Um episódio inusitado marcou a visitação ao Centro Pompidou de Metz, na França, no último sábado, 12. Um visitante comeu uma banana que fazia parte da obra Comedian, do artista italiano Maurizio Cattelan --uma instalação avaliada em milhões de dólares. A informação foi confirmada pela instituição na sexta-feira, 18, em comunicado à agência AFP.
"A equipe de vigilância interveio com rapidez e serenidade, de acordo com os procedimentos internos", informou o museu, localizado na cidade de Metz, no leste do país.
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A obra, que consiste em uma banana presa com fita adesiva a uma parede, foi reinstalada minutos após o incidente. "Como a fruta é perecível, é substituída regularmente de acordo com as instruções do artista", acrescentou o museu. O episódio, portanto, "não alterou em absoluto a integridade da obra", segundo os responsáveis pela exposição.
Maurizio Cattelan, conhecido por suas criações provocativas, lamentou o ocorrido. "O visitante confundiu a fruta com a obra de arte", afirmou, segundo o próprio Centro Pompidou.
Ainda de acordo com o museu, o visitante "limitou-se a consumir a fruta", sem comer a casca nem a fita adesiva. Segundo o jornal francês Le Républicain Lorrain, nenhuma denúncia foi apresentada.
Comedian ganhou notoriedade desde sua estreia na Art Basel de Miami, em 2019. Na ocasião, outra pessoa também comeu a banana - à época avaliada em US$ 120 mil (R$ 670 mil) - como forma de protesto.
A proposta de Cattelan é uma crítica à mercantilização da arte. A instalação é composta por um caderno de 14 páginas com instruções para sua montagem e um certificado de autenticidade. Em termos práticos, a obra é criada ao se colar uma banana na parede com fita adesiva prateada. A primeira, inclusive, foi comprada por 25 centavos de dólar em um quiosque de Manhattan.
A obra já foi vendida por US$ 6,2 milhões (R$ 34,6 milhões) em um leilão realizado em Nova York. Na ocasião, o empreendedor de criptomoedas Justin Sun, fundador da empresa Tron, descascou a banana e a degustou na frente das câmeras.
"É muito melhor do que as outras bananas", disse, ironicamente. A provocação é parte central da obra: mais do que o objeto em si, a crítica está na forma como a arte é percebida, consumida e valorizada no mercado.
Apesar do ocorrido em Metz, o Pompidou assegurou que a exposição segue normalmente.