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Meditação pode ajudar a curar doenças, aponta estudo

Relatório aponta que a meditação inibe a manifestação de genes ligados a processos inflamatórios

24 jan 2014 - 10h38
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Foto: Getty Images

Pesquisa reforça a tese de que o comportamento do paciente pode alterar a manifestação dos genes e, assim, evitar processos inflamatórios. Esse é o ramo da ciência conhecido como epigenia.

Um estudo feito por pesquisadores na Espanha, França e Estados Unidos mostrou que a meditação pode reduzir a manifestação de genes envolvidos em processos inflamatórios, como o RIPK2 e COX2. O resultado da pesquisa, que será publicada em fevereiro no jornal especializado Psychoneuroendocrinology, aponta a supressão de genes responsáveis por esses fenômenos no grupo que praticava meditação profunda.

Além da descoberta, o estudo proporciona evidências científicas de que é possível alterar a atividade genética e, assim, melhorar o estado de saúde por meio do pensamento e do comportamento.

Durante a pesquisa, foi constatado que, após oito horas de meditação, os indivíduos apresentaram uma redução nos níveis de genes pró-inflamatórios, além de outras alterações no mecanismo de regulação genética. Isso está relacionado com a rápida recuperação física após situações estressantes.

Para Ritwick Sawarkar, do Instituto Max Planck de Imunobiologia e Epigenética, o estudo é "promissor, além de ser uma primeira pesquisa muito interessante que tenta vincular o comportamento ao que ocorre dentro das células".

O especialista acredita ainda que, se a meditação pode ter um efeito imediato sobre inflamações, novos medicamentos poderiam ser desenvolvidos para produzir um efeito similar.

A pesquisa reforçaria a importância da meditação no combate ao estresse. A prática seria ainda importante para a saúde, já que o estresse desliga o crescimento e a manutenção do corpo e do sistema imunológico. O argumento é de Bruce Lipton, considerado um dos criadores da epigenética, ramo da ciência que defende que hábitos de vida e o ambiente social em que uma pessoa está inserida poderiam modular o funcionamento de seus genes.

Mudança no comportamento

Essa pesquisa faz parte de um campo relativamente novo da epigenética, que investiga como o ambiente pode modificar permanentemente atividades genéticas em nível molecular.

A epigenética surgiu como uma área da biologia molecular no início dos anos 1990 e abalou a crença convencional de que o desenvolvimento de um organismo era predeterminado pelos genes. Ao examinar uma camada de moléculas dentro do núcleo celular no genoma, epigeneticistas perceberam como genes podem ser ativados ou desligados, independentemente da mudança na sequência do DNA.

Lipton explica que um cromossomo é composto por metade de DNA e metade de proteína. "Os pesquisadores estavam focados no DNA e esqueceram as proteínas. A epigenética diz que a proteína está fazendo algo", conta.

O biólogo compara o controle epigenético, ou o controle "sobre os genes", a botões de uma velha televisão analógica que ajustam cores e tonalidades. Fatores ambientais externos são capazes de modificar essa imagem, que seriam os genes. "Embora a transmissão não tenha mudado, a leitura dessa transmissão modificou a imagem", completa Lipton.

Sawarkar reforça que as alterações na organização da cromatina podem tornar-se permanentes e hereditárias, sendo transferidas de mãe para filho ou até mesmo entre células. "Eu chamo isso de inato, adquirido e ruído" – ou seja, como a condição de existência é determinada pela herança recebida no nascimento, pelo ambiente onde a pessoa cresce e pelo o que aconteceu no passado e no presente, completa o especialista.

A pesquisa sobre meditação examinou apenas o terceiro passo no processo de sensação, ou seja, o envio de um sinal que gera um produto que resulta em mudanças. Porém, ela não prova se essas mudanças foram permanentes – mas há essa possibilidade, afirma Sawarkar.

Meditação para a cura

A meditação pode ajudar no tratamento de várias doenças, inclusive do câncer, que é acompanhado com frequência de processos inflamatórios. "Nós recomendamos meditação aos nossos pacientes. A atitude do paciente é um fator determinante no processo de cura, uma pesquisa sobre o efeito do placebo reforça esse fato", conta György Irmey, diretor da Associação para a Resistência Biológica contra o Câncer, na Alemanha.

Para Irmey, o estudo sobre meditação contraria muitos campos da medicina baseados no poder de decisão do mapa genético. Pesquisas futuras poderiam, por exemplo, ajudar a explicar o fenômeno da redução espontânea do câncer que, segundo o pesquisador, acontece com mais frequência do que admitido por fontes médicas.

Já Lipton está convencido da cura por meio de pensamento e comportamento. O cientista aponta um estudo de 2008 que revelou que mudanças na alimentação e no estilo de vida reduzem a quantidade de genes que estimulam o desenvolvimento de câncer. "A mente vê algo e traduz em química, que é enviada para as células do corpo e ajusta epigeneticamente."

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