Um data center não é exatamente um monumento ao futuro, ou algo que gera polêmica naturalmente, mas um deles tem se tornado personagem central de uma disputa sobre pontos de vistas diferentes. Durante um evento em Fortaleza, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva apresentou o megaprojeto do TikTok no Ceará como símbolo de soberania digital, prosperidade e até independência tecnológica. O problema? Para quem acompanha de perto o licenciamento ambiental e os incentivos fiscais do empreendimento, o discurso presidencial não colou, como também mascara riscos concretos para o estado e para suas comunidades.
O Idec (Instituto de Defesa do Consumidor) divulgou um posicionamento contundente após as falas de Lula. Para a organização, o presidente distorce a natureza real do projeto ao sugerir que o data center impulsionaria pesquisa, inovação ou formação de especialistas brasileiros. Nada disso está previsto. Na prática, trata-se de uma obra gigante, feita para abrigar equipamentos de uma empresa estrangeira e responder à lógica de expansão global da plataforma.
E enquanto o governo celebra o suposto salto tecnológico, o empreendimento avança sobre território, recursos naturais e benefícios fiscais generosos. Sim: o TikTok não pagará os impostos que, em tese, deveriam reforçar orçamentos de educação, ciência e tecnologia — áreas que realmente constroem capacidade intelectual e inovação no país. É o tipo de contradição que faz o discurso soar mais como marketing político do que como ...
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