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Pigarro pode ser sintoma de um tipo de refluxo

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Sabe aquele pigarro constante, que a gente geralmente associa com um episódio de gripe ou resfriado? Isso pode ser refluxo laringo-faríngeo, que é o retorno do conteúdo do estômago para a laringe e a faringe (porções superiores do tubo digestivo).

Calma aos maníacos por doença! Primeiro porque esse refluxo tem tratamento e segundo porque não é todo pigarro que tem associação com esse problema. Segundo especialistas, o refluxo laringo-faríngeo chega a atingir 30% da população e, justamente por acometer um número considerável de pessoas e ser pouco diagnosticado pelos médicos, merece uma atenção especial.

Para conhecermos mais sobre o assunto, Terra conversou com a Dra. Renata Mullem, que é otorrinolaringologista do serviço do Hospital das Clínicas da Universidade Federal da Bahia.

O que é o refluxo laringo-faríngeo?

Renata Mullem - Na verdade é quase o mesmo que refluxo gastro-esofágico (do estômago para o esôfago), pois o conteúdo que retorna tem origem também no estômago. A diferença de um e de outro é que o refluxo laringo-faríngeo não necessariamente vem acompanhado dos sintomas normalmente presentes no gastro-esofágico, como azia, sensação de queimação no estômago e esôfago. No laringo-faríngeo, as manifestações são geralmente sintomas otorrinolaringológicos (relativos aos ouvidos, nariz e garganta) como tosse, pigarro, sensação de corpo estranho na garganta e rouquidão.

Quais seriam as causas para o problema? 

As mesmas do refluxo gastro-esofágico: hipersecreção gástrica (excesso de produção de suco gástrico no estômago), incompetência do esfíncter esofagiano inferior (espécie de anel muscular que separa o estômago do esôfago, impedindo que o alimento em processo de digestão no estômago retorne para o esôfago), dietas e hábitos alimentares inadequados como muitas horas de jejum e refeições volumosas antes de deitar, e também predisposição genética.

Como é feito o diagnóstico? 

Geralmente o paciente chega ao otorrinolaringologista com queixa de bolo na garganta, "pigarro que não sai" e tosse seca. É muito comum também ele se referir a um resquício de uma gripe anterior. O diagnóstico é feito através de um exame chamado videofaringolaringoscopia, que detecta uma laringite (inflamação na laringe) crônica secundária ao refluxo.

Caso o diagnóstico não seja feito, possibilitando um tratamento adequado, esse problema pode levar a maiores complicações? 

Essa inflamação crônica pode gerar um granuloma na laringe que dá a sensação de corpo estranho e rouquidão intensa. Pode ainda evoluir para um câncer de laringe. Outras complicações são: aumento do volume das adenóides (popularmente conhecidas por "carne do nariz"), otites (inflamação do canal auditivo), faringites (inflamação da faringe) e laringite crônica.

Como é feito o tratamento? 

Por meio de medicamentos que reduzem a produção do suco gástrico, orientações dietéticas, além da imprescindível consulta com o gastroenterologista, quando geralmente é realizada uma endoscopia, para que uma intervenção gastroenterológica (esôfago, estômago e intestino) possa também ser feita, principalmente porque o refluxo laringo-faríngeo está muito associado a problemas nesses órgãos (esofagite, gastrite e úlcera, por exemplo).

Como se prevenir? 

A prevenção pode ser feita através da adoção de hábitos alimentares saudáveis que incluem: diminuição da ingestão de frituras, café, chocolate, álcool, mentolados e farináceos, alimentar-se de maneira regular (a intervalos curtos de 3 a 4 horas) e em quantidades moderadas, e evitar o tabagismo.

Fonte: Terra
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