Um estudo publicado pela Universidade do Estado de Michigan (MSU) em julho deste ano revelou que pessoas que trabalham em prédios com certificado LEED apresentam menos problemas de saúde e estresse e maior produtividade. O professor da Yale School of Forestry & Environmental Studies, John Wargo, porém, defende que a pesquisa não condiz com a realidade.
Segundo o relatório, trabalhadores que mudam seu local de trabalho tradicional por um escritório dentro dos padrões do selo apresentam melhorias significativas de saúde, bem-estar e rendimento.¿Esses estudos preliminares indicam que os edifício verdes podem afetar positivamente a saúde pública¿, afirma a pesquisa.
Baseado em dois estudos de caso, o documento foi publicado pela American Journal of Public Health e revelou um aumento de produtividade de 2,6% nos trabalhadores estudados, o que representaria cerca de 40 horas a mais de trabalho por ano.Segundo o relado, houve ainda um incremento de 1.34 horas anuais de trabalho para os portadores de asma ou alergias, e 2.02 horas adicionais para os que reportaram depressão ou estresse.
O certificado LEED (Leadership in Energy and Environmental Design) é dado pelo U.S. Green Building Council e considera quesitos como eficiência energética, economia de água, redução das emissões de dióxido de carbono e qualidade interna do ar.
Opinião aposta
Apesar da afirmativa dos estudiosos, o professor e pesquisador da Yale School of Forestry & Environmental Studies, John Wargo, contesta os resultados da pesquisa. Em um artigo publicado no site Environment 360, ele afirma que os critérios utilizados pelo LEED para determinar a qualidade do ar ignora fatores relacionados à saúde humana, particularmente o uso de materiais de construção potencialmente tóxicos.
Segundo Wargo, tornar os edifícios herméticos ajuda a poupar energia, mas também impede a circulação dos produtos químicos usados nos materiais de construção. Ele lembra ainda que o item "qualidade interna do ar" só representa 6% da pontuação total do selo.
Polêmica sobre as certificações
O pesquisador ainda reforçou uma polêmica que questiona o poder de uma empresa privada de certificar construções em todo o mundo. "Esse fato aponta uma falha grave no programa: o trabalho de fixação de normas para novas construções, especialmente no que diz respeito a questões de saúde, não deve caber a uma organização privada que lucra com a venda de bens e serviços do setor da construção", opina.
Wargo defende ainda que esses tipos de teste devem ser conduzidos por uma instituição independente, com a supervisão governamental."Devido ao enorme interesse público em questões como saúde, eficiência energética e prédios verdes, e acima dos interesses financeiros da indústria da construção, nós precisamos de uma lei federal que controle a composição química do ar interno das construções", afirma o pesquisador.
O Green Building Council, por sua vez, assumiu que a regra que regulamenta a qualidade interna do ar deve ser mais dura e que todas as normas são revistas periodicamente. Já os pesquisadores do MSU afirmaram que, como toda pesquisa, essa precisará de novos estudos no futuro.