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Papiro do Antigo Egito descreve 36 cobras venenosas e uma espécie enigmática

Com milhares de anos, papiro descreve serpentes peçonhentas comuns no Antigo Egito, como a grande cobra de Apófis. Esta tinha 4 presas e um veneno letal

20 out 2023 - 17h49
(atualizado às 21h40)

O Antigo Egito era surpreendentemente povoado por cobras venenosas, segundo estudo recém-publicado na revista Environmental Archaeology. Como descreve o Papiro de Brooklyn, com mais de 2,5 mil anos, 36 tipos de serpentes peçonhentas eram conhecidas pelos egípcios da época. Além destas, uma espécie se destacava por ser ter quatro presas, quando o normal é duas, e receber o nome de a "grande cobra de Apófis" — na mitologia, Apófis é o deus que personifica o caos, e que pode ser representado na forma de uma serpente monstruosa e enigmática.

Foto: NTW/Pixabay / Canaltech

O estudo que investiga as cobras do Antigo Egito foi liderado por pesquisadores da Bangor University, no Reino Unido. Para eles, embora o papiro analisado seja datado entre os anos 660 a.C. e 330 a.C., a hipótese é de que o documento seja ainda mais antigo, já que seria uma cópia que sobreviveu parcialmente até hoje. Nesse "vestígio" do mundo antigo, das 37 serpentes peçonhentas listadas, 13 descrições se perderam.

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Antigo Egito era povoado por serpentes peçonhentas, incluindo cobra venenosa que recebe o nome em referência ao deus Apófis (Imagem: Jeremy Bezanger/Unsplash)
Foto: Canaltech

Cobra enigmática do Antigo Egito

Conforme descreve o papiro egípcio, a picada da "grande cobra de Apófis" é associada com uma morte por envenenamento bastante rápida — apesar das tecnologias da época, os egípcios ainda não contavam com soros antiofídicos específicos, como os que o Instituto Butantan produz no Brasil.

Porém, o veneno de uma cobra provocar o óbito não é nada surpreendente, visto que isso também é observado atualmente, quando não há atendimento médico adequado. A questão enigmática por trás da descrição é de que a serpente teria quatro presas, algo raro para as espécies atuais.

A seguir, veja uma representação do deus Apófis em sua forma de serpente:

Representante atual da cobra de Apófis na Terra

Hoje, nenhuma espécie que vive dentro dos limites do Egito compartilha destas características fisiológicas. A cobra moderna mais próxima é a boomslang (Disopholidus typus), que habita as savanas da África Subsaariana e está a uma distância de 650 km do Sul do Egito. Tal como a descrição do papiro, o seu veneno causa hemorragia e o indivíduo morre em poucas horas, além de ter quatro presas.

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Na imagem a seguir, conheça a serpente boomslang que remete a de Apófis, especialmente pela semelhança na cabeça:

Para descobrir se essa hipótese seria possível por causa da distância geográfica, os pesquisadores britânicos usaram um modelo estatístico conhecido como modelagem de nicho climático. Basicamente, a ferramenta estima como as diferentes espécies de serpentes poderiam ter migrado ao longo dos milênios, a partir das características necessárias de um habitat para a sua sobrevivência.

Com base nas condições climáticas passadas, é possível que antepassados da espécie tenham ocupado o Antigo Egito, já que o clima era muito mais úmido e favorável para a sobrevivência de uma grande biodiversidade de serpentes, algo que não é mais observado atualmente.

Mistério das cobras venenosas do Egito

Para além da serpente peçonhenta, mais de 35 outras espécies eram conhecidas na região. Comparando as descrições preservadas com os atuais ofídios e usando o modelo estatístico, os cientistas conseguiram traçar outros oito possíveis paralelos que podem corresponder com as descrições do papiro.

Entre estes casos, está o da serpente descrita, no papiro, "com o padrão de uma codorna" e que "assobia como o fole de um ourives". Para os pesquisadores, a Biúta (Bitis arietans) se enquadraria nesta descrição, mas, atualmente, vive apenas ao sul de Cartum, no Sudão, e no norte da Eritreia. Só que, há alguns milhares de anos, muito provavelmente, ocupou regiões mais ao norte, próximas do Egito.

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Para quem ficou curioso em conhecer a provável serpente que habitou o Antigo Egito, este é um espécime atual:

Fonte: Environmental Archaeology e The Conversation

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