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Entre plantas e animais, estas criaturas limitam efeito de onda de calor

Parte do plâncton, um grupo de estranhas criaturas limita os piores efeitos adversos provocados pelas ondas de calor no oceano, mantendo o ecossistema vivo

17 abr 2024 - 21h43
(atualizado em 18/4/2024 às 12h21)

Minúsculas criaturas oceânicas, que possuem tanto características de plantas quanto de animais, podem ser a saída para evitar os piores efeitos colaterais das ondas de calor no mar. De uma forma surpreendente, os biólogos descobriram que os mixotróficos conseguem manter o ecossistema minimamente equilibrado, reduzindo o risco de morte em massa de peixes, mamíferos e aves, quando há aumento das temperaturas.

Foto: NOAA/Unsplash / Canaltech

Esses seres vivos classificados como mixotróficos, independente do gênero e da espécie, são bastante peculiares. Isso porque são autotróficos, como as plantas, e produzem o próprio alimento a partir da energia obtida pela luz. 

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No entanto, eles também são heterótrofos, como os animais, já que conseguem se alimentar de outros organismos para obter a energia. Basicamente, podem se manter alimentados a partir de quase tudo, o que dá a eles uma boa chance de sobrevivência quando faltam presas (plânctons unicelulares) ou luz solar.

No mar, os mixotróficos compõem parte daquilo que é conhecido como fitoplâncton oceânico e, como tal, são a base da cadeia alimentar da maioria dos ecossistemas marinhos. Enquanto eles se proliferaram — a boa notícia é que eles são especialistas em obter comida e sobreviver —, não deve faltar fonte de alimentos para as criaturas maiores, como crustáceos copépodes e krill (semelhante a um camarão em miniatura). Estes alimentam outros seres mais complexos e, com isso, os danos em casos de desequilíbrio ambiental são contidos.

Ondas de calor no Pacífico

Publicado na revista Aquatic Microbial Ecology, um novo estudo analisou os efeitos das ondas de calor nas águas ao longo da costa do Pacífico da América do Norte, próximo ao Alasca, por mais de 10 anos. 

Pequenas criaturas do oceano, que compõem o fitoplâncton, reduzem os efeitos das ondas de calor (Imagem: Max Gotts/Unsplash)
Foto: Canaltech

Segundo os biólogos e pesquisadores da Universidade Western Washington, em 2014, a área foi atingida por um aquecimento da temperatura duradouro, que se prolongou por dois anos. Em 2019, novas ondas de calor foram observadas.

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Com o aumento da temperatura chegando ao recorde de 2,4 °C acima do normal, mortes em massa ocorreram na região, afetando centenas de milhares de peixes e aves. A atividade de pesca precisou ser interrompida. No entanto, os autores defendem que a situação teria sido muito pior, caso as espécies mais adaptadas de mixotróficos não tivessem se proliferado,

Efeito dos microorganismo oceânicos

Nesse intervalo de uma década, os pesquisadores avaliaram como se comportava a população dos organismos mixotróficos — incluindo de diferentes gêneros, como Mesodinium, Strombidium, Gymnodinium e Tripos.

Durante as ondas de calor, essas criaturas passaram a constituir a maior parte do fitoplâncton na região, o que demonstra que elas foram capazes de se adaptar à nova realidade, diferente de muitas espécies e subvertem a regra geral.  

No período, elas também desempenharam o importante papel de impedir um aumento incontrolável da estratificação — a formação de camadas com diferentes densidades e propriedades — da água do oceano. Quando isso acontece, algumas camadas podem se tornar pobres em oxigênio, prejudicando a vida de peixes, plantas e outros organismos.

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Se o processo tivesse alcançado o máximo potencial, isso representaria a morte de todo o ecossistema marinho, mas este aparentemente foi salvo, apesar dos prejuízos, pelos mixotróficos.

Fonte: Aquatic Microbial Ecology  

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