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Bárbara Berger não sonhava em ser modelo: 'queria comer'

Nascida no Paraná, a modelo de 27 anos que já desfilou em semanas de moda nacionais e internacionais falou sobre sua trajetória, desafios e dicas de beleza para o Terra

25 abr 2014 - 15h31
(atualizado em 1/7/2015 às 12h49)
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Ela já estampou capas de revistas renomadas, subiu na passarela do São Paulo Fashion Week pouco depois de começar uma carreira despretensiosa de modelo em Ponta Grossa, no interior do Paraná, desfilou em semanas de moda internacionais e se mudou para Nova York pelo trabalho. Ainda assim, Bárbara Berger, de 27 anos, não faz o tipo de mulher que sonha em modelar desde criança. “Quando eu tinha uns 15 anos passou uma reportagem na televisão com a Gisele [Bündchen], naquela época em que ela estava estourando, e meu pai falou assim: ‘ah, você podia ter essa carreira, dá para viajar, é tão bom’. Eu respondi: ‘isso não é pra mim. Tem que ficar muito magra’. Eu queria comer”, diz ela aos risos durante uma entrevista exclusiva para o Terra em Fortaleza, no Ceará.

Foto: Fernanda Frozza / Terra

Por sorte, Bárbara ouviu o conselho do pai dois anos depois. A partir daí, não demorou muito para que virasse um dos nomes requisitados em passarelas e editoriais. Junto com o sucesso, ela aprendeu a lidar com a rotina corrida, redobrou a atenção com a alimentação, teve que apostar no Skype para matar a saudade da família e amadureceu na marra. “Até de me trocar na frente de um monte de menino eu tinha vergonha, mas passou, porque tá todo mundo ali, ninguém tá olhando para o seu corpo, então eu não me importo”, conta.

Bárbara recebeu a reportagem do Terra numa quinta-feira de manhã em um dos hotéis do Beach Park, pouco antes de desfilar no Dragão Fashion Brasil, a maior semana de moda do nordeste. “Assim que a gente acabar vou aproveitar o tempo livre para tomar sol e pular na piscina”, avisou. De chapéu, saia longa, camiseta e alpargatas, ela falou sobre os desafios do mundo fashion, cuidados com o corpo, o sonho de ter filho com o também modelo Fernando Freire, com quem é casada há dois anos, e as diferenças em trabalhar dentro e fora do Brasil. Confira a seguir.

Terra - Você já participou de desfiles internacionais, fez editoriais para Vogue e Elle, o que falta para fazer na sua carreira?

Bárbara Berger - Eu não sei se falta alguma coisa. Todos os meus sonhos foram realizados. Eu sou bem realizada na minha carreira. Não acho que falta nada. A minha única esperança é continuar trabalhando porque eu gosto tanto do que eu faço, mas eu tenho 27 e a carreira de modelo é curta. Então a única coisa que eu espero é ter mais uns anos aí pela frente. Isso já está ótimo.

Terra - Quais foram os maiores desafios que você enfrentou para ser modelo?

B.B - O primeiro é ficar longe de casa, você não sabe o que comer ainda... A gente é muito acostumado com colo de mãe, então acho que essa foi a pior parte. Quando eu comecei não tinha Skype, não existiam essas coisas. Era tudo carta ou telefone, era mais difícil a comunicação. Hoje em dia com Skype você pelo menos consegue ver a pessoa, é bem melhor, mas ficar longe, num país que você não sabe a língua e não conhece ninguém é muito difícil.

Você amadurece muito rápido. É uma coisa que a carreira exige de você logo de cara e as meninas às vezes ficam fora da casinha, mas ao mesmo tempo em que é ruim é muito bom, porque são coisas que a carreira te proporciona que acho que nenhuma outra te proporcionaria tão rápido, como viajar, conhecer o mundo, gente diferente e culturas diferentes. Tudo tem seu lado ruim e seu lado bom. É só saber aproveitar o seu tempo longe de casa.

Terra - Como você começou?

