Após revelação de crime, detenta trans, Drauzio Varella e Globo se manifestam
'Nenhum momento tentei me passar como inocente', diz Suzy Oliveira que foi condenada por estuprar e matar uma criança de 9 anos
Suzy Oliveira ficou conhecida nacionalmente ao ser entrevistada e abraçada por Drauzio Varella durante reportagem do Fantástico sobre presas trans em penitenciárias masculinas. No entanto, mais detalhes sobre a história da detenta se tornaram públicos nos últimos dias. De acordo com a Revisão Criminal nº 0045326-61.2015.8.26.0000, Suzy foi condenada por estuprar e matar uma criança de 9 anos. O crime ocorreu na zona leste de São Paulo, em 2010, quando Suzy ainda utilizava seu nome masculino. Ela está presa desde então.
A advogada de Suzy, Bruna Castro, publicou em seu instagram uma carta atribuída à detenta, onde ela diz que não foi perguntada pelo programa sobre seus crimes. "Eu sei que errei e muito. Em nenhum momento tentei me passar como inocente. Desde aquele dia me arrependi e hoje estou aqui pagando tudo que cometi".
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As informações sobre a condenação foram divulgadas pelo perfil do Grupo de Ciências Criminais no Instagram, que posteriormente apagou o post. "O processo já transitou em julgado e Suzy está cumprindo sua pena, sem necessidade de linchamento ou julgamento virtual", informa nota divulgada pelo grupo.
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Durante a reportagem, exibida na edição de 1º de março, Suzy recebeu um abraço de Drauzio ao revelar que não recebia visitas há sete ou oito anos. "Solidão, né, minha filha", disse o médico no momento. A exibição gerou uma onda de compaixão nas redes, com internautas buscando maneiras para enviar cartas à detenta e organizando vaquinhas virtuais.
Drauzio e o programa foram criticados nas redes sociais por supostamente esconder os crimes cometidos por Suzy.
'Sou médico, não juiz', diz Drauzio Varella sobre polêmica envolvendo presa trans
Após a repercussão, Drauzio divulgou neste domingo, 8, um comunicado na qual afirma que há 30 anos frequenta penitenciárias para tratar da saúde de detentos e que não pergunta o que seus pacientes possam ter feito de errado. "Sigo essa conduta para que meu julgamento pessoal não me impeça de cumprir o juramento que fiz ao me tornar médico". O médico afirma que segue os mesmos princípios em seu trabalho televisivo, e que não perguntou para nenhuma das entrevistadas sobre os delitos cometidos. "Sou médico, não juiz", conclui.Esclarecimento do dr. Drauzio sobre a reportagem produzida e veiculada pelo @showdavida, no último domingo, 01 de Março. pic.twitter.com/b02JQ5tW9d
— Portal Drauzio Varella (@drauziovarella) March 8, 2020
As reações contra o médico e a rede Globo continuaram, inclusive com publicações nas redes sociais do ministro da Educação Abraham Weintraub e do deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP).
Não é juiz? Não é gente?!
Você e marinho NÃO conseguem pedir desculpas!
NÃO têm empatia ou compaixão com as crianças e famílias vítimas desse pedófilo!
Continuem defendendo esse estuprador assassino, vocês se merecem.
Antes que eu esqueça: desejo que vocês terminem no inferno! pic.twitter.com/Sd5preihIe
— Abraham Weintraub (@AbrahamWeint) March 9, 2020
As tags #DrauzioVarellaLixo e #BoicoteAGlobo figuraram entre os trending topics do Twitter desde a revelação. Nota lida durante o Fantástico afirma que "os crimes das entrevistadas não foram divulgados, porque este não era o objetivo". O programa também declarou apoio integral ao comunicado divulgado por Drauzio.
Quadro com doutor Drauzio Varella sobre mulheres trans em presídios brasileiros, exibida na semana passada, gerou muita empatia no público, mas também críticas por não mencionar os crimes que elas haviam cometido. Veja nota do médico e do #Fantástico https://t.co/Gwafzvsfqf pic.twitter.com/THOR0VP63W
— Fantástico (@showdavida) March 9, 2020
Dois dias após o primeiro posicionamento, Drauzio Varella divulgou um vídeo no seu canal no YouTube em que pede desculpas à família da criança assassinada por Suzy. Ele também "lamenta" se frustrou alguém e "assume totalmente a responsabilidade pela repercussão negativa".