Turismo e IA: até onde confiar em aplicativos de viagem?
Seguir cegamente aplicativos pode colocar turistas em risco
Alpes italianos registram mais de 100 mortes em apenas quatro meses, alerta Serviço Nacional de Socorro Alpino; Casal brasileiro propõe que viagens sejam planejadas com calma em websérie
Navegar por aplicativos, seguir roteiros criados por IA e confiar em recomendações automáticas tornou as viagens mais práticas, mas será que o uso excessivo da tecnologia está afastando as pessoas da verdadeira essência de viajar? O contato humano, o improviso e a curiosidade genuína perdem espaço?
A discussão sobre o tema ganha relevância diante de dados preocupantes. Desde 1º de junho deste ano, mais de 100 excursionistas perderam a vida nos Alpes Italianos, segundo o Corpo Nazionale Soccorso Alpino e Speleologico (Serviço Nacional de Socorro Alpino e Espeleológico). Entre as causas, o órgão cita a combinação perigosa entre redes sociais, inexperiência dos viajantes e informações imprecisas geradas por inteligência artificial.
Casal brasileiro cruza a Rota da Seda sem avião
Nadando contra essa maré, o casal brasileiro Richard Oliveira e Lanna Sanches decidiu transformar a lendária Rota da Seda em uma aventura inédita: percorrer de Portugal à China sem utilizar avião. Registrando cada passo na nova websérie gratuita do canal Vida de Mochila, no YouTube. A jornada, feita com mochilas nas costas, combina ônibus, trem, barco e outros meios terrestres para explorar uma das rotas comerciais mais antigas e fascinantes da história.
Durante o trajeto, o casal também optou por reduzir o uso de recursos tecnológicos. A proposta é simples, mas poderosa: reconectar-se com o mundo real. "Percebemos que quanto mais deixamos o celular e o GPS de lado, mais nos conectamos de verdade com as pessoas e os lugares. Gostamos de conhecer lugares locais, padarias de bairro, criar vínculos natural", conta Richard.
Além dos roteiros automáticos
Com quase 300 mil inscritos e mais de 900 mil visualizações na nova websérie, o Vida de Mochila se consolida como um dos principais projetos independentes de viagem do país. Mas, para o casal, o foco não está apenas nas paisagens. A tecnologia pode ajudar, mas também pode colocar em risco quem segue cegamente um aplicativo. Os turistas chegam a áreas perigosas indicadas por mapas automáticos, simplesmente porque deixam de observar o entorno.
Para eles, o desafio é encontrar equilíbrio: usar a tecnologia como apoio, não como guia. Em vários trechos da expedição, optam por pedir informações diretamente aos moradores locais, redescobrindo o prazer de se perder, e se encontrar, no caminho.
"A viagem não é sobre otimizar trajetos, mas sobre ampliar olhares. Quando você tira o mapa da frente, o mundo volta a aparecer", reflete Richard.
Assista a websérie no canal Vida de Mochila, no YouTube!