Script = https://s1.trrsf.com/update-1764790511/fe/zaz-ui-t360/_js/transition.min.js
PUBLICIDADE

“A comédia de hoje é a tragédia de ontem”, diz ex-presidiário que faz stand-up

Terceiro espetáculo de Nego Marcos tem apresentação única em São Paulo. Cria de Taboão da Serra deixou o crime pela arte

2 dez 2025 - 06h21
Compartilhar
Exibir comentários
Nego Marcos em apresentação de stand-up. Depois da cadeia, o corre é pela ressignificação da trajetória.
Nego Marcos em apresentação de stand-up. Depois da cadeia, o corre é pela ressignificação da trajetória.
Foto: Divulgação

Nego Marcos, ex-presidiário que quase gabaritou a lista de cadeias em São Paulo, de pequenas delegacias ao Carandiru, sobe aos palcos com Nem Tudo é Tragédia, em que narra a própria história de vida para mostrar que até as passagens mais pesadas podem virar risada.

Em uma única apresentação em 5 de dezembro, ele fala da vida como quem conhece o asfalto quente, as viradas de mesa e o tipo de sorriso que só quem já passou pelo ferro-velho da sociedade entende. Ele cria atalhos entre dor e humor e entrega reflexões que batem forte, mas entram macias.

É aquele tipo de apresentação que faz você perceber que ninguém é só o que viveu, mas também o que sonhou e ainda pode realizar com liberdade. O show tem classificação acima de 16 anos e o público será acomodado em lugares livres em mesas coletivas. Nego Marcos conversou com o Visão do Corre.

Na adolescência, Nego Marcos já estava envolvido. Os anos de cadeia foram “suficientes para tomar vergonha na cara”.
Na adolescência, Nego Marcos já estava envolvido. Os anos de cadeia foram “suficientes para tomar vergonha na cara”.
Foto: Arquivo pessoal

Você é de qual quebrada?

Sou criado em Taboão da Serra. Minha vida não foi diferente da de muitos pobres, diferente foi minha reação: ela me levou para o presídio, para pagar o preço.

Pode dar uma resumida na vida do crime?

Comecei a cometer delitos aos 11 anos de idade; aos 18 anos, eu vou preso e aí eu viro criminoso: aprendo outras coisas, conheço pessoas que pensam o crime fora da caixa. Mas o preço foi mais cadeia, com tempo suficiente para tomar vergonha na cara.

O que você acha que mudou sua caminhada?

Eu entendi que o rolê era outro, e aí eu mudo a chave: começo a usar a criatividade que eu usava no crime para contar caos, criar ferramentas dentro da comunidade para que outras pessoas não precisem ir para o crime por conta das tragédias – que nem são tragédias.

O processo de transformar tragédia em comédia faz olhar para trás e aceitar que os tombos fazem parte do corre.
O processo de transformar tragédia em comédia faz olhar para trás e aceitar que os tombos fazem parte do corre.
Foto: Divulgação

Comente sobre a arte ser uma poderosa ferramenta de ressocialização.

Tudo é arte, desde que você se entenda como artista: o pedreiro, quando constrói um muro, está fazendo arte. Eu fui sempre um artista do crime, eu usava a criatividade para obter algo de alguém. Mas a arte sozinha não anda: precisa ter condição de desenvolver a arte, além do talento.

O que parecia ser tragédia em sua vida e que, depois, você percebeu que não era?

Eu considerei por muito tempo a morte do meu filho uma tragédia. Eu fui para um lugar de impotência, depois decepção, tristeza e ela me levou à depressão. Com o passar dos anos, eu comecei a reagir diferente. Quando você vira um leão velho, começa a se arrepender e, a partir desse momento, eu comecei a entender que Deus tem seus caminhos.

Qual é seu objetivo com seu espetáculo?

Tirar lições e referências para que outros não morram igual meu filho morreu; para que outros não roubem, igual eu roubei; para que outros não vão para o álcool, igual meu pai foi; para que outros não tirem sua vida por conta de relacionamentos e traições; para que outros tenham consciência que as coisas dão errado também.

Serviço:

Nem Tudo é Tragédia

Quando: 5 de dezembro, 20 horas

Onde: Artéria Loft

Rua da Consolação, 2264 Consolação

Ingressos pelo Sympla.

Fonte: Visão do Corre
Compartilhar
Publicidade

Conheça nossos produtos

Seu Terra












Publicidade