Oniomania: saiba mais sobre a síndrome de compras compulsivas e como tratá-la
Compulsão por compras pode afetar finanças, relacionamentos e saúde mental; saiba como identificar os sinais e buscar tratamento
A vontade de adquirir algo novo faz parte da rotina de muitas pessoas. No entanto, para quem sofre de oniomania, também chamada de síndrome de compra compulsiva, esse desejo ultrapassa o simples prazer de consumir e se transforma em um transtorno psicológico que impacta diretamente a vida emocional, financeira e social.
O que é a oniomania?
A condição se caracteriza pelo impulso irresistível de comprar, mesmo quando não há necessidade ou recursos para isso. Em geral, o ato de consumir funciona como uma válvula de escape para desconfortos emocionais - como ansiedade, tristeza ou estresse. O problema é que esse alívio dura pouco e, logo depois, surgem sentimentos de culpa, arrependimento e frustração.
O cenário atual também favorece o descontrole: compras online, descontos relâmpago e estratégias de marketing que criam senso de urgência são gatilhos que podem intensificar o comportamento compulsivo.
Sinais de alerta
Nem sempre é fácil identificar a oniomania, já que muitas pessoas tendem a negar o problema. Porém, alguns sinais podem servir de alerta:
- Descontrole financeiro: dívidas e gastos além do que é possível pagar;
- Compras escondidas: hábito de ocultar itens adquiridos para evitar julgamentos;
- Acúmulo de objetos repetidos: roupas que nunca foram usadas ou produtos iguais aos já existentes;
- Abstinência de consumo: irritabilidade e ansiedade quando não conseguem comprar;
- Culpa: sensação de alívio que logo dá lugar ao remorso.
Impactos além do bolso
Os prejuízos da oniomania não se limitam ao financeiro. Relações pessoais podem se desgastar, e a saúde mental tende a afetar-se. Conflitos familiares, isolamento e níveis elevados de ansiedade são frequentes. Estudos mostram ainda que a compulsão por compras pode estar associada a outros transtornos, como depressão, transtornos alimentares ou até dependência química, o que revela a complexidade do problema.
Diagnóstico e tratamento
O diagnóstico deve ser feito por um psicólogo ou psiquiatra, que avaliam sintomas, histórico e possíveis gatilhos. A boa notícia é que, com acompanhamento adequado, é possível controlar a condição. A Terapia Cognitivo-comportamental (TCC) é uma das principais abordagens, pois ajuda a identificar os gatilhos emocionais e desenvolver estratégias para lidar com eles. Em alguns casos, quando há associação com ansiedade ou depressão, o uso de medicamentos antidepressivos ou estabilizadores de humor pode ser indicado por um médico.
Além disso, grupos de apoio, como os Devedores Anônimos, oferecem um espaço de acolhimento e troca de experiências. A terapia em grupo também pode contribuir para o processo de aceitação e mudança.
Como prevenir que o consumo fuja do controle
Nem todo consumidor é compulsivo, mas adotar hábitos conscientes pode evitar que as compras se tornem um problema:
- Planeje suas compras e estabeleça um orçamento;
- Espere 24 horas antes de adquirir algo não planejado;
- Use listas e evite itens fora delas;
- Não compre para compensar tristeza ou ansiedade. Procure alternativas, como exercícios ou hobbies;
- Reduza a exposição a gatilhos, como notificações de promoções e perfis de consumo;
- Converse sobre finanças com pessoas de confiança;
- Estabeleça metas de longo prazo, como economizar para uma viagem ou reserva financeira.
A oniomania é mais do que gostar de comprar: trata-se de um transtorno que envolve questões emocionais profundas. Reconhecer os sinais e buscar ajuda são passos essenciais para reconstruir uma relação mais saudável com o consumo - e com as próprias emoções.