Parkinson: como perceber primeiros sinais de doença que Ozzy Osbourne recebeu diagnóstico em 2019
Estima-se que cerca de 10 milhões de pessoas no mundo lutem contra a doença
Ozzy Osbourne morreu aos 76 anos sem causa da morte confirmada, mas ele lutava contra o Parkinson desde 2019, doença que, embora sem cura, pode ter progressão reduzida com tratamento adequado.
Ozzy Osbourne morreu nesta terça-feira, 22, aos 76 anos. Até o momento, não há uma confirmação sobre a causa da morte, mas, em 2020, a lenda da música anunciou que lutava contra o Parkinson, diagnosticado em 2019.
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De acordo com a associação Parkinson's Foundation, estima-se que 10 milhões de pessoas no mundo lutem contra a doença. Embora acometa pessoas de todas as idades, os principais atingidos têm mais de 60 anos.
Em conversa com o Terra, a Dra. Ana Rita Donati, médica fisiatra da AACD, classificou os sinais do Parkinson como motores e não motores , como, por exemplo, alterações no controle da pressão, sistema cardiovascular, humor e qualidade de sono, que muitas vezes são confundidos com outros problemas.
Entre os sintomas não motores, o que mais chama a atenção para o Parkinson é a dificuldade no olfato. Diante desse cenário, o diagnóstico da doença só costuma acontecer quando começa a afetar o lado físico e impactar no dia a dia do paciente.
“A gente só consegue diagnosticar o Parkinson quando começa a ter sintomas que são o tremor, a instabilidade postural, vai andando com o corpo inclinado pra frente, a diminuição da velocidade do movimento e a rigidez. Então, depois que ele começa a abrir esse quadro físico que vai atrapalhar e que vai perceber, aí eu consigo dar o diagnóstico. Mas a gente sabe que cerca de 10 a 15 anos antes dela ficar visível, de virar física, já existe no corpo”, explica a especialista.
Conforme explicação da médica, o Parkinson é uma malformação da proteína alfa-sinucleína, que acaba por se depositar em uma área do cérebro chamada de substância negra.
Esse movimento passa a ser prejudicial para a formação de dopamina, importante para o controle da movimentação motora e que tem interação com outros neurotransmissores.
Mesmo com o processo definido, não há uma causa específica para a doença. Em algumas situações específicas em jovens, contudo, a Dra. Ana Rita Donati destaca o componente genético como um possível fator, embora essa linha ainda esteja em fase de estudos.
“A gente não considera que isso é hereditário na maioria dos casos. É só para esses casos mais raros. Você pode ser a primeira pessoa que vai ter a doença. Então, o fato de você não ter na sua família nenhum histórico de Parkinson, não quer dizer que isso te protege”, continua.
Diagnóstico e tratamento para o Parkinson
Para diagnosticar o Parkinson, os médicos precisam de uma longa análise. Logo de cara, uma avaliação clínica detalhada faz com que os especialistas levem a suspeita adiante. Se a dúvida continuar, um teste farmacológico é feito.
De acordo com a Dra. Ana Rita Donati, o medicamento Prolopa é utilizado em um tratamento inicial. Em caso de melhora, significa que o paciente realmente tem o Parkinson, já que outras doenças que podem ser confundidas não respondem bem a ele.
Para acabar com qualquer dúvida, exames de imagens são feitos para descartar casos de AVC e tumores, que podem ter sintomas semelhantes: “Você faz a ressonância para você fazer um estudo daquela área anatômica, mas ela não vai dar o diagnóstico, o diagnóstico é clínico”.
Com o diagnóstico em mãos, o paciente pode iniciar o tratamento. O mais comum é o farmacológico, com remédios para a produção de dopamina. Apesar de não ter cura, o Parkinson pode ter sua progressão bastante reduzida com o auxílio médico.
Em alguns casos específicos, a Dra. Ana Rita Donati indica uma opção mais complexa: “Tem um tipo de estimulação cerebral profunda, que é tipo um marcapasso cerebral, que existe. Ele tem um bom resultado, mas é destinado só a alguns pacientes selecionados. Porque é uma cirurgia, ela é mais complexa e tem alguns fatores, critérios de inclusão. Quando mal indicado, ele tem um resultado muito ruim. Mas os medicamentos, a reposição de dopamina, é obrigatória para todos os pacientes”.
