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Varíola dos macacos: entenda o risco de transmissão e como se proteger

A Sociedade Paulista de Infectologia revela as principais características e formas de transmissão da varíola dos macacos. O Brasil já tem casos confirmados

14 jun 2022 - 08h00
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Varíola dos macacos: o que é e qual o risco de transmissão?
Varíola dos macacos: o que é e qual o risco de transmissão?
Foto: Shutterstock / Saúde em Dia

O Brasil já tem ao menos 3 casos confirmados da varíola dos macacos, todos de pacientes que retornaram a pouco tempo da Europa. A doença infecciosa está chamando atenção em todo o mundo após causar surtos na África, Europa e Estados Unidos.

O que é a varíola dos macacos?

A varíola dos macacos é causada por um vírus semelhante ao da varíola humana. O vírus foi descoberto em macacos em 1958, e em 1970 foi registrado o primeiro caso em um humano, na República Democrática do Congo. Apesar do nome, os macacos não são reservatórios do vírus, provavelmente o principal reservatório são roedores que habitam a África Central e Ocidental.

Em 1980, a varíola humana foi considerada erradicada pela Organização Mundial da Saúde, encerrando inclusive os programas de vacinação que combatem a doença. Por conta disso, hoje indivíduos com menos de 50 anos estão mais suscetíveis à contaminação. 

A Sociedade Paulista de Infectologia (SPI) explica que por isso também a varíola dos macacos tem chamado tanto a atenção, causando medo do ressurgimento da varíola, mesmo por um vírus com características diferentes.

Quais os sintomas da doença?

Ainda de acordo com o SPI, a doença tem um período de incubação de 5 a 21 dias. Os sintomas iniciais são semelhantes a outras doenças infecciosas: febre, calafrios, mal-estar, dor de cabeça, mialgias e aumento de gânglios (ínguas).

A seguir devem surgir lesões na pele semelhantes a catapora. Essas lesões se iniciam com uma mancha vermelha e evoluem para pápula, vesícula, pústula e crosta. Na maior parte dos casos, começa no rosto e se espalha pelo corpo. A taxa de letalidade é inferior a 10%.

A SPI destaca a importância de sempre investigar casos de viagem para a África Ocidental ou Central ou para países principalmente da Europa, além dos EUA, que têm tido surtos da varíola dos macacos.

A OMS descreve quadros diferentes de sintomas para casos suspeitos, prováveis e confirmados.

Caso suspeito: qualquer pessoa, de qualquer idade, que apresenta pústulas ("bolinhas" com pus) na pele e esteja em um país onde a varíola dos macacos não é endêmica. Se este quadro for acompanhado por dor de cabeça, início de febre acima de 38,5°C, aumento dos gânglios, dores musculares e no corpo, dor nas costas e fraqueza profunda, é necessário fazer exame para confirmar ou descartar a doença.

Casos prováveis: incluem sintomas semelhantes aos dos casos suspeitos e contato físico pele a pele ou com lesões na pele, contato sexual ou com materiais contaminados 21 dias antes do início dos sintomas. Soma-se a isso, histórico de viagens para um país endêmico ou ter resultado positivo para um teste sorológico de orthopoxvirus na ausência de vacinação contra varíola.

Casos confirmados: ocorrem quando há confirmação laboratorial para o vírus da varíola dos macacos por meio do exame PCR.

Como ocorre a transmissão?

A SPI explica que o vírus entra no corpo humano através das vias respiratórias, por pequenas gotas eliminadas pela fala, tosse e espirro de um indivíduo contaminado e também por contato com lesões ativas ou membranas mucosas. 

A varíola dos macacos pode ser transmitida por mordida ou arranhão de um animal doente ou mesmo no preparo de um animal selvagem para alimentação. Entre pessoas, o indivíduo precisa estar próximo da pessoa doente, menos de 2 metros, para ser contaminada. A transmissão de gotículas no ambiente não parece ser importante na transmissão. No surto atual, a transmissão sexual também tem sido identificada.

A vacina contra a varíola comum também protege contra a varíola dos macacos?

A Sociedade Paulista de Infectologia responde que sim. Estudos indicam que a vacinação para a varíola protege em 85% dos casos. Segundo a OMS, pessoas com 50 anos ou menos podem estar mais suscetíveis já que as campanhas de vacinação contra a varíola foram interrompidas pelo mundo quando a doença foi erradicada em 1980. 

Como podemos nos prevenir?

A SPI recomenda a adoção de medidas como higienização adequada das mãos antes e após o contato com um caso suspeito ou confirmado e o uso de máscara. É importante também evitar o contato pele a pele sempre que possível e usar luvas descartáveis se tiver qualquer contato direto com lesões.  É recomendado ainda utilizar máscara ao manusear roupas ou roupas de cama de um paciente infectado.

Todo paciente suspeito deve ser isolado. É muito importante o rastreamento de contatos e isolamento dos contatos próximos, como domiciliares, por 21 dias (tempo máximo do período de incubação). A SPI reforça o cuidado com as roupas que podem ser veículos de transmissão - estas devem ser colocadas em um saco plástico e levadas para lavagem sem bater. 

A vacinação contra a varíola nos contatos próximos também pode ser uma estratégia de controle. Pessoas que moram ou viajam para países onde a varíola dos macacos é endêmica, principalmente países da África Central e Ocidental, devem evitar o contato com animais doentes e não devem comer animais de caça ou manusear animais selvagens.

Fonte: Sociedade Paulista de Infectologia.

Saúde em Dia
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