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Conheça o tipo de leucemia de Susana Vieira, que está na nova versão de 'Éramos Seis'

Atriz falou sobre seu diagnóstico da doença do tipo linfocítica crônica no final de 2018, um ano após passar por quimioterapia

30 set 2019 - 17h12
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Susana Vieira volta às telas da TV Globo nesta segunda-feira, 30, com a estreia da nova versão de Éramos Seis, novela que estreia na faixa das 18h. Aos 77 anos, a atriz que interpretará tia Emília convive com leucemia linfocítica crônica (LLC), doença comum em pessoas com média de idade de 65 anos. Em novembro de 2018, ela revelou que havia feito tratamento contra um câncer.

Recentemente, Susana afirmou que a doença está controlada. Embora ainda não tenha cura, a enfermidade é tratável e pode-se viver normalmente. Tanto que ela não desanimou e disse que não pretende parar de trabalhar por problemas de saúde.

"Fiquei com vontade de trabalhar, liguei para o Silvio [de Abreu, diretor geral de dramaturgia da Globo] e falei que queria voltar. Ele procurou algo bom para mim e veio esse papel maravilhoso. Uma novela das 6, com o Carlos Araújo [diretor da obra]. Estou muito feliz. Agradeço muito por eu não ter desistido de viver, não ter desistido de nada", completou.

O que é leucemia?

Leucemia é o nome que define um conjunto de cânceres que afetam os glóbulos brancos do sangue, responsáveis pelo sistema de defesa do organismo. A doença é caracterizada pela proliferação de células na medula óssea. "Podem ser células linfoides ou mieloides. Ao mesmo tempo, a doença pode ser aguda — de aparecimento rápido, e é uma emergência médica — ou crônica, de início lento", explica o hematologista Otavio Baiocchi, professor associado da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp).

No caso da LLC, as células do câncer se multiplicam normalmente, mas demoram para morrer. Os sintomas também demoram muito para aparecer e não há um fator de risco muito claro para o desenvolvimento da doença. "Sabe-se que exposição a inseticidas, radioativos e tratamento quimioterápico prévio podem favorecer", afirma o médico.

Já a leucemia linfocítica aguda (LLA) pode acometer pessoas de qualquer faixa etária, mas principalmente crianças. "É a doença mais comum de todos os cânceres até o 15 anos", diz Baiocchi. A enfermidade ocorre muitas vezes por alteração genética no linfócito prejudicado, mas é uma das doenças mais curáveis hoje em dia.

Sintomas da leucemia linfocítica crônica

O especialista da Unifesp explica que a LLC é uma doença que apresenta poucos sinais, que demoram para surgir. Quando se manifestam, a pessoa pode ter febre, suor em abundância — principalmente à noite —, infecções frequentes (devido à baixa na defesa do organismo e acúmulo de células anormais), fraqueza e perda de peso.

Dor óssea e articular também pode ocorrer e isso é um alerta, pois pode ser confundida com doenças reumáticas ou uma simples infecção de longa duração. "As pessoas vão ao infectologista, ao reumatologista, ao cardiologista, mas não ao hematologista", aponta Baiocchi.

Diagnóstico da leucemia

O principal indício de que uma pessoa pode ter leucemia é o aumento de linfócitos no sangue, que é facilmente verificado no hemograma (exame de sangue). A quantidade normal dessas células varia de 3,5 mil a quatro mil. Na LLC, o número pode passar dos 50 mil.

Em entrevista ao Fantástico, Susana Vieira contou que, em 2015, foi fazer exames pré-operatórios e o cardiologista se assustou com o resultado do hemograma dela. O médico aconselhou que ela buscasse um hematologista porque "tinha uma coisa estranha" ali.

Depois disso, ela fez diversos outros exames, incluindo a punção de medula, em que é retirado um líquido para análise. "O hematologista falou assim, friamente: 'a senhora é portadora de uma doença chamada LLC'. Aí eu falei: 'o que quer dizer?'. [O médico]: 'leucemia linfocítica crônica'. Eu não sabia o que era mais pesado: a leucemia, o linfocítico ou o crônico", relatou a atriz.

Embora outras doenças, a exemplo da dengue, cause aumento de linfócitos, Baiocchi recomenda que toda alteração como essa seja investigada. A orientação vale tanto para médicos quanto para pacientes, pois, segundo o hematologista, o aumento de linfócitos pode passar despercebido por muito tempo. Caso o hemograma ainda deixe dúvidas, um exame de fenotipagem vai identificar melhor o linfócito para saber se é anormal e cancerígeno. Também é feito pela coleta de sangue, mas a análise é mais criteriosa.

Tratamento para leucemia linfocítica crônica

Baiocchi diz que esse tipo de leucemia deve tratado quando há sintomas em evidência. "É uma doença de evolução muito lenta e, muitas vezes, o tratamento, como tudo na vida, é uma relação de risco e benefício. Por mais evoluído que o tratamento seja, muitas vezes vale mais a pena observar e tratar quando necessário, pois pode ter efeitos de que o paciente não precisa", explica.

Foi assim com Susana Vieira. Por recomendação médica, ela não iniciou o tratamento logo após o diagnóstico e só faria quimioterapia quando a imunidade baixasse. Ela seguiu normalmente com seu trabalho na novela A Regra do Jogo (2015), depois na apresentação do Vídeo Show (2016) e no seriado Os Dias Eram Assim (2017). Segundo ela, tudo foi como uma terapia.

Porém, no final de 2017, a atriz foi para Miami e pegou "uma gripe horrorosa". Ela conta que, quando voltou, não conseguia subir as escadas de casa, tinha dificuldade para respirar e não podia andar. "Tive de ficar na CTI [Centro de Tratamento e Terapia Intensiva] durante quase dez dias", relembra. Após sair do hospital, ela fez quimioterapia.

Para a LLC, a evolução da medicina permite agora um tratamento sem quimioterapia. Segundo Baiocchi, o novo medicamento age diretamente na mutação que faz com que as células cancerígenas demorem a morrer. Diferente da quimio, que não diferencia o que está doente do que está saudável, a nova droga tem um alvo específico, é mais segura e tem menos efeitos colaterais — embora nenhum remédio esteja isento.

Ainda assim, o médico afirma que a conduta de esperar para ver como a LLC vai se desenvolver é a melhor estratégia. "Até o momento, a doença é incurável, mas essa droga pode mudar esse panorama no futuro. Mas a droga é nova, precisa de tempo [até encontrar a cura]", diz o hematologista.

Estadão
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