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Câncer colorretal: 10 perguntas e respostas sobre a doença que afeta intestino e reto

Tumor é o terceiro mais frequente em homens e o segundo em mulheres no Brasil

20 mar 2019 - 07h14
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O câncer colorretal, mais conhecido como câncer de intestino, é o terceiro mais frequente em homens e o segundo entre as mulheres, segundo dados do Instituto Nacional de Câncer. Para 2019, o órgão estima mais de 17 mil casos novos no sexo masculino e quase 19 mil, no feminino.

"A recomendação das sociedades de oncologia é que pessoas acima de 45 anos façam a colonoscopia, mesmo sem fatores de risco, pólipo (verruga) ou doença inflamatória. Se estiver tudo normal, pode repetir o exame dentro de cinco anos. Se identificar algum pólipo, repetir anualmente", orienta Ricardo Carvalho, titular do departamento de tumores gastrointestinais da Beneficência Portuguesa de São Paulo.

A colonoscopia e o próprio câncer colorretal podem gerar um tabu entre as pessoas, embora a doença seja tão comum. Com vergonha de falar sobre o assunto, dúvidas sobre o diagnóstico, tratamento e possível cura podem surgir, então o E+ selecionou as pesquisas mais realizadas na internet sobre o tema e conversou com o oncologista para respondê-las.

Confira a seguir perguntas e respostas sobre o câncer colorretal:

O que é câncer colorretal?

É um tumor muito comum que acomete o intestino grosso e o reto. Também é o tumor mais comum que afeta o aparelho digestivo. É a terceira causa de morte nos Estados Unidos e a quarta no mundo. Em 95% dos casos, o câncer colorretal é do tipo adenocarcinoma, mas há outros raros que vão ser determinados pela biópsia. A idade mais comum em que ele ocorre é por volta dos 60 anos e 65 anos e a incidência é semelhante entre homens e mulheres.

Quais são as causas do câncer colorretal?

É uma doença multifatorial. Tem fator genético, mas com menor peso. Só o fato de ter um parente em primeiro grau com câncer colorretal faz com que a pessoa tenha duas vezes mais chances de desenvolver a doença. Outros fatores estão ligados a síndromes genéticas, mas são raras. Há ainda fatores externos, ambientais, como obesidade (devido ao estado inflamatório que é uma agressão ao intestino), dietas com alta ingestão de carne vermelha, processados, industrializados (como presunto, salame, embutidos e enlatados) e pobres em frutas, vegetais e fibras. Tabagismo e alcoolismo também são causas possíveis.

Quais são os sintomas do câncer colorretal?

O câncer colorretal pode ser traiçoeiro porque muitas vezes começa com uma pequena lesão ou ferida no intestino, um pólipo (verruga), que não vai apresentar sintomas. Para os sintomas começarem a aparecer, a lesão estará avançada e isso pode causar obstrução no intestino e dificultar a passagem das fezes ou se aprofundar nas camadas do intestino, provocando dor. Os sintomas são sangramento nas fezes, alteração no calibre das fezes (muito finas ou diarreia não comum), alteração na frequência de ir ao banheiro, constipação. Ou seja, qualquer alteração no hábito intestinal. Pode ocorrer, ainda, dor abdominal, perda de peso e vômitos em casos mais avançados.

Como é feito o diagnóstico do câncer colorretal?

Com base nos sintomas, pede-se para fazer uma colonoscopia que, por meio de uma câmera introduzida pelo ânus, vai visualizar todo o intestino. Onde houve uma lesão, um pedaço é retirado para biópsia a fim de determinar se é câncer ou tumor benigno. Confirmando pela biópsia que é câncer colorretal, outros exames são necessários para ver se está em fase inicial ou se já tem metástase.

Quais os tratamentos para câncer colorretal?

Depende do estágio da doença. Pode envolver desde somente retirada de um pólipo, em que na minoria dos casos é possível fazer sem cirurgia. Em 80% dos casos, há estágio avançado e se faz cirurgia. Além disso, quando acomete também o reto, faz-se radioterapia. Após o tratamento cirúrgico, pode fazer quimioterapia para diminuir a chance de o tumor voltar. Nos casos em que há metástase, o tratamento passa a ser paliativo, oferecendo maior qualidade de vida para o paciente e quimioterapia com novas drogas. Nesses casos, a retirada do câncer pode ou não ser indicada.

Câncer colorretal tem cura?

É uma doença tratável e frequentemente curável. Mesmo nos casos de metástase, dependendo da extensão, é possível a cura. Com as técnicas modernas de tratamento, 20% dos pacientes metastáticos conseguem a cura, desde que tenham acesso. Nos anos 2000, quem tinha câncer metastático vivia cerca de 12 meses. Hoje, mesmo em situações incuráveis, há sobrevida de 40 meses.

Exame de sangue detecta câncer de intestino? E tomografia?

Existe o exame de CEA, uma proteína que se eleva pela presença do tumor e é dosada no sangue. Quando está elevada, pode indicar um problema no intestino, não necessariamente câncer. Mas nem todo câncer no intestino eleva a CEA, o que dá uma alta taxa de resultados falso-negativos. Ou o contrário: a pessoa pode ter a taxa elevada e não ser câncer de intestino, pois outras doenças também aumentam essa proteína. Então o exame de sangue não tem alto grau de confiabilidade. O melhor é fazer colonoscopia. Já a tomografia consegue identificar presença de lesão em estágios avançados, mas não tem como recolher material para análise.

Lesão ou úlcera no intestino pode ser câncer?

Úlcera no intestino é uma das formas de apresentação do câncer colorretal, mas pode ser causada por vários fatores, com doenças inflamatórias intestinais até parasitose. Se a pessoa fez colonoscopia e tem úlcera, esta deve ir para biópsia e tem de aguardar o resultado.

Babosa cura câncer de intestino?

Isso é um mito. Até hoje não existe estudo que comprove que a babosa tem papel na cura no câncer de intestino. Há estudos muito preliminares que indicam que pode ter algum efeito, mas não se sabe qual, em que concentração, se é tóxico para outros órgão. Até que se tenha uma maior elucidação sobre isso, nós desencorajamos quem tem câncer a recorrer a isso. A pessoa até pode, por crença, buscar outras alternativas, mas é importante não deixar de seguir a medicina convencional.

Há alimentos que curam o câncer de intestino?

A questão maior da dieta é a pessoa sob risco modificar o hábito alimentar, ingerir mais frutas, vegetais, verduras, fibras e fazer exercício físico. É mudar dieta para prevenir o tumor. Uma vez que a doença foi diagnosticada, vale o mesmo. Durante o tratamento, não tem muita restrição na dieta.

Estadão
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