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Por que é difícil controlar o desejo por comidas calóricas?

Neurocientista explica que entender os motivos que levam ao consumo pode ajudar a mudar os hábitos alimentares

1 fev 2022 - 17h14
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As alterações no estilo de vida têm piorado a qualidade do alimento que comemos, tornando-se cada vez mais difícil manter uma rotina sadia. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), a maioria da população mundial vive em países onde o sobrepeso e a obesidade matam mais pessoas do que as que estão abaixo do peso. 

Só no Brasil, doenças crônicas, como a obesidade, já afetam cerca de 21% da população, de acordo com o estudo Doenças Crônicas e Seus Fatores de Risco e Proteção: Tendências Recentes no Vigitel, realizado pelo Instituto de Estudos para Políticas de Saúde (IEPS).

E para piorar, a pandemia acelerou esse processo ainda mais. Com o isolamento social, muitos brasileiros se viram ingerindo mais alimentos à base de açúcares e sais, além de bebidas alcoólicas. Se queremos tanto mudar nossa alimentação, como o nosso comportamento trai a intenção de controlar o peso ou de ser mais saudável?  

Só no Brasil, doenças crônicas, como a obesidade, já afetam cerca de 21% da população
Só no Brasil, doenças crônicas, como a obesidade, já afetam cerca de 21% da população
Foto: Sander Dalhuisen / Unsplash

Para o neurocientista e bioquímico norte-americano, Stephan Guyenet, o problema não está necessariamente na falta de força de vontade ou em um entendimento incorreto do que se deve ou não comer. Em vez disso, nosso apetite e escolhas alimentares são condicionados pela nossa formação cerebral, que fazem parte dos mecanismos de sobrevivência da espécie.

“O cérebro humano está programado para ser motivado por certos objetivos-chave como sexo, água, apoio social, conforto físico e, claro, comida. Atualmente, aprendemos como atingir esses objetivos de maneiras cada vez mais eficazes, e uma das principais consequências desse processo é o fato de que o cérebro se acostumou a liberar dopamina ingerindo alimentos ultracalóricos”, explica.

Em seu livro 'Como a comida controla seu cérebro? Superando os instintos que nos fazem comer demais', traduzido pela Editora AlfaCon, Guyenet conta como esse processo funciona. Com o tempo e as transformações sociais, alimentos ultracalóricos foram incorporados na dieta das pessoas, carregando os mais diversos significados para sua ingestão.

O cérebro entende que aquele alimento resolveu um estado emocional (o ‘gatilho’), e com isso, a dopamina é liberada. “Em termos técnicos, dizemos que seu comportamento foi reforçado”, conta.

Com a evolução da indústria, aparência, sons, cheiros, sabores e localização, ampliam o sentimento de prazer proporcionado ao cérebro, que se acostuma a esse padrão. E quanto maior a onda de dopamina, mais motivado estaremos na próxima vez que encontrar esses sinais.

Os instintos de sobrevivência de nossos ancestrais continuam, mas as propriedades alimentares, como amido, açúcar, gordura, sal e carboidratos – e os desejos que elas provocam - são muito mais abundantes e fáceis de conseguir do que nunca na história humana.

Como controlar os impulsos

"Tudo o que sentimos e todo comportamento em que nos envolvemos - incluindo o que e quanto escolhemos comer - são resultados da atividade cerebral", afirma Guyenet. Uma pessoa tende a parar de comer quando experimenta uma sensação de saciedade. Isso pode parecer óbvio, mas o que talvez não seja tão óbvio é que para se sentir satisfeito mais rápido, é necessário comer os alimentos certos.

Alimentos ricos em proteínas (como carne, ovos e frutos do mar) e fibras (como frutas, feijão e legumes) fornecem mais saciedade por caloria do que alimentos ricos em açúcar, sal e carboidratos simples.

Fonte: Redação Terra
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