Peruano Mario Vargas Llosa é o vencedor do Nobel de Literatura

7 out 2010 - 08h10
(atualizado às 09h44)

O escritor peruano Mario Vargas Llosa foi anunciado nesta quinta-feira (7) como o vencedor do Prêmio Nobel de Literatura de 2010.

O título é escolhido por membros da academia sueca e dá um prêmio de 10 milhões de coroas suecas, algo em torno de R$ 3 milhões.

O favorito ao Nobel deste ano era o escritor e poeta sueco Transtromer, mas o autor de obras como A Cidade e Os Cachorros, (1963), A Casa Verde (1966) e Tia Júlia e o Escrevinhador(1977), entre outras, levou a melhor.

Outros literários importantes, entre eles Philip Roth, Cormac McCarthy, o queniano Ngugi wa Thiong'o e o Haruki Murakami, ficaram de fora da competição.

Vargas Llosa é conhecido por sua biografia crítica contra a hierarquia de castas sociais e raciais e teve ativa participação política em seu país.

O comitê lhe concedeu o prêmio "por sua cartografia das estruturas do poder e seu reflexo agudo da resistência do indivíduo, de sua revolta e seu fracasso", justificou a Academia.

O escritor nasceu no Peru, no dia 28 de março de 1936, e recebeu a nacionalidade espanhola em 1993, três anos após ser derrotado nas eleições presidenciais de seu país.

Ele foi um dos protagonistas do chamado "boom latinoamericano", junto com outros grandes nomes, como o colombiano Gabriel García Marquez, o argentino Julio Cortázar e os mexicanos Carlos Fuentes e Juan Rulfo.

Admirado por sua descrição das realidades sociais, no plano político seu posicionamento favorável à direita causou hostilidade no meio intelectual, que tende majoritariamente à esquerda.

"Os latinoamericanos são sonhadores por natureza e têm problemas para diferenciar o mundo real e a ficção. É por isso que temos tantos bons músicos, poetas, pintores e escritores, e também tantos governantes horríveis e medíocres", disse o escritor em um encontro com intelectuais.

Nascido em Arequipa, localizada no sul do Peru, em uma família de classe média, Vargas Llosa foi educado por sua mãe e avós maternos em Cochabamba (Bolívia) e depois em seu país. Após estudar na Academia Militar de Lima, obteve uma licenciatura em Letras e ainda muito jovem deu seus primeiros passos no jornalismo.

Ele se mudou para Paris pouco tempo depois, onde se casou com sua tia, Julia Urquidi, 15 anos mais velha que ele - que o inspirou na obra La Tía Julia y el Escribidor. Llosa exerceu diversas profissões: tradutor, professor de espanhol e jornalista da Agência France-Presse (AFP).

Anos mais tarde se separou de sua mulher e se casou com sua prima-irmã Patricia Llosa, com quem teve três filhos.

Sua extensa carreira literária despontou em 1959, quando publicou o primeiro livro de histórias, Los Jefes, com o qual obteve o prêmio Leopoldo Alas. Mas ganhou notoriedade com a publicação do romance La ciudad y los Perros, em 1963, seguido três anos depois de La Casa Verde. Seu prestígio foi consolidado com o romance Conversación en la Catedral, em 1969.

Entre os livros mais recentes estão La Fiesta del Chivo (2000), El Paraíso en la Otra Esquina (2003) e Travessuras de la Niña Mala (2006), seu último romance publicado.

Escreveu textos para o teatro, onde há dois anos estreou o espetáculo em Madri Al pie del Támesis.

Com sua obra traduzida em 30 idiomas, Vargas Llosa foi laureado com os prêmios Cervantes, Príncipe de Asturias das Letras, Biblioteca Breve, Crítica Espanhola, Prêmio Nacional de Romance do Peru e Rómulo Gallegos.

Na política, foi de apoio entusiasta (e posterior rejeição) à revolução cubana e a posições conservadoras nos anos 80, que defendeu quando se candidatou à presidência do Peru em 1990. Ele estava prestes a ser eleito, mas acabou desbancado pelo desconhecido agrônomo Alberto Fujimori, que venceu as eleições.

Teve uma estreita amizade com o escritor colombiano Gabriel García Marquez, que terminou brutamente em um incidente confuso, que ambos preferiram não se pronunciar.

A plenitude de Vargas Llosa reconhecida em sua vida literária serve de contraste para as frustrações que viveu em sua trajetória política. Após seu fracasso nesse campo, voltou para as letras, de onde nunca deveria ter saído.

"Escrever é um trabalho que requer perseverança, horários, impor uma disciplina e respeitá-la, creio que isso seja fundamental. A razão pela qual me submeto com tanta facilidade a essa disciplina em meu trabalho é porque não tenho a sensação de que isto seja um trabalho, mas sim um prazer", disse o escritor, que pretende manter-se na ativa até o último dia de sua vida.

(Com agências internacionais)

A notícia de que Mario Vargas Llosa levou o prêmio saiu na manhã desta quinta-feira (7)
A notícia de que Mario Vargas Llosa levou o prêmio saiu na manhã desta quinta-feira (7)
Foto: AP
Fonte: Redação Terra
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