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Piscar pode revelar se alguém está prestando atenção; entenda

Estudo mostra que a frequência das piscadas diminui quando o cérebro precisa se concentrar, especialmente em ambientes barulhentos; saiba mais

24 dez 2025 - 14h06
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Piscar os olhos é um gesto automático, quase invisível no dia a dia. Ele mantém a superfície ocular hidratada, protegida e saudável. Ainda assim, esse movimento aparentemente simples carrega mais informações sobre o nosso estado mental do que se imaginava. Pesquisas recentes mostram que a frequência das piscadas muda de forma consistente quando o cérebro precisa se concentrar, especialmente em situações em que ouvir e entender exige esforço.

Piscar menos pode indicar foco e maior carga cognitiva; estudo explica como o cérebro ajusta as piscadas quando precisamos prestar atenção
Piscar menos pode indicar foco e maior carga cognitiva; estudo explica como o cérebro ajusta as piscadas quando precisamos prestar atenção
Foto: Reprodução: Mypointofview/Pexels / Bons Fluidos

Um estudo conduzido por pesquisadores da Universidade Concordia, no Canadá, e publicado na revista científica Trends in Hearing, investigou a relação entre o piscar dos olhos e a chamada carga cognitiva, ou seja, o volume de recursos mentais mobilizados para realizar uma tarefa. A conclusão foi clara: quanto maior o esforço para compreender o que está sendo dito, menos piscamos.

O que acontece com o piscar quando o cérebro precisa se esforçar?

Para entender essa relação, os cientistas acompanharam quase 50 adultos jovens, todos com audição dentro da normalidade. Em uma sala acusticamente isolada, os participantes ouviam frases curtas por fones de ouvido enquanto mantinham o olhar fixo em um ponto na tela. A tarefa parecia simples: repetir em voz alta o que tinham entendido.

O desafio estava nas condições. Em alguns momentos, a fala era clara; em outros, vinha misturada a ruídos intensos, tornando a compreensão mais difícil. Em parte dos testes, a iluminação do ambiente também variava - de salas mais escuras a muito claras.

Com óculos de rastreamento ocular, cada piscada foi registrada com precisão, do início ao fim. Os pesquisadores analisaram o comportamento antes, durante e depois da apresentação das frases. O padrão foi consistente: durante a fala, especialmente quando o ruído aumentava, a taxa de piscadas caía de forma evidente. Assim que a frase terminava, o piscar voltava a se intensificar.

Não é cansaço visual, é esforço mental

Um dado importante chamou a atenção: a iluminação não alterou o padrão das piscadas. As pessoas piscavam praticamente da mesma forma em ambientes claros ou escuros. Isso reforça a ideia de que a redução do piscar não está ligada ao desconforto nos olhos, mas sim ao esforço cognitivo exigido pela escuta.

"Queríamos saber se o piscar de olhos era afetado por fatores ambientais e como isso se relacionava com a função executiva", explicou a pesquisadora Pénélope Coupal. "Por exemplo, existe um momento estratégico em que uma pessoa pisca para não perder o que está sendo dito?" Segundo ela, os resultados indicam que esse momento existe. "Não piscamos aleatoriamente. Na verdade, piscamos sistematicamente menos quando informações relevantes são apresentadas."

Por que piscamos menos quando estamos concentrados?

Uma das explicações propostas é que cada piscada provoca uma interrupção mínima na entrada de informações sensoriais. Mesmo durando frações de segundo, ela cria uma pequena "pausa" na percepção. Quando o cérebro está lidando com algo desafiador, reduzir esse reflexo pode ser uma estratégia automática para não perder dados importantes.

"Outra hipótese é que o piscar funcione como uma espécie de marcador de transição mental. Piscamos mais quando uma tarefa termina, quando a atenção relaxa ou quando há uma mudança de foco. Em situações de alta demanda, esse "intervalo" é adiado. Presumivelmente, é por isso que suprimimos o piscar de olhos quando informações importantes estão chegando", afirmou o psicólogo Mickael Deroche, coautor do estudo.

E quando alguém pisca demais?

Se, por um lado, menos piscadas podem indicar foco intenso, o excesso de piscadas em interações sociais costuma ter outro significado. Em conversas, apresentações ou situações de exposição, piscar mais do que o habitual pode estar associado a ansiedade, nervosismo ou desconforto emocional.

O estresse ativa o sistema nervoso simpático, responsável por respostas automáticas do corpo, incluindo o aumento de movimentos involuntários. Além disso, olhos secos, fadiga ocular, uso prolongado de telas ou condições ambientais também podem influenciar esse comportamento. Por isso, o contexto é fundamental. O corpo fala, mas ele sempre fala em conjunto com o ambiente e a situação.

O que essa descoberta pode mudar?

Tradicionalmente, pesquisas sobre atenção usam a dilatação da pupila como principal indicador de esforço mental, tratando as piscadas apenas como "ruído" nos dados. Esse estudo propõe uma mudança de olhar: o piscar, por si só, carrega informação relevante e pode se tornar uma métrica simples e acessível para estimar carga cognitiva.

No futuro, padrões de piscadas podem ajudar a identificar sobrecarga mental, dificuldades de escuta em ambientes barulhentos ou níveis de atenção em situações reais do cotidiano. Os próprios autores ressaltam, porém, que ainda são necessários mais estudos, com tarefas mais complexas e diferentes perfis de participantes. 

Enquanto isso, uma expressão popular ganha respaldo científico: quando alguém "nem pisca", talvez não seja exagero. Pode ser apenas o cérebro trabalhando intensamente para dar conta do que está ouvindo.

Bons Fluidos
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