Na Inglaterra, dia 5 de novembro é um feriado anti-católico

Conheça a história de Guy Fawkes e entenda o que Alan Moore tem a ver com isso

4 nov 2023 - 06h30
Na Inglaterra, dia 5 de novembro é um feriado anti-católico
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Todo dia 5 de novembro a Inglaterra, Austrália, Nova Zelândia e outros países que fizeram parte do império britânico fazem grandes fogueiras e estouram fogos de artifício. É o Guy Fawkes Day, ou Bonfire Day (dia da fogueira).

A celebração inclui fazer o boneco de um homem e destruir ele, como no Brasil existe a tradição de “malhar o judas”. Depois a galera bota fogo nele, canta canções tradicionais, estoura fogos de artifício, e toma todas.

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Foi em 1605 que um grupo de conspiradores católicos tentou explodir a elite da Inglaterra.

Eles colocaram oitocentos quilos de pólvora no porão do Palácio de Westminster, na cerimônia de abertura do parlamento.

O plano era explodir tudo e derrubar o teto na cabeça de todos os parlamentares e mais o rei James I e sua família.

Não deu certo o plano, que ficou conhecido como Conspiração da Pólvora.

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Guy Fawkes tinha 16 anos quando decidiu trair seu país. Porque a Inglaterra vivia sob um rei protestante, que reprimia violentamente quem não fosse.

Puritanos e católicos eram tratados como rebeldes e esmagados.

Mas demorou vinte anos para ele tentar matar o rei. Nessas duas décadas, ele foi na maior parte do tempo, soldado.

Católico, durante dez anos lutou pela Espanha, arquiinimiga da Inglaterra. Enfrentou inclusive as tropas do “nosso” Maurício de Nassau, o invasor holandês de Pernambuco. Aprendeu muito sobre explosivos.

Quando chegou a hora, era o homem que os conspiradores precisavam para detonar o Parlamento. Mas Guy foi pego, pouco depois da meia noite do dia 5 de novembro de 1605.

E a história é escrita pelos vencedores.

Naturalmente, ele não pensava que era um traidor. Ele tinha convicção de que lutava pela liberdade. Matar toda a aristocracia do país era a coisa certa a fazer.

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Tanto, que resistiu três dias sob tortura sem revelar quem eram os outros conspiradores. Só quando soube que eles já tinham sido revelados, confirmou o plano e nomeou todos eles.

Quer saber qual era a punição para traição? Chama-se “hanged, drawn and quartered”. Foi como morreu William Wallace. Assistiu “Coração Valente”?

Primeiro você é enforcado, quase até a morte.

Depois, eviscerado e emasculado. O carrasco te arranca à faca pênis, testículos e vísceras.

Ele tem que ser bem rápido, porque é fundamental queimar essas partes aos olhos da vítima – enquanto ela ainda vive.

Já morto, o corpo é esquartejado.

Cabeça e os quatro membros são colocados em estacas em pontos diferentes da cidade e deixados para apodrecer, para que toda a população percebesse o que acontecia com traidores.

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Agora, quer saber como Guy Fawkes morreu?

Muito fraco depois de ser torturado, ele foi o último dos conspiradores a ser levado para a forca. Subiu lentamente os degraus.

O carrasco colocou a corda sobre o seu pescoço e puxou o nó. Guy Fawkes pulou lá de cima. A forca quebrou seu pescoço instantaneamente.

Se você acha que um governo que faz isso com seus inimigos merece ser explodido, não está sozinho.

Foto: Montagem Homework

Para algumas pessoas, Guy Fawkes se tornou um símbolo de rebelião contra um estado opressor. Anarquistas ingleses foram os primeiros a reabilitar Fawkes. Um pôster famoso dos anos 70 proclamava, “Guy Fawkes – o último homem honesto a entrar no Parlamento”.

Foi um anarquista dos dias de hoje quem mais contribuiu para Guy Fawkes se tornar um símbolo mundial de rebeldia. É o escritor Alan Moore, e explico esta conexão neste vídeo.

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(*) André Forastieri é jornalista e empreendedor, fundador de Homework e da agência Compasso, e também realiza mentorias com profissionais e executivos. Saiba mais andreforastieri.com.br.

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