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Dia dos Pais: como os pais podem criar vínculos com seus filhos

Psicobiólogo Ricardo Monezi reforça que o toque pele a pele é determinante para criar uma maior conexão com a criança

8 ago 2021 - 10h01
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Dia dos Pais: como os pais podem criar vínculos com seus filhos
Dia dos Pais: como os pais podem criar vínculos com seus filhos
Foto: Shutterstock / Saúde em Dia

A relação entre pais e filhos, bem como a rotina das famílias, mudam constantemente, a cada nova geração. O que não muda, e sempre será de extrema importância, é o papel dos pais no desenvolvimento das crianças. 

Se antes os homens eram vistos como responsáveis pelo sustento da família, enquanto as mulheres ficavam encarregadas das tarefas do lar e do cuidado dos filhos, hoje é possível ver um cenário diferente, onde as funções passaram a ser, cada vez mais, compartilhadas. Contudo, ainda há um caminho a ser percorrido em relação à participação mais ativa dos pais na rotina de cuidados com seus filhos.

Segundo uma pesquisa realizada pelo IBOPE, metade dos homens participam ativamente das tarefas diárias de cuidado com os filhos, sendo que 74% deles afirma que deseja fazer mais pelos pequenos, se responsabilizando por mais tarefas.

O levantamento avaliou as percepções de 2.000 mães e pais de crianças de até cinco anos sobre si mesmos e sobre seus respectivos parceiros em relação à participação nessas atividades, apontou também que 96% dos entrevistados (tanto homens, quanto mulheres) declararam que concordam que a responsabilidade da mãe e do pai deve ser igual.

Para Alexandre Tobio, pai da pequena Maria Flor, de 6 anos, e dos bebês gêmeos Sebastian e Catarina, "a ideia de que o homem vai para o trabalho e a mulher cuida das crianças não se sustenta mais. Os filhos precisam do apoio incondicional dos dois, sendo assim, a conta é dividida por ambos em todos os sentidos, sejam eles educacionais, emocionais, sociais, econômicos etc".

Alexandre conta que sempre tentou se envolver na vida de seus filhos em todos os aspectos."Quando tive minha primeira filha, fiz questão de acompanhar cada fase, dei banho nela praticamente todos os dias desde que nasceu, preparei suas refeições na fase de introdução alimentar, lavei suas roupas na mão. Cada momento foi e ainda é muito importante, e foram vivências que me ajudaram muito na experiência que estou tendo hoje com os dois mais novos", reflete.

Nas gerações anteriores, era mais comum as pessoas terem a imagem do pai como uma figura mais distante e autoritária, enquanto as mães tendiam a serem vistas como as principais cuidadoras, naturalmente mais carinhosas e atenciosas.

Apesar dessa visão já ter começado a ser descontruída, achados do levantamento do IBOPE confirmam que esse estereótipo ainda está presente na percepção da maioria dos brasileiros: 75% dos pais e 70% das mães acreditam que as mulheres nascem com instinto mais apurado para cuidar de crianças.

Resultados como esses mostram que a paternidade ativa é uma pauta que ainda deve ser intensamente debatida, visando aproximar a figura paterna a alguém que também tem, naturalmente, o papel de cuidador e estimulando assim o envolvimento dos homens nessas rotinas, a fim de fortalecer o vínculo com seus filhos e promover o bem-estar de toda a família.

"Esse é o tipo de percepção que pode acabar dificultando a criação de um vínculo mais profundo entre pais e filhos, pois distancia a figura paterna do envolvimento nessa rotina de cuidado com a criança.

Por isso, em nossas campanhas, procuramos reforçar a ideia de que pais e mães devem ter papeis iguais na dedicação de tempo, afeto e cuidado com seus filhos, pois sabemos que a participação dos homens pode ser transformadora no contexto familiar, contribuindo para a formação emocional da criança".

O Dr. Ricardo Monezi, psicobiólogo, especialista em medicina do comportamento da Unifesp e pai da Beatriz, de 11 anos, considera que, para terem uma participação mais ativa, os homens devem superar alguns receios, principalmente, o de falharem como pais.

"Os homens precisam se despir desse machismo que, muitas vezes, está alojado em seu DNA comportamental, e perder o medo de exporem seus sentimentos. Não devemos ter medo desse intercâmbio maravilhoso que a vida nos proporciona quando nos tornamos pais", enfatiza.

O poder do toque na conexão entre pais e filhos

Estar presente na rotina da criança e assumir a responsabilidade por mais tarefas de cuidado - como dar banho, alimentar, trocar de fraldas, atender aos choros durante a madrugada, são vivências importantes para os pais aprofundarem os vínculos e a conexão com seus filhos, já que nesses momentos se faz presente o toque "pele a pele", que traz diversos benefícios para ambos.

O Dr. Ricardo Monezi explica que por meio do toque, ocorre a liberação de substâncias que promovem o bem-estar tanto para a criança, quanto para o pai. "Existe um fator biológico que faz o toque ser determinante para a criação desse vínculo entre pais e crianças: a liberação de oxitocina, que é o hormônio do amor. A cada abraço, a cada fralda trocada, acontece uma explosão de oxitocina, e isso é determinante para a saúde física e mental".

O especialista explica ainda que a conexão se dá a partir do investimento na qualidade do tempo que se passa com a criança. "Eu sempre falo que a primeira coisa dentro desse processo, de ser pai, é você não ter medo de cuidar. Não ter medo de tocar, de olhar, abraçar, de reconhecer, ou até mesmo de ficar acordado à noite quando a criança tiver febre - porque isso vai acontecer".

Alexandre concorda. "Nunca tive problemas em trocar fraldas ou dar banho, por exemplo. Acho até que essas tarefas podem sim ser de descontração também. E a criança percebe quem cuida dela, quem se preocupa. Além do mais, são momentos únicos, que não voltam, e passam rápido. Tem que aproveitar", conclui. 

Fonte: Dr. Ricardo Monezi, psicobiólogo.

Saúde em Dia
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