A internet acha que Taylor Swift copiou essas músicas. Mas será que copiou mesmo?

Um musicólogo forense opina sobre algumas das comparações que estão sendo feitas em 'The Life of a Showgirl'

10 out 2025 - 11h38

Taylor Swift lançou seu 12º álbum, The Life of a Showgirl, na semana passada — e antes mesmo de completar um dia no ar, ouvintes já estavam apontando semelhanças entre as novas faixas e músicas de outros artistas. As comparações eram inofensivas no início, mas algumas rapidamente evoluíram para acusações explícitas de plágio musical. Entre as músicas citadas estão a faixa-título do álbum, a provocativa "Actually Romantic" e "Wood", inspirada em Travis Kelce.

Swift alcança novo pico artístico em The Life of a Showgirl, seu 12º álbum, com sonoridade renovada, narrativas incisivas e colaboração com Max Martin
Swift alcança novo pico artístico em The Life of a Showgirl, seu 12º álbum, com sonoridade renovada, narrativas incisivas e colaboração com Max Martin
Foto: Kevin Winter/TAS24/Getty Images for TAS Rights Management / Rolling Stone Brasil

"A internet adora bancar o detetive, não é?", diz o musicólogo forense e professor do Berklee College of Music, Dr. Joe Bennett, à Rolling Stone. "Mas a semelhança por si só não é evidência de influência — muito menos de violação de direitos autorais. Semelhanças parciais e coincidentes são muito mais comuns do que as pessoas imaginam — e casos reais de compositores copiando uns aos outros são muito menos frequentes do que se pensa."

Publicidade

Dr. Bennett observa que a música popular é uma "forma de arte limitada", em que a maioria das canções tem "um tempo fixo, uma faixa de tons vocais restrita, permanece na tonalidade principal e se baseia em progressões de acordes repetitivas", explica. "É claro que, ocasionalmente, você vai encontrar sobreposições sutis."

Após a onda de comparações sonoras entre as novas músicas de Swift e faixas mais antigas, alguns internautas chegaram a pedir ações judiciais para defender os artistas que acreditam ter sido copiados. (Um representante de Swift preferiu não comentar.) Mas, segundo Dr. Bennett, não há muito fundamento em nenhuma das comparações melódicas mais populares. A seguir, ele explica o porquê.

"The Life of a Showgirl" vs "Cool", dos Jonas Brothers

https://www.youtube.com/watch?v=KJ6BF84wDTs

Para Dr. Bennett, essa é um falso alarme. Ao ouvir com atenção, fica claro que "a maioria das notas é diferente e as progressões de acordes são completamente distintas". O que muitos provavelmente estão percebendo são as semelhanças no tom e no andamento usados por ambos os artistas.

Publicidade

"Eu as descreveria como objetivamente diferentes, e é perfeitamente possível que duas equipes de composição distintas tenham chegado a essas escolhas melódicas de forma independente", afirma. "A maioria das notas se baseia nas três primeiras da escala maior — literalmente, dó-ré-mi. Coincidências melódicas acontecem."

"Actually Romantic" vs "Where Is My Mind", do Pixies

https://www.youtube.com/watch?v=dFtOrwROs7k

"No caso de 'Actually Romantic', a única semelhança é a progressão de acordes (E C#m G# A) e o centro tonal (Mi maior)", explica. "Não há similaridades na melodia principal, na letra ou em qualquer outra parte da composição. Mas, inevitavelmente, músicas que usam a mesma progressão de acordes soam subjetivamente parecidas." O professor de Berklee ressalta que, embora essa progressão específica — I-vi-III-IV (1 maior, 6 menor, 3 maior, 4 maior) — não seja muito comum, também não é totalmente única. "Além dos Pixies, encontrei a mesma progressão em músicas de Ellie Goulding, Arctic Monkeys, Demi Lovato e outros. A própria Taylor adora reutilizar progressões conhecidas, mas sempre cria algo completamente original a partir delas."

"Wood" vs "I Want You Back", do Jackson 5

Para Dr. Bennett, essa é a acusação menos consistente. "Todo guitarrista funk conhece riffs como esse", diz ele. Ele acrescenta que várias músicas populares do auge da era disco e funk apresentam os mesmos elementos de produção e estruturas musicais que Taylor e seus coprodutores Max Martin e Shellback utilizaram, como "September" e "Shining Star", do Earth, Wind & Fire, "Don't Stop 'Til You Get Enough", de Michael Jackson, "Jive Talkin'", dos Bee Gees, e "Boogie Oogie Oogie", do A Taste of Honey.

Assim como nas outras comparações, Dr. Bennett não vê motivo para que Swift acrescente créditos de interpolação em suas músicas. "Ela está apenas usando elementos musicais comuns e se divertindo com recursos de produção", explica. "Quando Taylor decide interpolar o trabalho de outro artista, ela faz isso de forma intencional e com os devidos créditos. Veja 'Look What You Made Me Do' e 'Father Figure'."

Publicidade

+++LEIA MAIS: O que está acontecendo com os supostos vídeos de IA de Taylor Swift?

Rolling Stone Brasil
Curtiu? Fique por dentro das principais notícias através do nosso ZAP
Inscreva-se