Sou de Algodão brilhou na SPFW 2025 com desfile que celebrou a moda consciente
O movimento Sou de Algodão, iniciativa da Associação Brasileira dos Produtores de Algodão (Abrapa), voltou à passarela da São Paulo Fashion Week 2025 para um momento histórico. Em seu quarto desfile no evento, o grupo reafirmou a força da moda rastreável com a coleção "Trajetórias", que celebrou o caminho da fibra natural desde o campo até a criação autoral.
O desfile, realizado no Pavilhão das Culturas Brasileiras, no Parque Ibirapuera, reuniu 36 looks all black desenvolvidos a partir do algodão com certificação socioambiental ABR (Algodão Brasileiro Responsável). Cada peça trouxe consigo o percurso da fibra — do cultivo nas fazendas até a passarela — mostrando como sustentabilidade, inovação e design caminham juntos no futuro da moda.
Moda rastreável: o protagonismo da transparência
Nesta edição, o Sou de Algodão apresentou um retrato inédito da rastreabilidade do algodão no Brasil. A coleção envolveu 82 fazendas, 61 produtores, seis estados e seis indústrias têxteis que integram a cadeia certificada ABR.
"Em nosso quarto desfile na SPFW, a rastreabilidade do algodão brasileiro com certificação socioambiental assumiu o protagonismo", destacou Silmara Ferraresi, gestora do movimento. "Foi uma trajetória coletiva que reuniu produtores, indústrias e estilistas para mostrar que o futuro da moda é responsável e transparente."
O presidente da Abrapa, Gustavo Piccoli, reforçou a importância da conexão entre campo e passarela: "Cada peça é fruto de uma ligação genuína entre quem produz e quem cria. O algodão brasileiro é símbolo de qualidade e compromisso com práticas responsáveis."
Seis estados, uma só fibra
As peças apresentadas foram confeccionadas com algodão cultivado na Bahia, Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais e Piauí — estados onde o programa ABR certifica propriedades que seguem altos padrões sociais e ambientais.
Na parte industrial, seis grandes nomes da tecelagem nacional participaram do processo: Cataguases, RenauxView, Santana Textiles, Vicunha, Dalila e Fio Puro. Juntas, elas completaram o ciclo da fibra até o tecido final, reforçando a importância da cadeia de custódia do algodão brasileiro.
O conceito "Trajetórias", por Paulo Martinez
Com styling assinado por Paulo Martinez, o desfile traduziu a ideia de jornada e conexão. O preto absoluto simbolizou a união de todas as cores e etapas do processo criativo — uma celebração dos 30 anos da SPFW em tom de elegância e respeito.
"O conceito do all black veio de um lugar de comemoração. É uma homenagem a todos que constroem a moda de forma consciente e coletiva", explicou Martinez.
Seis estilistas, seis visões do algodão
Cada estilista interpretou o algodão de um jeito único:
- Alexandre Herchcovitch apostou em uma leitura sofisticada da fibra, destacando o tricoline e o denim crus.
- ALUF mostrou que o algodão também pode ser luxo, com vestidos de festa e silhuetas esculturais.
- Amapô revisitou peças icônicas da marca em versão all black, unindo memória e reinvenção.
- David Lee transformou o percurso do algodão em metáforas visuais, inspiradas em mapas e estradas.
- Fernanda Yamamoto explorou a versatilidade da fibra em estruturas precisas e arquitetônicas.
- Weider Silveiro trouxe uma alfaiataria desconstruída, fluida e sem gênero.
Cada criação reforçou a versatilidade do algodão e o poder de uma moda que valoriza suas origens.
O algodão como símbolo de união
Mais do que um desfile, "Trajetórias" foi uma celebração coletiva. Das fazendas às passarelas, o Sou de Algodão mostrou que a moda do futuro é feita de colaboração, transparência e propósito.
Como definiu Paulo Borges, idealizador da SPFW: "Ver o Sou de Algodão celebrar essa trajetória é testemunhar a força da moda brasileira quando ela se conecta à sua origem. É o ciclo completo da fibra à criação — uma prova de que inovação e responsabilidade caminham juntas."