As 10 melhores atuações da TV em 2025, segundo Rolling Stone

De um lixeiro atormentado a uma jornalista incendiária, de um influenciador à deriva a um médico estoico, estes são os papéis — e os atores — que roubaram nossa atenção este ano

16 dez 2025 - 13h42

Este ano na televisão nos trouxe estreias arrebatadoras (o novato Owen Cooper em Adolescência), retornos celebrados pelo público (bom te ver, Matthew Macfadyen — mesmo por trás daquela barba desgrenhada de Morte Fulminante), e o reconhecimento há muito aguardado para veteranos (e veteranas) da TV (vide: Katherine LaNasa em The Pitt). Foram 12 meses repletos de boa televisão — e de atuações verdadeiramente grandiosas que deram vida a tudo isso. A seguir, em ordem alfabética, estão as 10 melhores performances na televisão de 2025, segundo Rolling Stone.

Odessa A’zion em I Love LA, Stephen Graham em Adolescência e Rhea Seehorn em Pluribus (Fotos: Divulgação)
Odessa A’zion em I Love LA, Stephen Graham em Adolescência e Rhea Seehorn em Pluribus (Fotos: Divulgação)
Foto: Rolling Stone Brasil

Christopher Chung, Slow Horses

Roddy Ho é nojento. Ele é grosseiro, rude, sexista e todo tipo de coisa repulsiva. Já Christopher Chung como Roddy Ho, por outro lado, é um prazer singular de assistir. Esta temporada de Slow Horses colocou os holofotes sobre a atuação de Chung como o gênio da TI residente da turma da Slough House. Chung já rouba a cena logo na primeira sequência da temporada, que mostra Ho, de moletom, dançando a caminho do trabalho ao som de (claro) "Simply Irresistible", de Robert Palmer. No trajeto dançante, ele assedia várias mulheres e dá início a novos jogos de espionagem com uma experiência de quase morte — mas, mais importante, exibe os passos genuinamente impressionantes de Chung. O ator, que na vida real também trabalha como personal trainer em Londres, consegue transformar o pária mais viscoso de Slow Horses em um acontecimento absoluto sempre que aparece em cena. Roddy Ho para sempre. —Claire McNear

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Ethan Hawke, The Lowdown

Não houve personagem de televisão neste ano que parecesse uma companhia melhor do que Lee Raybon, vivido por Ethan Hawke, no noir The Lowdown, de Sterlin Harjo. Lee é um "truthstorian" autoproclamado — jornalista e dono de uma livraria que tem o hábito de se meter em encrenca por cavar fundo demais no lamaçal das conspirações locais. Hawke interpreta Lee com uma energia desleixada absolutamente contagiante. Dá para perceber como ele é, ao mesmo tempo, um incômodo e um sujeito cheio de jogo de cintura, enquanto o ator mistura seus anos de galã com as arestas ásperas de alguém que já viu de tudo. A atuação coroa um ano incrível para Hawke, que também está fenomenal em Blue Moon, de Richard Linklater, interpretando um personagem em completa oposição a Lee: o compositor de meados do século XX Lorenz Hart. —E.Z.

Michelle Williams, Morrendo por Sexo

Michelle Williams é uma das atrizes de coração mais aberto em atividade hoje, e isso fica evidente em Morrendo por Sexo, em que interpreta Molly, uma mulher com câncer em estágio 4 que deixa o marido para explorar seus desejos sexuais. Muitos outros intérpretes se concentrariam apenas na tragédia desse cenário. Em vez disso, Williams aposta no humor de Molly — seja ao descobrir que gosta de dominar homens, seja ao se perder em uma tarde de masturbação. Sim, Williams também é capaz de fazer você chorar, mas o faz com uma delicadeza impossível de replicar. Quando inevitavelmente perdemos Molly, o golpe é profundo justamente porque essa pessoa parece tão real nas mãos de Williams. Ao longo da minissérie, ela transforma Molly na sua melhor amiga. —E.Z.

