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'Não pode injetar qualquer coisa nas pessoas e muito menos obrigar', diz Bolsonaro sobre vacina

Presidente voltou a afirmar que não pode obrigar os brasileiros a se vacinarem contra a covid-19. Declaração contrasta com lei sancionada pelo próprio Bolsonaro no início do ano

8 set 2020 - 16h57
(atualizado às 16h58)
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BRASÍLIA - O presidente Jair Bolsonaro voltou a afirmar nesta terça-feira, 8, que não pode obrigar as pessoas a se vacinarem contra a covid-19 quando a vacina estiver disponível. A declaração, no entanto, contrasta com uma lei sancionada pelo próprio presidente em fevereiro deste ano, que permite a vacinação compulsória como forma de enfrentar a pandemia. O Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) também determina ser "obrigatória a vacinação das crianças nos casos recomendados pelas autoridades sanitárias".

"Mesmo tendo comprovação científica lá fora, (a vacina) tem umas etapas a serem cumpridas aqui", disse Bolsonaro ao comentar procedimentos de liberação da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária). "A gente não pode injetar qualquer coisa nas pessoas e muito menos obrigar. Eu falei outro dia 'ninguém vai ser obrigado a tomar vacina' e o todo mundo caiu na minha cabeça", afirmou o presidente em encontro com um grupo de médicos que defendem o tratamento precoce da doença e o uso da hidroxicloroquina, medicamento ainda sem eficácia comprovada. O encontro foi mediado pelo deputado e ex-ministro da Cidadania, Osmar Terra (MDB-RS), que é médico.

Mais cedo, em reunião no Palácio do Planalto, o ministro interino da Saúde, Eduardo Pazuello, afirmou nesta terça-feira, 8, que a previsão é começar a vacinar a população brasileira contra covid-19 em janeiro de 2021. "A gente está fazendo os contatos com quem fabrica a vacina e a previsão é que chegue para a gente em janeiro. Janeiro a gente comece a vacinar todo mundo", afirmou Pazuello.

A declaração de Bolsonaro na semana passada, compartilhada nas redes sociais pela Secretaria de Comunicação Social da Presidência (Secom), repercutiu na Organização Mundial de Saúde. Em transmissão online, a cientista-chefe do órgão, Soumya Swaminathan, destacou que o primeiro aspecto a ser considerado é que as vacinas erradicaram doenças como sarampo e varíola e fizeram muito pela humanidade. "Essas declarações mostram o quanto é necessário educação, transparência e informação pública sobre a importância das vacinas no geral, e em seguida sobre a vacina contra a covid-19".

O presidente citou que cabe ao governo fazer campanha para a vacinação, mas que as pessoas não podem ser obrigadas. "A vacina é uma coisa que, no meu entender, você faz a campanha, busca uma solução, não pode é amarrar o cara e dar a vacina nele", declarou. Em seguida, completou dizendo que esse tipo de obrigação nunca foi feito, "a não ser em ditaduras".

Sem citar nomes, o presidente também criticou governadores que não aderiram ao uso da cloroquina. Ressaltou ainda que o responsável por indicar o medicamento é o profissional médico e não o presidente ou governador.

Estadão
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