B.B - Quando eu tinha uns 15 anos passou uma reportagem na televisão com a Gisele [Bündchen], naquela época em que ela estava estourando, e meu pai falou assim: “ah, você podia ter essa carreira, dá para viajar, é tão bom”. Eu respondi: “isso não é pra mim. Tem que ficar muito magra”. Eu queria comer. Aí passaram uns dois anos e eu entrei na Ford Curitiba porque todo mundo falava pra eu ser modelo. E logo que eu entrei já me levaram pra São Paulo, era época de Fashion Week e eu cheguei uma semana antes. Foi tudo muito rápido, as coisas já foram acontecendo. Fiz São Paulo Fashion Week, depois já fui pra Nova York e não parei mais.

Terra - Há quanto tempo você mora em Nova York?

B.B - Faz 7 anos que eu moro lá e eu comecei a ser modelo há 10.

Terra - Você veio agora para o Brasil só para o Dragão Fashion?

B.B - Eu fiz alguns desfiles no SPFW, depois fui pra casa dos meus pais porque fazia tempo que eu não ia pra lá e agora vim para fazer o Dragão, mas depois eu volto.

Terra - Como é ficar tanto tempo sem ver seus pais e amigos?

B.B - Na minha cidade eu já nem tenho mais amigos porque você acaba perdendo o contato. Em São Paulo eu tenho mais amigas, então quando eu vou para lá aproveito para sair mais com elas. Eu sinto falta. Quando estou em casa tento aproveitar meus pais ao máximo porque eu já fiquei mais de um ano sem ver meus pais uma vez. É muito tempo, né?

Terra - Tem diferença desfilar dentro e fora do Brasil?

B.B - Tem diferença pelo fato de você ser mais amiga de todo mundo. Todo mundo você conhece, é sempre mais divertido. Fora que sempre tem uma menina mais nova, você tem que fazer mais amizades, não é tão acolhedor. Aqui a gente já chega e é uma família gigante, você acaba se divertido muito mais.

Terra - E em relação à organização e a estrutura?

B.B - A diferença maior é aqui no Brasil os desfiles são todos no mesmo lugar. É difícil ter um desfile que seja fora e quando tem acaba complicando um pouco mais. Em outros países todos os desfiles são fora. Milão até tem um lugarzinho, uma estrutura, tipo São Paulo Fashion Week, mas os desfiles grandes são todos fora, cada um tem o seu lugar, então até isso eles têm que organizar. Se faz um desfile que é muito longe, você já não pode fazer o outro que é próximo, senão complica muito mais.

Terra - Teve algum trabalho que te marcou?

B.B - Eu acho que minha primeira capa da Vogue foi a que eu mais marcou porque eu não esperava. E saiu no mês do meu aniversário. Eu lembro até que foi o Gui Paganini que fotografou e ele me ligou falando que a capa era o meu presente de aniversário. Isso me marcou muito. Minha primeira capa de Elle também porque eu não esperava. A gente fez um editorial e não era pra ser capa, mas acabou saindo, então foi uma surpresa.

Terra - Você tem um blog de moda. Costuma acompanhar outras blogueiras?

B.B - Na verdade eu fiz o blog porque eu tinha vontade de escrever um pouco sobre a minha vida. Todo mundo fica falando “ai, você tem que dar dicas de coisas”. Eu escrevo muito pouco, não sou muito focada para escrever, mas eu tento escrever o que eu estou fazendo. As pessoas são muito curiosas pra saber como é minha vida, a rotina, o que eu como, os exercícios e tudo mais, então eu tentei  fazer para matar a curiosidade de todo mundo, mas eu sou meio desleixada. Deveria postar e escrever todos os dias, mas eu não faço. Eu não acompanho muito os blogs, acompanho mais no Instagram a Lala [Rudge], a Camila [Coutinho], acompanho algumas assim.

Terra - Quais são essas dicas de beleza?

B.B - Minha dica de beleza é se manter hidratada. Eu ando sempre com uma água de coco do lado porque a hidratação deixa a pele mais bonita, seu corpo funciona melhor. Também sempre passo um hidratante, ainda mais em Fortaleza. Eu também já tive o cabelo platinado e para mantê-lo hidratado eu passava azeite de oliva. Eu fui num cabeleireiro, ele me passou um produto super caro para hidratar e a mulher que estava lavando meu cabelo disse “passa azeite de oliva que é a mesma coisa”. Pois eu fiz e deu certo.

Terra - Qual a pior parte de ser modelo?

