Quanto tempo após a perda de um bebê é seguro tentar engravidar?
Consulta medica pré-gestacional com avaliação do o perfil metabólico é fundamental para quem pretende tentar uma nova gestação
A perda de um bebê, seja por aborto espontâneo, natimorto ou morte neonatal, é uma experiência devastadora — física e emocionalmente. Recentemente, algumas famosas viraram notícias por conta do tema: a apresentadora Tati Machado, descobriu que o filho que esperava, Rael, não tinha mais batimentos cardíacos quando estava com 33 semanas de gestação. A apresentadora Micheli Machado enfrentou um drama parecido e perdeu o bebê que esperava do ator Robson Nunes, na reta final da gestação.
A cantora Lexa teve complicações da gravidez, incluindo pré-eclâmpsia e a síndrome de HELLP, que levaram ao parto prematuro e à perda de sua filha, Sofia.
Diante do luto, muitas mulheres se deparam com a dúvida inevitável: quando será seguro tentar engravidar novamente?
Segundo a Dra. Graziela Canheo ginecologista especialista em reprodução humana da La Vita Clinic, é necessário diferenciar as perdas de um bebê, pois podem ser:
- Aborto precoce (até 12 semanas de gestação)
- Aborto tardio (entre 12 e 20 semanas)
- Óbito fetal (após 20 semanas até 42 semanas).
"Se estivermos falando de aborto precoce espontâneo, as tentativas para uma nova gestação podem ocorrer no próximo mês. Se houver necessidade de curetagem ou aspiração intrauterina (AMIU) sugerimos iniciar nova tentativa após três meses", explica.
Se foi um aborto tardio, a médica sugere que se espere três meses para novas tentativas. "Pois há necessidade de cicatrização adequada do leito placentário e retorno do útero ao tamanho normal", diz.
Se for um óbito fetal no qual ocorreu um parto normal, como foi o caso de Tati e Micheli, a orientação é igual no aborto tardio. "Mas se houve a necessidade de parto cesariana neste caso sugerimos iniciar as tentativas pelo menos após seis meses do parto".
Como saber se é possível engravidar de forma segura?
Dra. Paula Fettback, ginecologista especialista em reprodução humana pela FEBRASGO, recomenda uma consulta medica pré-gestacional avaliando o perfil metabólico, orientação nutricional e a saúde em geral.+
"São fundamentais para uma gestação mais segura. Parâmetros como peso, glicemia, níveis pressóricos e fatores e/ou condições de risco anteriores devem ser ponderados e discutidos com o profissional antes do início das tentativas", orienta.
Havendo formas e tempo de ajustar algumas variáveis, isso sempre deve ser feito. "Atendimento multidisciplinar com profissionais como nutricionistas, fisioterapeutas, psicólogos e doulas também podem ser bem indicados", complementa.
Além disso, o consumo de vitaminas como o acido fólico, ou metilfolato, ômega 3, ferro, vitamina D, complexo B entre outras, devem ser iniciadas 3 meses antes das tentativas.
"Mudanças no estilo de vida como atividades físicas regulares, uma boa alimentação, evitar tabagismo e outras drogas, perda ou ganho de peso e apoio psicológico também devem ser introduzidos o mais precoce possível, auxiliando desta forma um pré-natal sem intercorrências", conclui.
Dra. Graziela Canheo complementa que, em casos de aborto tardio e óbito fetal, é necessário entender o motivo da perda gestacional, sempre que possível realizar investigação com exames complementares para avaliar as causas que possam aumentar o risco para uma próxima gestação e com isso traçar medidas preventivas e tratamento.
"Um acompanhamento com o obstetra acostumado com pré-natal de alto risco é essencial", diz.