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Únicos brasileiros do Bolshoi voltam ao País com balé russo

Bailarinos contam como entraram numa das mais famosas companhias de balé do mundo

16 jun 2015 - 09h00
(atualizado às 14h42)

A história de Erick Swolkin e Bruna Gaglianone, ambos com 24 anos, seguramente daria um ótimo enredo para uma peça. Os dois bailarinos superaram dificuldades e, hoje, trabalham em um dos balés mais respeitados do mundo, o Bolshoi, que faz apresentações no Brasil neste mês.

Erick Swolkin e Bruna Gaglianone encenam peça do tradicionalíssimo Balé do Teatro Bolshoi
Erick Swolkin e Bruna Gaglianone encenam peça do tradicionalíssimo Balé do Teatro Bolshoi
Foto: Arquivo Pessoal

Ela nasceu em Caxias, no interior do Maranhão. Antes de completar nove anos, mudou-se para a capital onde começou seus estudos de balé. Incentivada por sua professora, participou da seleção da Escola do Teatro Bolshoi, onde foi aprovada em primeiro lugar, aos doze anos. “Até então gostava de Ginástica Olímpica. Escolhi a dança porque vi que em meu Estado não havia incentivo para treinamento de atletas”, revela Bruna.

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Em Joinville, quando adolescente, garantiu a continuidade de seus estudos ao receber bolsa para completar a formação que dura oito anos. “Foi só depois do Prêmio Galina Ulanova que realmente percebi que queria o balé na minha vida”, confessa ela, que integrou a companhia de dança da Escola até o dia em que recebeu o comunicado para ir a Moscou.

Já Erick Swolkin nunca havia imaginado escolher o balé como profissão. Até que um dia, quando tinha quatorze anos, durante uma aula, ele viu um vídeo do russo Vladimir Vasiliev dançando “Spartacus” e se encantou. Participou também da seleção em Joinville, onde completou a formação como bailarino. “Pensei em desistir. A vida de balé não é fácil. E, para meninos, o preconceito era e ainda é muito grande”, relata.

Na época, Swolkin pode contar com a presença dos pais, moradores da zona rural da cidade catarinense. Bruna enfrentou a saudade e a distância da família que permaneceu em São Luís e fazia “milagres” para que o baixo salário financiasse a permanência dela nos estudos. Erick, que nasceu em São Paulo, superou a fase difícil e tornou-se também membro da companhia de dança da Escola Bolshoi por três anos. Até que um dia também  recebeu o tal comunicado para ir a Moscou.

Pagode russo

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Em 2011, o Teatro Bolshoi, fundado em 1825, decidiu pela primeira vez receber candidaturas de bailarinos de outras nacionalidades que não fosse a russa. Bruna e Swolkin enviaram seus vídeos que resultaram no convite para participarem de uma seletiva no mês de julho daquele ano. “Era verão. Fazíamos aula, assistimos ensaios, passeamos pelos parques. Tudo muito agradável’, relembra Swolkin

Os dois brasileiros estranharam as diferenças, mas admiram a disciplina dos russos
Foto: Arquivo Pessoal

Bruna diz que o começo foi muito difícil. “Como diz uma música russa, ‘nada acontece imediatamente, em Moscou tudo demora pra acontecer’”, ilustra ela. A permissão de trabalho demorou e os dois ficaram quatro meses sem receber salário. “A documentação é uma condição para recebermos. Contamos com o apoio das nossas famílias no Brasil”, conta Swolkin, lembrando que foram morar na quarta cidade mais cara do mundo. “Alugamos um apartamento de 40m² que fica afastado do centro por cerca de R$ 3.500”, relata.

O salário que recebem equivale a R$ 1.500, além de um bônus por cada apresentação. Eles contam que, se algum acidente de trabalho ocorre, eles recebem atendimento. Se machucarem fora do trabalho ou por excesso de esforço, não recebem pelos dias de afastamento. “Já fiquei dois meses parada e sem receber por causa de uma bursite no tendão de Aquiles”, diz Bruna, revelando suas dificuldades no país estrangeiro.

Apesar do frio, da variação de humor por lá e também da disciplina dos russos, eles contam que tiveram sorte, pois ficaram apenas um ano aguardando para poder pisar os palcos. “Em média, um bailarino espera por quatro ou cinco anos”, diz Swolkin. Bruna conta que o maior momento de glória foi ter participado da reabertura do teatro, após seis anos fechado para reformas. “Foi incrível nosso primeiro espetáculo”, relembra ela.

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A rotina, segundo eles, se resume às atividades do teatro, onde fazem aulas, ensaios e as apresentações de terça a domingo. Os artistas participaram ainda de turnês pela Austrália, Singapura, Reino unido, EUA, Hong Kong e Japão. Com cerca de 300 bailarinos, a concorrência é grande. “Temos sempre que mostrar trabalho e provar que podemos fazer os papéis”, ressalta Bruna.

Ela e Swolkin são os primeiros brasileiros dentre cinco estrangeiros a ingressar no tradicional balé russo, onde Bruna sabe que a carreira é de vinte anos. “Depois disto, podemos nos aposentar. Não temos uma data para voltar. Temos muito a aprender e crescer”, reconhece ela.

Tanto amor pela dança acabou por despertar uma paixão entre os dois, quando ainda moravam em Santa Catarina. “Éramos muitos amigos. No dia do meu aniversário, em 2008, ele pediu aos meus pais para me namorar e estamos juntos até hoje”, recorda Bruna.

Eles só reencontram a família anualmente, durante suas férias. Mas, se falam todos os dias pela internet. E, para suportarem a distância, dizem contar com a admiração à disciplina russa, além de garra e alegria de viver. “Muitas vezes perguntaram o que tomávamos para estarmos sempre tão alegres e simplesmente respondíamos ‘somos brasileiros’”, brincam os dois.

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Balé do Teatro Bolshoi

Rio de Janeiro

Theatro Municipal do Rio de Janeiro

“Spartacus”

17 a 19 de junho

“Giselle”

20 e 21 de junho

São Paulo

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Teatro Bradesco 

“Spartacus”

24, 25 e 26 de junho

“Giselle”

27 e 28 de junho

Os ingressos custam entre R$ 50 e R$ 450.  Informações sobre os espetáculos no Rio de Janeiro podem ser obtidas pelo site www.ingresso.com ou pelo telefone 4002-0019. Em São Paulo, acesse o site www.ingressorapido.com.br ou ligue para 4003-1212.

Fonte: Cross Content
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