Por que a Geração Z prefere mudar de trabalho em menos de um ano?
Da alta rotatividade ao "minimalismo de carreira", a Geração Z redefine o sucesso com múltiplas rendas, flexibilidade e novos modelos de liderança
A Geração Z, formada por jovens nascidos entre 1997 e 2012, está mudando a lógica do mercado de trabalho em um ritmo intenso. Seus primeiros passos profissionais aconteceram em meio à pandemia e ao trabalho remoto, e agora eles encaram um cenário em que a tecnologia (especialmente a inteligência artificial) avança, remodelando funções e mudando oportunidades.
De acordo com levantamento da Randstad, 54% dos jovens afirmam estar em busca constante de novas vagas, enquanto 33% planejam deixar o emprego atual em menos de um ano. Essa alta rotatividade não tem a ver, necessariamente, com salários mais altos ou deslealdade, mas com a necessidade de aprender continuamente, adquirir novas competências e manter-se competitivo.
Do emprego vitalício ao ciclo de trocas constantes
No passado, era comum começar a carreira em uma empresa e permanecer nela até a aposentadoria. Esse cenário praticamente desapareceu. Hoje, os dados mostram que os profissionais da Geração Z ficam, em média, 1,1 ano no mesmo emprego, contra 1,8 ano dos millennials, 2,8 anos da Geração X e 2,9 anos dos baby boomers.
Apesar das mudanças, trocar de emprego já não garante aumentos salariais expressivos como acontecia alguns anos atrás. Ainda assim, os jovens preferem movimentar-se em busca de alinhamento com seus valores e oportunidades de crescimento. Como resultado, a estabilidade no emprego está diminuindo: os jovens trabalhadores de hoje estão mudando de emprego mais rápido do que qualquer geração anterior.
A pesquisa indica que 68% da Geração Z se declaram comprometidos com seus trabalhos, mas sentem que a função atual não corresponde às suas necessidades ou não impulsiona seu desenvolvimento. Além disso, 40% afirmam considerar sempre os objetivos de longo prazo ao aceitar uma nova oportunidade, a maior taxa entre todas as gerações no mercado. Esse comportamento reforça uma tendência: o que importa não é o tempo de permanência, mas o quanto a experiência contribui para a evolução profissional.
Minimalismo de carreira
Mais da metade da Geração Z tem trabalhos paralelos, os famosos "bicos", enquanto apenas 14% ocupam cargos de gestão aos 27 anos. Não se trata de falta de ambição, mas de uma redefinição de sucesso. Muitos preferem abrir mão de promoções que não venham acompanhadas de status ou aumento salarial.
Esse movimento tem nome: "minimalismo de carreira". Em vez de subir degraus na hierarquia tradicional, esses jovens optam por flexibilidade, múltiplas fontes de renda e equilíbrio entre vida pessoal e profissional.
Para parte deles, o emprego fixo funciona como base para financiar projetos pessoais e empreendedores. É o conceito do "9 às 5 banca o 5 às 9" - onde a rotina tradicional serve para garantir estabilidade, enquanto os horários livres são dedicados a atividades mais criativas e alinhadas ao propósito pessoal. Esse modelo mostra como os jovens buscam autonomia: os trabalhos paralelos não são apenas renda extra, mas também uma forma de se expressar e alcançar satisfação profissional.
O que outras gerações podem aprender
Embora sejam vistos como impacientes, os jovens trazem lições valiosas: diversificar fontes de renda, integrar tecnologia com inteligência, preservar saúde mental e medir sucesso por resultados reais. A Geração Z não está abandonando o mercado, mas reinventando a maneira de se relacionar com ele. Suas escolhas refletem uma busca por autonomia, múltiplas frentes de atuação e qualidade de vida. Diante da instabilidade e das mudanças aceleradas pela tecnologia, eles mostram que o futuro da carreira pode ser mais flexível, humano e sustentável.