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Cabeça de cone: dançarino desenvolve condição rara após 20 anos fazendo giros no break

O famoso movimento de ‘headspin’ formou uma protuberância na cabeça do dançarino de 30 anos

15 out 2024 - 13h39
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Raygun em ação pela modalidade breaking
Raygun em ação pela modalidade breaking
Foto: Angelika Warmuth / Reuters

Após quase duas décadas praticando movimentos intensos de breakdance, que envolviam giros sobre o topo da cabeça, um dançarino de 30 anos, desenvolveu uma condição rara, apelidada de "breakdance bulge". 

A condição, conhecida popularmente entre a comunidade de dançarinos de breakdance, é caracterizada pelo caroço em forma de cone formado na cabeça, associado à perda de cabelo. 

De acordo com os médicos, ele treinava cinco vezes por semana, com sessões de 1h30, destinando cerca de 7 minutos para os movimentos que envolviam pressão direta sobre o topo do crânio. O caso foi descrito na revista BMJ Case Reports e segundo o relatório, a protuberância foi removida cirurgicamente.

O movimento de ‘headspin’ formou uma protuberância na cabeça do rapaz
O movimento de ‘headspin’ formou uma protuberância na cabeça do rapaz
Foto: BMJ Case Reports 2024

Como a protuberância se formou?

Em entrevista ao Terra Você, o médico neurocirurgião, Felipe Mendes, conta que a protuberância pode ocorrer devido à formação de calos ósseos em resposta ao trauma repetido. Essas regiões sofrem microfraturas ou microtraumas que levam à remodelação óssea, formando uma área mais espessa e proeminente. 

O movimento de ‘headspin’ formou uma protuberância na cabeça do rapaz
O movimento de ‘headspin’ formou uma protuberância na cabeça do rapaz
Foto: BMJ Case Reports 2024

“Isso é semelhante à resposta que o osso apresenta diante de estresse constante, semelhante a uma exostose traumática”, explica.

Efeitos a longo prazo

O impacto repetitivo no crânio pode, além de alterações ósseas, resultar em lesões internas. O especialista conta que a longo prazo, existe o risco de lesões cerebrais associadas a traumatismos crânio-encefálicos leves e cumulativos, como a encefalopatia traumática crônica (ETC), frequentemente observada em atletas de esportes de contato. Essa condição pode levar a déficits cognitivos, alterações de humor, e outros sintomas neurológicos progressivos.

“Embora a protuberância possa parecer superficial, é importante destacar que o impacto repetido pode causar danos neurológicos. Mesmo que a calosidade óssea não afete diretamente o cérebro, os traumas frequentes podem causar concussões repetitivas, que, ao longo dos anos, podem resultar em microlesões cerebrais. Portanto, o problema não é apenas superficial”, ressalta o especialista.

Cuidados pós-cirurgia 

O médico explica que após a remoção cirúrgica de uma protuberância óssea, os cuidados incluem evitar novos traumas na região para permitir uma boa cicatrização óssea e tecidual. 

O paciente deve ser orientado sobre a limitação de movimentos de impacto e uso de proteção na área operada. Além disso, é importante o acompanhamento com fisioterapia, quando indicado, e realizar consultas de acompanhamento para monitorar a cicatrização e prevenir complicações, como infecções ou recidiva.

Dançarinos ou atletas devem ficar atentos

Dançarinos e atletas que utilizam a cabeça como ponto de apoio devem estar atentos a sinais como dores de cabeça persistentes, tonturas, confusão, perda de memória ou qualquer mudança neurológica. Além disso, alterações sensíveis ao toque no crânio ou inchaços progressivos na região devem ser avaliados por um especialista.

Fonte: Redação Terra Você
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