Noah Wyle, The Pitt

Já houve algum ator tão completamente fundido a um personagem no imaginário público quanto Noah Wyle com o Dr. Michael "Robby" Robinavitch? Seja honesto: se você sofresse um acidente horrível com um moedor de carne em casa, esperaria plenamente que Noah Wyle aparecesse para salvar seu antebraço destroçado. E nós também. Mais do que isso: ele faria isso com toda a calma e o foco do Dr. Robby, além do coração e da gravidade de alguém que, ao longo de décadas de trabalho, já viu todo tipo de tragédia bater à porta de seu pronto-socorro. Para muitos atores, voltar a um gênero que os tornou estrelas anos antes poderia ser perigoso. Mas Wyle, veterano de Plantão Médico, está tão envolvido com os personagens e as histórias de sua nova série (ele também escreve, dirige e atua como produtor executivo) que a experiência passada só eleva ainda mais sua atuação. Noah Wyle é o Dr. Robby. Não há como separar um do outro — e esperamos que continue assim enquanto ele seguir fazendo The Pitt. —M.F.

Odessa A'zion, I Love LA

Odessa A'zion foi como um tornado de voz rouca invadindo o cinema e a televisão neste ano. No cinema, ela é um espetáculo em Marty Supreme. Na TV, é de longe o elemento mais hipnotizante de I Love LA, de Rachel Sennott — um redemoinho de caos, com cabelo indomável e uma Balenciaga roubada. A'zion interpreta Tallulah, melhor amiga e também cliente de Maia, a aspirante a empresária de talentos vivida por Sennott. Tallulah sonha em emplacar como influenciadora, mas ainda não é exatamente ambiciosa ou implacável o suficiente para estourar de vez. A'zion a interpreta com um carisma natural que deixa claro por que as pessoas se sentem atraídas por ela, mas acrescenta uma boa dose de vulnerabilidade, deixando evidente que essa garota é um pouco outsider. Ela pode ser incrivelmente bagunçada, mas é impossível não torcer por ela. Esse é o poder do rosto elástico de A'zion. —Esther Zuckerman

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Rhea Seehorn, Pluribus

Vince Gilligan tem plena consciência do poder do rosto de Rhea Seehorn — e faz um uso extraordinário dele em Pluribus, série na qual a estrela de Better Call Saul interpreta Carol Sturka, uma mulher que de repente se torna uma das poucas pessoas na Terra capazes de sentir infelicidade. A série deixa claro que Carol nunca foi exatamente alguém expansiva antes de a maioria dos habitantes humanos do planeta ser transformada em uma mente coletiva sorridente, mas o contraste entre a raiva mal contida em seus olhos e a alegria recém-descoberta dos vizinhos é poderoso. E não é apenas a fúria em ebulição que torna Seehorn excepcional; há também sua precisão cômica. Ela é nossa avatar sarcástica, carregando o ceticismo nos ombros e disparando piadas enquanto tenta entender que diabos está acontecendo neste admirável — e nada tão admirável assim — novo mundo. —E.Z.

Stephen Graham, Adolescência

Fãs do ator de Liverpool vêm ficando roucos de tanto elogiar seu trabalho no cinema e na TV britânica há anos (recomendamos fortemente que você procure não apenas as três séries de Isto é Inglaterra, que expandiram o universo de "mods e desajustados" do filme de 2006, mas também As Virtudes, sua igualmente excelente colaboração de 2019 com Shane Meadows). Ver Graham finalmente receber o reconhecimento merecido por aqui, graças a esta devastadora minissérie sobre as consequências do assassinato de um colega por um garoto de 13 anos, foi uma grande confirmação. E embora estejamos deslumbrados com as atuações — mais do que merecedoras do Emmy — de Owen Cooper e Erin Doherty naquele terceiro episódio extraordinário, é Graham quem de fato ancora este drama sobre os efeitos corrosivos da cultura incel sobre jovens homens. O momento em que ele percebe que seu filho é, de fato, culpado e recua instintivamente diante dele já é devastador por si só. Ainda assim, a forma como Graham encena a confusão, o instinto de proteção, a raiva e a tristeza genuína desse pai diante do que aconteceu com o filho é a espinha dorsal emocional de toda a obra. O colapso construído ao longo do tempo no final é suficiente para deixar qualquer um em frangalhos e em lágrimas. —David Fear

