Brasiliense supera infecção rara após ficar só com 10% de chance de sobreviver
Renato de Sá compartilhou que seu quadro de saúde deteriorou rapidamente
O que parecia ser apenas um desconforto na região perianal quase custou a vida de Renato de Sá, um brasiliense de 30 anos. Ele foi diagnosticado com a Síndrome de Fournier, uma infecção bacteriana agressiva e rara que causa necrose nos tecidos genitais e pode levar à morte se não tratada rapidamente.
A trajetória de Renato começou em 18 de janeiro, quando retornou dos Estados Unidos e passou o fim de semana com amigos. "Estava tudo bem, não sentia nada. No dia 20 fui para a casa de amigos em Goiânia e, na terça-feira, começou um incômodo. Mas nada que me preocupasse", contou em seu perfil. A dor, porém, aumentou nos dias seguintes. "Na quinta começou a doer bastante. Eu não conseguia andar direito. Para sentar, estava incomodando muito. Na sexta, ficou muito preocupante."
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Levado a uma UPA, Renato foi diagnosticado com uma fístula e recebeu medicação para dor e antibióticos. Mas no sábado, ao notar a genitália inchada e sentir dores insuportáveis, retornou ao atendimento e, novamente, foi liberado com a mesma orientação. Diante do agravamento, buscou ajuda com amigos e familiares: foi levado até Anápolis e, depois, até Brasília.
A situação se agravava rapidamente. "Eu fui deitado no carro, com tanta dor. Quando cheguei no Hospital de Base, eu não conseguia sair do carro, não falava direito, estava suando frio. Estava em caos."
O diagnóstico foi imediato: infecção grave. Renato foi encaminhado com urgência para cirurgia, já que a bactéria já se espalhava pelo corpo e ele estava prestes a entrar em sepse. Ainda na fila da cirurgia, a fístula estourou, sua pressão caiu, a febre bateu 39 graus e a sepse se instalou. Ele entrou na sala de cirurgia implorando para acabarem com a dor.
"Os médicos saíram da sala para falar com os meus pais e disseram que eu só tinha 10% de chance de viver".
Contra todas as expectativas, Renato sobreviveu à cirurgia e foi direto para o quarto de internação, sem necessidade de UTI. No entanto, o tratamento estava apenas começando. Após dias de antibióticos e exames, foi decidido que ele precisaria de uma segunda cirurgia, para remoção de tecidos ainda necrosados e instalação de uma bolsa de colostomia. "Nessa hora entrei em desespero", desabafou.
A nova condição trouxe dores intensas durante as trocas de curativos, agravadas pela remoção de grande parte da pele da região. "Eu gritava de dor, precisei tomar morfina por quatro dias. Eu não conseguia fazer nada, só ficar na cama."
Com o tempo, Renato começou a se recuperar. A terceira cirurgia, de reconstrução plástica, dependia da estabilização completa do quadro infeccioso. "Preciso que minha imunidade esteja boa, que a bactéria seja combatida 100%, porque a cirurgia plástica não pode ser feita com a saúde ruim", explicou à época. Todo o tratamento até então foi realizado pelo SUS. Por milagre, como ele mesmo explica, sua pele se recuperou e não foi preciso realizar a cirurgia de enxerto.
Mas ainda havia a necessidade de um novo procedimento. E a espera pela reconstrução do trânsito intestinal e a retirada da bolsa poderia levar até três anos. Em hospitais particulares, o custo da cirurgia varia entre R$ 30 mil e R$ 40 mil. Foi então que Renato decidiu recorrer às redes sociais.
O que ele não imaginava era que a resposta fosse tão rápida. "Em menos de 15 horas, a gente bateu a meta de R$ 35 mil. Foi bem impressionante. Eu não conseguia parar de chorar, porque na minha cabeça essa cirurgia ia demorar dois anos. E vou poder fazer mês que vem", comemorou em um vídeo publicado em suas redes.