Uma movimentação considerada fora do padrão chamou atenção, nesta quinta-feira (11), na Superintendência da Polícia Federal (PF) em Brasília (DF), onde o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) cumpre pena de 27 anos e 3 meses de prisão pela condenação ligada à "trama golpista" para se manter no poder, conforme apontado na decisão judicial. Segundo o Metrópoles, a expectativa gira em torno de uma possível autorização do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), para que Bolsonaro deixe temporariamente o local a fim de realizar procedimentos cirúrgicos no Hospital DF Star. A defesa também reiterou o pedido de prisão domiciliar humanitária, citando o estado de saúde do ex-mandatário.
O cardiologista Brasil Ramos Caiado, integrante da equipe médica de Bolsonaro, foi visto entrando na superintendência para avaliá-lo diretamente na cela. A movimentação reforçou a possibilidade de que a análise médica seja usada para fundamentar o pedido de transferência hospitalar.
Logo no início da manhã, o deputado federal Paulo Bilynskyj (PL-SP), presidente da Comissão de Segurança Pública e Combate ao Crime Organizado da Câmara, afirmou ter cancelado a inspeção autorizada na cela do ex-presidente. No entanto, às 10h25, Bilynskyj apareceu na PF e decidiu realizar a vistoria. Em entrevista ao Metrópoles, ele declarou que a "comissão de segurança pública não vai visitar o presidente esta semana". Ele também criticou o ministro do STF, alegando que "foi uma maldade do ministro tirar a oportunidade de o presidente ver os seus familiares" ao designar a inspeção no mesmo horário destinado às visitas.
Apesar da crítica, o parlamentar voltou atrás. "Eu encaminhei o ofício para o ministro cancelando a visita, mas iremos quando ele designar outra data", disse, antes de entrar no prédio. A autorização original de Moraes, emitida dia 5, proíbe uso de celular, fotos ou gravações durante a vistoria.
Por que a inspeção na cela de Bolsonaro gerou tanta controvérsia?
A polêmica nasceu no momento em que a autorização do ministro Alexandre de Moraes coincidiu com o horário reservado às visitas familiares, o que, segundo Bilynskyj, prejudicaria Bolsonaro. O deputado argumentou que a fiscalização "não é uma visita" e não deveria interferir no tempo destinado à família. A defesa do ex-presidente, por sua vez, tenta usar a situação para reforçar o pedido de medidas humanitárias, citando a necessidade de cirurgia e as visitas médicas recentes.