12 itens nas passarelas marcam a volta dos anos 80
A década de 1980, traduzida como um caldeirão cultural fervilhante, influenciou desde o comportamento das pessoas e as músicas até a moda. No universo fashion, essa época ficou marcada por seus excessos, irreverência, cores, calças largas, cintura alta... enfim, coisas do passado. Certo? Errado. Para quem prometeu que jamais voltaria a usar uma ombreira, pode ter se decepcionado com os últimos desfiles nas semanas de moda da Europa e EUA.
Veja alguns itens dos anos 80
» Assimetria 
Um ensaio dessa retomada oitentista começou já há algum tempo e explodiu recentemente nas passarelas de todo o mundo - que serviram de palco para a apresentação das coleções de grandes grifes para o outono-inverno.
"A década de 80 foi uma época muito confusa, mas o caótico foi transformado em um estilo", diz o publicitário Carlos Pazetto, que dirige alguns dos eventos mais importantes de moda do país, entre eles os das marcas Salvatore Ferragamo, Louis Vuitton e o Claro Rio Summer.
Dentro dessa confusão citada por Pazetto, destacam-se os vários movimentos musicais, com suas múltiplas referências: o gótico de Siouxsie & The Banshees; o pop sensual de Madonna, que também se inspirava no visual dos punks e usava transparências, sobreposições e roupas rasgadas; o estilo vanguardista e futurista de David Bowie; o visual andrógino de Boy George; as roupas de Debbie Harry da banda Blondie; a black music, entre inúmeras outras. E, claro, a influência punk, herdada do grupo Sex Pistols e suas roupas criadas por Vivienne Westwood.
Culto ao corpo
"A partir dos anos 1980, houve uma grande mestiçagem na moda, com sobreposições, misturas de estampas e de estilos", explica Miti Shitara, professora de história da moda da Faculdade Santa Marcelina e da FMU. Uma das principais influências foi o aumento do culto ao corpo e da prática de ginástica. Quem tem mais de 30 anos e não se lembra da Jane Fonda, seus colantes e vídeos de exercícios para manter a forma? Ou de Jennifer Beals no filme Flashdance (1983)?
"Foi quando as roupas esportivas migraram para o streetwear", diz Miti Shitara, professora de história da moda da Faculdade Santa Marcelina e da FMU. Os tecidos coloridos, de elastano, permitiam mais conforto e liberdade de movimentos.
Ao lado das referências esportivas, a moda também recebia, simultaneamente influência dos clubes noturnos (tecidos brilhantes e nobres) e dos estilistas japoneses, que se firmavam no cenário mundial, inovando com peças desconstruídas.
Mulheres poderosas
Os anos 1980, porém, são e serão sempre associados às peças de ombros marcados. Afinal, depois da década de 70, dos hippies e da busca de paz e amor, começa a valorização do status, do dinheiro e do poder. E as mulheres também trilham esse caminho. Surge a imagem da mulher executiva, que se veste seguindo o guarda-roupa masculino. "A imagem de androginia era muito forte", lembra Miti.
A volta desse volume causa arrepios em algumas pessoas, como na ex-modelo Petê Marchetti, uma das profissionais mais importantes no Brasil na época. "Não curto mais a moda dos 1980, ombreiras nem pensar. Espero que não pegue", diz ela, que mantém apenas jeans da época no seu guarda-roupa.
O publicitário Carlos Pazetto também guarda com carinho algumas peças originais daqueles anos. "Uma calça Forum meio semi baggy que uso uma vez por ano, e que adoro, e três óculos Ray-Ban", conta.
O gosto de Pete deve se confirmar devido ao cenário de crise. "Em época de recessão, não vejo o uso de muitos volumes e tecidos. Não acredito no uso de ombreiras ou de maxipeças. Acredito em peças como os camisetões", diz a professora Miti Shitara, que é fã dos tecidos que não amassam, do conforto do stretch e do despojamento de roupas esportivas, tão marcantes há quase 30 anos.