B.B - Nunca tive problemas de relacionamento, nada. A única coisa foi minha família, o negócio de sair de casa, mas sempre tive o sonho de ser independente, então uma hora isso ia acontecer de qualquer maneira.

Terra - E a melhor?

B.B - A melhor e pior parte é viajar e ficar longe. Você passa tanto tempo longe de todo mundo. Às vezes você tem que passar dois meses em Paris porque vai ter desfiles, você precisa ver clientes, e você fica longe de todo mundo, namorado, mãe, amigas. Por exemplo, lá em Nova York eu tenho um grupo de amigos, mas Paris é um lugar que já não tenho. Então você tem que procurar gente que tá lá e você conhece ou se a aproximar de pessoas novas, mas ao mesmo tempo você tá em Paris, né? Ou na Espanha, algum lugar incrível.

Tem a parte ruim de estar longe, mas se você sabe aproveitar, se você sabe sair e se gosta de cultura, museu... tem  tanta coisa pra fazer, tanta coisa pra ser vista que as vezes eu acho que as meninas não sabem aproveitar tanto porque é uma oportunidade que nenhuma escola vai te ensinar. Se você sabe aproveitar esse tipo de coisa, aprende muito em cultura, língua... Só de conhecer gente nova você aprende tanto. A parte ruim é a mesma que a parte boa.

Foto: Fernanda Frozza / Terra

Terra - Tem algum trabalho que você não faria de jeito nenhum ou que te incomoda?

B.B - Eu acho que teve uma época que eles estavam fazendo uns editorias que eu não fiz, graças a Deus, que era com carne, colocaram carne na cara da menina. Teve uma Vogue Itália com isso e o povo começou a pirar com essas coisas de bicho morto. Transparência eu me acostumei. Até de me trocar na frente de um monte de menino eu tinha vergonha, mas passou, porque tá todo mundo ali, ninguém tá olhando para o seu corpo, então eu não me importo. Foto pelada é uma coisa que me incomoda um pouco. A única vez que eu fiz foi de tapa-sexo e tirei depois porque não me sinto à vontade.

Terra - Quais são seus cuidados com o corpo?

B.B - Em casa ninguém é gordinho, todo mundo é normal, mas obviamente eu me cuido mais. Eu tento não comer muita carne vermelha, evito carboidrato, mas, assim, se eu tiver vontade de comer uma pizza, eu como. Eu acho que a gente acaba cuidando mais das porções. A gente não come a pizza inteira, mas come um pedaço. Eu engordo super fácil. Se eu começo a comer igual a minha irmã come, tipo almoçar um macarrão, tomar café da tarde e depois jantar de novo, eu engordo e é difícil de perder.

Terra - E atividade física?

B.B - Desde que eu cheguei no Brasil acho que fui na academia umas três vezes, mas em Nova York eu vou todos os dias. Eu vou na aula, tento correr. Se tiver sol eu gosto de correr mais ou menos uma hora ou meia hora. Na academia eu faço todo tipo de aula porque aula você não sente passar. Eu odeio fazer exercício, mas depois você vai ficando mais velha e aí surge essa coisa de fazer biquíni. Sabe como é, a bunda tem que estar durinha. Eu não sou muito de malhar e ficar sarada, não é meu perfil, mas preciso me mexer, então eu faço.

Terra - Você é feliz com seu corpo?

B.B - Eu sou feliz com o meu corpo. Tem gente que fala “ah, você não tem peito nenhum”. Até ontem eu fiz o desfile e coloquei enchimento, fiquei com um peitãozão, mas nem isso eu tenho vontade de mudar em mim.

Rapidinhas

Signo: leão

Comida preferida: jujuba

Viagem: ainda não fiz, mas quero ir para a Tailândia

Livro: O Castelo de Vidro, da Jeannette Walls

Filme: A Trapaça

Homem bonito: meu namorado e marido, Fernando Freire

Mulher bonita: Kate Moss porque ela é bonita sem querer ser bonita. Aliás, minha mãe me confundia com ela. Tinha uma campanha da Dior e ela falava que eu estava bonita. Quem dera!

Peso: não revelo peso e nem sei quanto eu peso

Altura: 1,80 m

Quanto calça: 37

Sonho: filhos, pelo menos um nos próximos cinco anos

Fonte: Terra
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