser “a outra” de homens casados. A personagem caiu nas graças do público e transformou Orth em estrela da noite para o dia.
“Agora, eu nunca entendi (o apoio de Regina Duarte ao governo). Acho que foi tomada por boas intenções. Não estava preparada, não conhecia a política. Talvez “envaidecida” seria a crítica maior que eu faria sobre isso. Mas acho que ela é vítima, sem dúvida”, argumentou a atriz da Globo, vista atualmente na edição especial de ‘Haja Coração’, às 19h, e no ‘Zorra’, sábados à noite.
Questionada a respeito de como o governo trata os artistas, Marisa não minimizou críticas. “Nunca imaginei que a classe artística seria tão atacada. Chamar as pessoas de ladrões? Vejo senhores e senhoras do meu meio aos montes processando gente por terem sido ofendidos. E tem os cortes de verba, a difamação, a censura. Tudo isso é fato.”
Em outubro, outro ator de ‘Rainha da Sucata’ já havia analisado a participação controversa de Regina Duarte no governo Bolsonaro. Antonio Fagundes, que interpretou o atrapalhado professor Caio no folhetim, e formou par romântico com Regina em várias produções de teledramaturgia, lamentou o que aconteceu com a colega.
“Não se queimou só de um lado, mas de todos, inclusive com aquelas pessoas que dizia apoiar. Elas a mandaram para fora do governo de uma forma bem feia”, declarou o ator nas ‘Páginas Amarelas’ de ‘Veja’.
Recentes notas na imprensa indicaram que Regina Duarte não pretende ter novo cargo público. Estaria decidida a retomar a carreira artística na Globo, onde atuou por 50 anos até encerrar o contrato para se aventurar no novelesco universo da política.