Polêmicas à parte, as opções estão aí e podem ser experimentadas. Afinal, essa foi uma das lições dos anos 1980. Confira 12 itens exibidos nas passarelas e que traduzem a influência dos anos 1980 nesta primeira década do terceiro milênio:
Assimetria
A modelagem não é igual nos dois lados da peça. A intenção é surpreender e reforçar a ousadia e sensualidade da época. Originalmente, a assimetria veio do movimento punk em que os rasgos nas roupas não seguiam um padrão. Para o inverno 2009, a referência foi aplicada principalmente nos vestidos e blusas de um ombro só.
Brilho
Não podia faltar. A década foi marcada pelos clubes noturnos que cultuavam o brilho. E não era nada discreto. Paetês e lurex eram os principais elementos usados. Agora, esses materiais também estão presentes nas coleções, ao lado de aplicações, bordados e outros materiais nobres, como cetim e veludo.
Calças largas
Esse é o item mais polêmico e arriscado para a silhueta. O volume nas calças é uma das principais apostas dos estilistas. São vários os modelos. Desde a calça baggy (ampla da cintura até os tornozelos), passando pela calça cenoura (larga nos quadris e mais justas nas pernas) até as inspiradas nos modelos orientais, largas nas pernas e afuniladas apenas na barra. As referências esportivas também colaboram para que as calças estejam mais largas. A opção mais fácil de usar são as pantalonas, que também estão em alta.
Cores
Ao lado dos pretos, influência dos góticos e do punk, os anos 1980 foram marcados pela predominância das cores fortes e vivas. Nada de tons pastel ou cores neutras. Rosa, amarelo, coral, laranja, verde, azul, roxo. E não apenas em detalhes, mas em peças inteiras ou até no look total. Quem é daquela época vai se lembrar da moda new wave, com sua explosão de cores.
Legging
A peça que já vem sendo bastante usada há algumas estações, chega renovada e mais ousada. Nada de legging básica. Listras, estampas de animais, brilhos e cores são as sugestões dos estilistas. A diferença é que, com tantos elementos, deixa de ser uma peça básica e complementar para ganhar destaque no look. Sem falar que aumentam a largura das pernas, portanto, é preciso ter cuidado.
Macacão
Quem não teve um macacão nos anos 1980? Uma das peças mais marcantes da moda da época ganha novas versões, para o dia-a-dia, outras mais fashion e também para ocasiões especiais.
Masculino
Reforçando sua participação no mercado de trabalho, as mulheres passaram a usar roupas inspiradas nos executivos masculinos. Calças, blazeres (que eram chamados de spencers) e coletes queriam provar que as mulheres tinham as mesmas condições de ocupar o espaço nas empresas até então dominado pelos homens. As peças de alfaitaria voltam com força, não tão largas como as usadas na época. Os paletós, por exemplo, ganham ombreiras, mas estão ajustados ao corpo.
Meias
Eram mais um dos elementos usados para brincar com o visual. Em tons contrastantes ou combinando com a roupa, não ficavam de fora das produções. Além das meias-calça, as 7/8 também eram febre. As duas estão de volta com força.
Moletom
Trazidos do universo esportivo, o moletom ganhou a moda do dia-a-dia nos anos 80. Agora, aparece remodelado, com novas formas e acabamentos, mesclando-se com a alfaiataria e a malharia.
Ombros
Outro ponto polêmico de volta. Marca registrada da década (usada até em sutiãs), foi totalmente abolida da moda. Até agora. Os estilistas apresentaram diversas propostas de peças com ombros mais estruturados e marcados, desde enormes ombreiras (lembrando os paletós usados pelo personagem Didi Mocó, do humorista Renato Aragão) até as mais discretas, além de aplicações nas peças, como bordados e palas.
Vestido sexy
O culto ao corpo e o lançamento dos tecidos com elastano criaram as condições ideais para a popularização do vestido tipo tubinho. De modelagem simples e curta, ele volta com tudo nesta temporada.
Zíperes
Vindos da moda esportiva, o material torna-se a principal atração da roupa. Sua função agora não é apenas abrir as peças, mas conferir formas e detalhes.