Por que nossas fotos da lua geralmente ficam horríveis

A Lua está deslumbrante… então por que nossa foto fica tão ruim? Aqui estão algumas dicas que vão te ajudar a capturar a superlua

5 dez 2025 - 05h06
O principal problema ao fotografar a Lua à noite é a superexposição à luz, segundo Michael Brown, professor associado de astronomia da Universidade Monash, na Austrália
O principal problema ao fotografar a Lua à noite é a superexposição à luz, segundo Michael Brown, professor associado de astronomia da Universidade Monash, na Austrália
Foto: Sheikh Saif/BBC / BBC News Brasil

Se você tiver sorte e pegar o céu limpo no final desta semana, poderá ver uma superlua grande e brilhante, com todos os seus detalhes deslumbrantes no céu noturno.

O fenômeno é visível a olho. Mas, ao tentar fotografá-lo com um smartphone, é provável que a imagem saia borrada.

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Isso não significa necessariamente que você tenha habilidades fotográficas ruins. Existem explicações para a dificuldade de capturar a Lua com celulares.

Ainda assim, algumas dicas podem melhorar consideravelmente os resultados.

Efeito borrado na Lua

O principal problema ao fotografar a Lua à noite é a superexposição à luz.

"Frequentemente, vemos a Lua pequena em um fundo muito escuro, então o celular tenta fazer uma foto para noite", diz Michael Brown, professor associado de astronomia da Universidade Monash, na Austrália.

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Mas estamos fotografando o lado iluminado pelo Sol, ou seja, é dia naquele ponto da Lua. Surge, então, o borrão brilhante e superexposto. Uma alternativa simples é registrar a Lua antes que escureça.

Se deixado nas configurações automáticas, o celular costuma superexpor a Lua à noite; tirar a foto durante o dia ajuda, mas a Lua ainda pode parecer minúscula
Foto: BBC News Brasil

No entanto, a Lua cheia fica no lado oposto da Terra em relação ao Sol, e raramente aparece antes do pôr do sol. Para capturar a superlua, o ideal é tentar logo após o crepúsculo.

Segundo o guia de fotografia lunar da Nasa, o crepúsculo é o momento ideal porque o celular não precisa lidar com tanto contraste entre a Lua e o céu. Objetos em primeiro plano também ficam visíveis.

Mas, se você quer fotografar a Lua à noite, é possível reduzir a exposição de diferentes formas.

Uma superlua pode ser mais brilhante do que o habitual, tornando ainda mais importante evitar a superexposição
Foto: BBC News Brasil

Brown explica que existem aplicativos para fotografia noturna que você pode baixar e que vão tirar uma foto da Lua com a exposição correta.

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Também é possível fazer manualmente, bloqueando a exposição automática do celular e ajustando para baixo.

Em celulares com câmeras com modo profissional, é possível alterar dois componentes da exposição: ISO (sensibilidade do sensor à luz) e velocidade do obturador (tempo de abertura do obturador).

"Faça alguns testes para ver o que funciona melhor para o seu equipamento", aconselha Brown, da Monash.

Por que a Lua parece tão pequena na foto?

Apesar de parecer grande a olho nu, a Lua pode sair minúscula na foto.

Isso pode ser causado pela chamada "ilusão lunar", que engana os olhos fazendo a Lua próxima ao horizonte parecer maior do que realmente é. Ninguém sabe exatamente o motivo, mas pode estar relacionado à distância que o cérebro espera de um objeto no horizonte. Ou talvez árvores e prédios estejam fazendo a Lua parecer enorme, em comparação.

Fotógrafos podem simular a ilusão lunar posicionando a Lua próxima a um objeto em primeiro plano que também esteja distante e, em seguida, dando zoom em ambos, fazendo a Lua parecer muito maior do que realmente é
Foto: Reuters / BBC News Brasil

Brown alerta para o design das câmeras de celular, que são eficientes para paisagens amplas ou selfies de perto, mas não para objetos pequenos e distantes.

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Se você pensar no céu de leste a oeste como 180 graus, a Lua ocupa apenas 0,5 grau.

"Algumas [câmeras de celular] têm modos que permitem capturar quase 90 graus em uma única foto. A Lua acaba sendo só alguns por cento da imagem… pode ter apenas 50 pixels de largura", explica o astrônomo.

Cuidado ao usar o zoom

Então a solução é dar zoom, certo? Nem sempre.

A maioria das câmeras de celulares usa zoom digital, que apenas recorta a imagem e deixa a foto mais desfocada. Isso não ajuda muito.

Mas alguns modelos de celulares avançados possuem zoom óptico, ferramenta que aumenta a distância focal da lente — como em uma câmera compacta ou DSLR (com lentes intercambiáveis) — e revela mais detalhes. Esse é o tipo de zoom ideal, se disponível.

Caso não tenha, é possível usar lentes de zoom acopláveis ao celular ou apoiar o telefone em um telescópio, segurando-o junto à ocular. Mesmo um telescópio pequeno e barato pode produzir fotos da Lua com centenas de pixels, mostrando crateras e outros detalhes, explica Brown.

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Um telescópio iniciante de 60 mm já consegue revelar crateras na Lua (à esquerda), enquanto um telescópio maior, de 25 cm, revelará ainda mais detalhes (à direita)
Foto: Michael Brown/Sonia Turkington / BBC News Brasil

O zoom amplifica qualquer tremor da câmera, por isso é recomendado usar tripé ou apoiar o celular em superfície estável.

Para evitar movimentos ao pressionar o obturador, use o temporizador, modo de visualização ao vivo ou o botão de volume de fones de ouvido com fio como controle remoto.

Seja criativo

Se não tiver zoom óptico e precisar se contentar com uma Lua minúscula, ainda é possível tornar a foto mais interessante.

"Você pode criar uma justaposição com algo interessante [em primeiro plano]", sugere Brown.

Na verdade, Bill Ingalls, fotógrafo sênior da Nasa, alerta contra fotografar apenas a Lua. "Todo mundo vai tirar essa foto", diz ele em artigo no site da Nasa. "Pense em como tornar a imagem criativa… qualquer elemento que dê senso de lugar à sua foto."

Independentemente da câmera usada, especialistas recomendam fazer uma foto criativa, enquadrando a Lua junto a um objeto interessante em primeiro plano
Foto: Nasa/Bill Ingalls / BBC News Brasil

Mas vamos admitir, nem todos conseguirão resultados profissionais. Brown observa que alguns celulares usam inteligência artificial para melhorar fotos da Lua, criando expectativas irreais sobre o que é possível com uma pequena lente.

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Se quiser manter a autenticidade, mas não tiver equipamento avançado, talvez seja melhor explorar os pontos fortes do celular.

"A capacidade de detectar objetos pouco luminosos é muito boa", afirma Brown, da Monash. "Pense em outras coisas que você possa fotografar, onde o amplo campo de visão do celular possa gerar uma grande foto."

A Via Láctea, auroras e cometas brilhantes são exemplos de bons alvos, sugere o astrônomo.

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