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Glaucoma: conheça as diferentes formas da doença e como tratá-las

Diagnóstico precoce e realização correta do tratamento evita que enfermidade leve à cegueira

26 mai 2020 - 07h13
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O glaucoma é a segunda doença ocular que mais causa cegueira no mundo, porém, embora ainda não tenha cura nem prevenção, é possível tratá-la e evitar a perda de visão. Para isso, é importante fazer um acompanhamento periódico com um oftalmologista, tanto no sentido de ter um diagnóstico precoce quanto no de fazer o tratamento adequado.

Esse alerta que médicos especialistas na saúde dos olhos fazem ganha reforço no Dia Nacional de Combate ao Glaucoma, celebrado nesta terça-feira, 26. A Organização Mundial da Saúde estima que 76 milhões de pessoas tenham a doença em 2020 e faz uma projeção de 95,4 milhões para 2030.

A enfermidade caracteriza-se pela lesão do nervo óptico, que leva informações dos olhos ao cérebro. Esse dano é causado pelo aumento da pressão intraocular, que por sua vez tem como motivo uma alteração funcional que impede a saída de um líquido transparente, formado por água e sais dissolvidos, cuja função é manter a temperatura interna do olho, além de nutrir a córnea.

Quando esse líquido, chamado de humor aquoso, fica represado, a pressão dentro dos olhos aumenta e pode levar à morte das células sensoriais, o que causa o glaucoma. A falta de prevenção explica-se pelo fato de que, assim como a maioria das doenças oculares, o glaucoma está relacionado, na maior parte dos casos, ao avanço da idade. De acordo com a Sociedade Brasileira de Glaucoma, pelo menos 1,2 milhão de brasileiros acima de 40 anos têm a doença.

"Pessoas com mais de 40 anos têm mais propensão. Esse número aumenta caso exista algum familiar [com glaucoma]. O fator raça conta também: pessoas negras têm uma probabilidade maior de ter glaucoma", diz Minoru Fujii, oftalmologista do Hospital CEMA. Ele acrescenta, porém, que algumas crianças podem nascer com a doença e uma pessoa de 35 anos também pode ter, mas são casos mais raros.

E em tempos de pandemia do novo coronavírus, o oftalmologista Jayter Silva de Paula, especialista em glaucoma e médico parceiro da ZEISS, faz um alerta para evitar notícias falsas. "De acordo com estudos, ainda não finalizados, há uma possibilidade de o contágio da covid-19 causar conjuntivite e lesões de retina, bem como no sistema nervoso central, pulmão, intestino e outros órgãos. Não há nenhuma descrição, neste momento, de casos de glaucoma causados pela infecção do novo coronavírus."

Os médicos explicam que existem diferentes formas de glaucoma e para cada uma há um tratamento diferente. A seguir, saiba mais sobre a doença com base nas respostas dos dois especialistas:

O que é glaucoma?

É uma doença progressiva do nervo óptico, que sofre lesões causadas, na maioria das vezes, pelo aumento da pressão intraocular (dentro dos olhos). Esse dano compromete a capacidade de visão.

Quais são as causas do glaucoma?

Existem diferentes formas de glaucoma e cada uma pode ser provocada por um motivo, mas a maioria tem como fator de risco principal a idade avançada. O mais comum é o glaucoma primário de ângulo aberto, considerado crônico e causado por uma alteração funcional que impede a saída do humor aquoso (líquido de que falamos anteriormente) e aumenta a pressão intraocular.

Outro tipo é o glaucoma primário de ângulo fechado, que pode ocorrer de forma aguda quando a saída do humor aquoso é subitamente bloqueada, o que dá origem a um aumento rápido, doloroso e grave da pressão intraocular. Há, ainda, o glaucoma congênito, que é herdado geneticamente e pode ser diagnosticado logo ao nascimento. Esses casos são raros e devem ser tratados imediatamente.

Já as formas secundárias de glaucoma são causadas por traumas, uso de medicamentos - a exemplo de corticoides, e outras doenças oculares e sistêmicas, como as inflamações oculares graves.

Quais são os sintomas do glaucoma?

Na forma mais comum, o glaucoma não apresenta sintomas e o comprometimento da visão só é sentido quando o quadro já está avançado. Inicialmente, há perda da visão periférica (lateral) e depois o campo visual vai piorando progressivamente, podendo gerar uma visão tubular e, adiante, cegueira se a doença não for diagnosticada e tratada adequadamente.

Em casos menos frequentes, os sintomas podem ser: dor grave e súbita em um olho, visão diminuída ou embaçada, náusea e vômito, olhos vermelhos, aumento de um olho ou de ambos os olhos e alta sensibilidade à luz.

É possível prevenir o aparecimento do glaucoma?

Infelizmente, ainda não há como prevenir a doença, principalmente nas formas mais comuns. O que se pode fazer é manter hábitos que contribuem para ter o organismo saudável como um todo e consultar periodicamente um oftalmologista (veja mais abaixo). Além disso, é fundamental conhecer o histórico familiar de glaucoma e estar atento a possíveis mudanças visuais.

É possível prevenir a cegueira no glaucoma?

O diagnóstico correto e precoce do glaucoma junto com a realização correta do tratamento adequado são fundamentais para que a doença não progrida e leve à cegueira. Além de fazer um bom controle da enfermidade, também é preciso consultar regularmente o oftalmologista e, se necessário, realizar exames complementares de acuidade visual.

Como é feito o diagnóstico do glaucoma?

Somente o oftalmologista pode realizar o diagnóstico correto por meio de exames de fundo de olho, medidas da pressão intraocular e detecção de outras alterações no nervo óptico com aparelhos especializados para, então, confirmar a doença. Um diagnóstico mais rápido é possível por meio de consultas regulares com o oftalmologista, lembrando-se sempre de avisá-lo sobre possíveis sintomas e há quanto tempo apareceram. Outras informações importantes para dar ao médico é o histórico familiar da doença, doenças pré-existentes consideradas fatores de risco (diabete, problemas cardíacos, hipertensão e hipertireoidismo) e se faz uso de medicações de uso contínuo ou rotineiro.

Como é feito o tratamento do glaucoma?

O tratamento indicado vai depender do tipo e de quão severo é o glaucoma. Nos casos mais comuns, o de ângulo aberto, crônico, o mais indicado é o uso de colírios que diminuem a pressão dentro do olho. Na forma aguda da doença, além dos colírios, medicações por via oral ou endovenosa podem ser indicadas.

Já nos casos de glaucoma congênito e aqueles mais graves que não respondem ao tratamento medicamentoso, se faz necessário realizar procedimento cirúrgico. No caso do glaucoma de ângulo fechado (ou estreito), que ocorre de forma repentina, é possível realizar uma iridotomia a laser, procedimento cirúrgico no qual o médico faz um pequeno furo na superfície da íris (parte da cor do olho) a fim de regular a pressão intraocular.

Quando ir ao oftalmologista?

Toda pessoa com menos de 40 anos deve realizar um exame oftalmológico completo pelo menos a cada dois ou três anos. Indivíduos com menos de 40 anos que apresentem fatores de risco devem consultar um oftalmologista anualmente, ou conforme a orientação de seu médico. Todos com 40 anos ou mais devem realizar um exame oftalmológico abrangente com intervalo de um a dois anos, sendo que a frequência muda para anualmente caso apresente algum fator de risco ou se apresentar algum sinal ou sintoma do glaucoma.

Estadão
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