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Prevent Senior concentra 58% das mortes em SP; Prefeitura pede intervenção em hospitais da rede

Convênio particular, que atende idosos, teve 79 dos 136 óbitos do Estado; rede privada nega irregularidades, diz seguir protocolos internacionais e afirma que infecções não ocorreram dentro dos hospitais

31 mar 2020 - 21h17
(atualizado às 23h05)
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SÃO PAULO E BRASÍLIA - A rede Prevent Senior concentra 79 das 136 mortes (58%) já registradas pelo novo coronavírus no Estado de São Paulo. No total, o Brasil já tem 201 óbitos confirmados pela doença. A Prefeitura da capital paulista disse ter pedido intervenção sanitária na Prevent ao governo estadual, que ainda analisa a solicitação. A rede particular, voltada para idosos, disse seguir os protocolos da Organização Mundial da Saúde (OMS) e afirmou que as infecções não ocorreram dentro dos hospitais.

"Ali (na Prevent) é um fenômeno, porque determinado empresário tinha de fazer um plano de saúde só para idoso. O hospital inteirinho é de idoso. Entrou o corona dentro de um hospital só de idosos, um ponto fora da curva. Não conseguiram segurar ali dentro", disse o ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta. Ele afirmou ainda que, se os idosos estivessem espalhados em diferentes locais da cidade, a transmissão teria sido menor.

"O que você não quer? Aglomeração é a primeira. A segunda é aglomeração de idosos. A terceira é aglomeração de idosos todos doentes. A quarta é que esses idosos não possam sair desse lugar. E a quinta é que entre o vírus nesse ambiente. Isso aqui é um hospital na cidade de São Paulo onde tivemos 79 óbitos, chamado Sancta Maggiore. E isso daí serve muito para a Agência Nacional de Saúde (Suplementar, autarquia do governo responsável pelos planos), que não deveria ter autorizado isso", criticou o ministro.

Mandetta disse que as mortes foram em um único hospital, mas a Prevent Senior afirmou que foram em duas unidades, no Paraíso, zona sul, e em Santa Cecília, na região central. O ministério afirmou estar preocupado com a aglomeração de idosos em hospitais, asilos e outros locais de atendimento para pessoas acima de 60 anos, parte do grupo de risco do vírus.

A Secretaria Municipal de Saúde informou que solicitou à Secretaria Estadual da Saúde, na sexta-feira, 27, uma intervenção sanitária temporária em três unidades da Prevent Senior. Quando começaram a ser registradas mortes na rede, a pasta fez investigação nos hospitais, com técnicos da Vigilância Sanitária, e informou ter encontrado quadro de superlotação, incorreção no isolamento de contaminados e poucos profissionais. A rede foi autuada, mas as mortes continuaram.

O governo estadual informou que o Centro de Vigilância Sanitária (CVS) está em contato com a Prefeitura para obter o relatório referente à situação epidemiológica do Sancta Maggiore. Visita feita pela equipe do CVS havia constatado que a unidade estava em conformidade com legislação sanitária.

CEO da rede particular diz que nº de mortos não é alto

Fernando Parrillo, CEO da Prevent Senior, afirmou ao Estado que os hospitais da rede estão seguindo o protocolo da OMS. "Logo que começou a epidemia na China, nós começamos a conversar com pessoas nesses países e seguimos o que eles fizeram que deu certo, que foi o isolamento dos pacientes que tinham o problema. Seguimos o que fizeram todos que conseguiram controlar os seus casos." Segundo a rede, as contaminações das vítimas não ocorreram dentro dos hospitais.

Ele ainda negou que o número de mortos na rede -- 79 em dois hospitais (Sancta Maggiore do Paraíso e de Santa Cecília) -- seja alto. "Temos padrões de transparência e estamos notificando todos os casos. Obviamente temos um problema estrutural no Brasil inteiro de termos testes. Mas a nossa taxa de mortalidade para os casos críticos está abaixo da média observada em outros países, que é de 15%. A nossa é de 12%", afirmou, sem citar os casos totais atendidos pelo grupo. Afirmou apenas que a rede tem 470 mil beneficiários, todos idosos.

Sobre o pedido do Município e a declaração de Mandetta, disse que "causaram espanto" porque os laudos emitidos pelo governo não tinham indicado nenhum problema.

Promotoria investiga Prevent sobre suposta não notificação de casos

O Ministério Público de São Paulo também abriu inquérito para investigar suposto delito de não notificação compulsória de mortes por coronavírus. A rede nega omissões e diz colaborar com as autoridades.

Estadão
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