Tom Pelphrey, Task: Unidade Especial

Muita gente provavelmente conheceu Tom Pelphrey por seu arco de uma temporada em Ozark — sua interpretação de um irmão perdido em uma espiral descendente continua sendo o ponto alto da série. Na continuação de Mare of Easttown criada por Brad Ingelsby, ele tem a chance de realmente mostrar todo o seu talento, vivendo um trabalhador da limpeza urbana cujo bico é assaltar casas usadas para tráfico com um pequeno grupo na região de Delco, na Pensilvânia. Há um componente pessoal nessa onda de crimes do personagem Robbie Pendegrast, que envolve sua família e uma antiga pendência a ser resolvida; tudo fica ainda mais complicado quando uma das invasões dá terrivelmente errado e ele precisa levar o filho de uma vítima para dentro de seu lar já caótico. Pelphrey transforma esse criminoso moralmente conflituoso em uma contradição ambulante, capaz de demonstrar tanto uma ternura impressionante quanto violência. O que realmente faz seu trabalho se destacar é a precisão com que ele retrata a compartimentalização de alguém que precisa equilibrar vingança e sobrevivência, laços emocionais e fúria justificada. É uma das atuações menos afetadas e, ao mesmo tempo, mais complexas que vimos em um drama de prestígio da TV a cabo em anos. E mantenha os lenços por perto para sua participação no elogiado Episódio Seis. —D.F.

Tramell Tillman, Ruptura

Tramell Tillman já havia sido um dos grandes destaques da primeira temporada da comédia distópica de ambiente corporativo da Apple TV+ — para sempre associado à expressão "defiant jazz". A segunda temporada, no entanto, é onde Tillman consegue acrescentar novas camadas ao sorridente capataz corporativo Seth Milchick. Ele deixa transparecer as fissuras na armadura à medida que Milchick começa a questionar tanto os métodos da Lumon Industries quanto o teto profissional contra o qual começa a bater. Ao final, ele se vê preso tanto no banheiro do escritório quanto em uma prisão criada por ele mesmo. Tillman ainda tem seus momentos de cena arrebatadores — a sequência da banda marcial é matadora. Mas a cena à qual sempre voltamos está no Episódio Três, quando Milchick recebe uma série de pinturas pensadas para fazê-lo se sentir parte da mitologia fundacional da Lumon. Seu murmurado "Oh, my" fala mais alto do que qualquer grito de angústia. Séculos de história social se desenrolam em miniatura nas trocas de Tillman com sua parceira de cena, Sydney Cole Alexander. O ator simplesmente encarna a dignidade amassada e a cascata de emoções reprimidas que Milchick — e milhares de trabalhadores em situações semelhantes — sentiriam. Em seguida, ele volta ao trabalho. —D.F.

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Will Sharpe, Too Much

Em uma série que muitas vezes foi exatamente aquilo que o título prometia, Will Sharpe saltou da tela como um verdadeiro exemplo de nuance e sutileza. Seu músico indie Felix, namorado da expansiva Jessica (Megan Stalter), é um ser humano plenamente realizado, e não apenas um "manic pixie dream guy" — doce sem ser submisso, reservado, mas confiante, distante e ainda assim afetuoso. Sharpe interpreta os momentos de sinceridade com um certo fio de tensão, imbuindo Felix de inteligência e vulnerabilidade que espreitam por trás de seu olhar. Em quase todas as cenas, ele oferece ao espectador um raro respiro em meio às histerias de Jess. Antes mais conhecido por sua participação na segunda temporada de The White Lotus como Ethan, o marido "tech bro" da Harper (Aubrey Plaza), e por viver um guia turístico na comédia dramática indicada ao Oscar A Verdadeira Dor, de Jesse Eisenberg, o ator londrino provou com Too Much que consegue sustentar uma série — mesmo quando ela não gira em torno dele. —Maria Fontoura

Rolling Stone Brasil
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