Faustão teve prioridade nos transplantes? Entenda como funciona a fila para o procedimento
Entenda como funciona a fila única de transplantes no Brasil e quais são os critérios para ter prioridade no procedimento
Nos últimos dias, o apresentador Faustão, de 75 anos, foi submetido a um transplante de fígado e um retransplante renal - cirurgia que já vinha sendo planejada há cerca de um ano. A situação despertou algumas dúvidas na população: como funciona o sistema de transplantes no Brasil? O que leva um paciente a precisar de um novo órgão em um curto intervalo de tempo?
Faustão teve prioridade nos transplantes?
Com quatro transplantes realizados nos últimos dois anos, o apresentador seguiu os critérios previstos pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Isso inclui a prioridade técnica para pacientes com falência hepática após transplantes anteriores. Essa prioridade é garantida pelo Sistema Nacional de Transplantes (SNT), e acontece quando o paciente apresenta falência hepática súbita.
No caso específico de pacientes que já passaram por transplantes anteriores de órgãos sólidos, como rim ou coração (sendo esse o caso de Faustão), o fígado pode sofrer impacto ao longo do tempo. Isso acontece por alterações metabólicas, uso intensivo de medicações e intercorrências do pós-operatório. Quando essas complicações levam à perda da função hepática e o órgão transplantado anteriormente segue funcionando bem, os protocolos técnicos do Ministério da Saúde garantem a esses pacientes prioridade na fila como medida para proteger a sobrevida e o sucesso do transplante anterior.
Brasil é referência em transplantes
O Brasil é hoje uma referência global em transplantes de fígado, com taxas de sobrevida que variam entre 80% e 90% no primeiro ano após a cirurgia. Esse resultado é fruto do trabalho de equipes multidisciplinares e do avanço constante de técnicas cirúrgicas e medicamentos. No país, a fila de transplantes é única, auditada e regida por critérios rigorosos (como tipo sanguíneo, gravidade do quadro e compatibilidade física do órgão), sem distinção entre pacientes da rede pública e privada.
O pós-operatório exige acompanhamento contínuo, uso vitalício de medicamentos imunossupressores e vigilância contra infecções ou complicações. Quando ocorrem situações graves, como não funcionamento primário do órgão ou trombose das artérias hepáticas, um novo transplante pode ser necessário com prioridade máxima.
SUS bate recorde histórico em 2024
O cenário de transplantes no país vive um momento de destaque. Em 2024, o Brasil realizou mais de 30 mil transplantes pelo Sistema Único de Saúde (SUS) - um crescimento de 18% em relação a 2022. Esse número mantém o país como líder mundial em transplantes realizados integralmente por um sistema público de saúde.
Além do recorde, o Ministério da Saúde anunciou avanços como a Prova Cruzada Virtual, exame que pode agilizar a distribuição de órgãos como rim, pâncreas, coração e pulmão, reduzindo o tempo entre a doação e a cirurgia e diminuindo os riscos de rejeição. Atualmente, 78 mil brasileiros aguardam um órgão, sendo os mais demandados rim (42.838), córnea (32.349) e fígado (2.387). Entre os órgãos mais transplantados em 2024, lideram a córnea (17.107), rim (6.320), medula óssea (3.743) e fígado (2.454).