'Parece que entendem que estamos ajudando', diz guarda ambiental sobre animais resgatados
Guarda Municipal Ambiental de Nova Iguaçu, no Rio de Janeiro, já resgatou 163 animais até o início de outubro deste ano
A Guarda Municipal Ambiental de Nova Iguaçu, no Rio de Janeiro, já resgatou 163 animais até o início de outubro deste ano. Há cinco anos atuando na cidade, a corporação desempenha um papel fundamental na proteção e conservação do meio ambiente. O coordenador operacional da guarda, Carlos Januzzi, contou ao Terra um pouco da rotina dos agentes e qual o sentimento de atuar no resgate e bem-estar desses animais.
Os resgates realizados pela Guarda Ambiental, geralmente, ocorrem quando animais selvagens adentram áreas urbanas ou residências próximas a unidades de conservação. "Nossos bairros próximos a essas áreas são os que mais recebem solicitações, pois os animais acabam se encontrando na zona de transição entre o habitat natural e o ambiente urbano", explica Januzzi.
Entre as espécies resgatadas, os mamíferos, em particular o gambá-de-orelha-preta, também conhecido como saruê, lideram as estatísticas.
Um resgate diferente para os guardas foi o de uma jiboia de mais de 3 metros em um sítio próximo a uma área de transição entre a unidade de conservação e um bairro populoso.
"Foi ano passado. O proprietário tentou imobilizar a jiboia fazendo um laço, só que aí tornou o resgate mais difícil. Como ela era muito grande, estava bem agitada, tivemos que imobilizar ela para poder remover o laço. Foi um pouquinho trabalhoso. Depois ela foi solta de novo na unidade de conservação que fazia limite, mas em uma área mais protegida, com uma biodiversidade compatível com o porte dela", relembra o coordenador.
Garantia de leis e regulamentos
Dentre as responsabilidades dos guardas, também está a garantia de que as leis e regulamentos ambientais sejam cumpridos. São eles que monitoram atividades que possam prejudicar o meio ambiente, como desmatamento ilegal, caça furtiva, pesca predatória e poluição, e tomam medidas para aplicar as leis ambientais.
"A gente também atua na questão da fiscalização, como por exemplo resgatando animais silvestres que são vendidos em feiras", diz Januzzi.
Além disso, a equipe de guardas de Nova Iguaçu, que trabalha todos os dias da semana, incluindo fins de semana e feriados, atuam no combate de incêndios florestais, fenômenos que afetam gravemente o habitat natural dos animais, levando-os a buscar refúgio em áreas urbanas.
Educação ambiental
Os guardas ambientais também trabalham frequentemente para educar o público sobre o meio ambiente. "Através da divulgação e das mídias sociais, buscamos conscientizar a população sobre a importância de não matar os animais selvagens, mesmo que causem medo", enfatiza Januzzi. "Muitos ainda não sabem que a Guarda Ambiental está à disposição para essas situações."
A orientação da Guarda Ambiental é clara: nunca tentar manipular o animal e acionar as autoridades competentes imediatamente. Segundo Januzzi, é importante compreender que, mesmo que alguns animais causem medo, matá-los não é a solução adequada. Além de ser um crime ambiental, cada ser vivo desempenha um papel fundamental no ecossistema.
"Por exemplo, as serpentes, frequentemente temidas, desempenham um importante papel no controle de roedores", destaca.
Em situações em que um animal precisa ser removido de um local, a orientação do coordenador é nunca tentar manipulá-lo, mas sim deixá-lo em um local isolado e protegido, acionando as autoridades competentes, como a Guarda Ambiental Municipal, o Corpo de Bombeiros ou a Secretaria de Meio Ambiente, dependendo da região.
Sobre a importância da atividade da guarda com relação a educação ambiental, Januzzi destaca que também é realizado um trabalho educativo muito grande durante os resgates de animais. Além de cumprir a missão de salvar os animais em situações de risco, essas intervenções também proporcionam uma oportunidade para educar a comunidade local.
"O trabalho educativo que a gente faz nesses resgates é muito grande. Quando a gente vai fazer esses tipos de resgate, às vezes, os vizinhos saem, aí comentam, aí faz aquela aglomeração, mas aquela aglomeração positiva, e podemos orientar as pessoas, além de permitir que elas conheçam nosso trabalho e nos acionem sempre que preciso", destaca.
Sentimento de dever cumprido
Januzzi compartilha que o trabalho da Guarda Ambiental é recompensador. "Quando conseguimos resgatar e reintroduzir um animal na natureza, é uma sensação de dever cumprido. Alguns animais nos cativam, e parece que eles entendem que estamos ajudando", diz ele.
Ainda de acordo com o coordenador da corporação, o sentimento de gratidão é mútuo, pois os profissionais também que estão fazendo a diferença.
"Às vezes, acontece de a gente chegar no local e o animal já ter se evadido. Geralmente, isso acontece muito com gambá. Agora, morte de animal só ocorreu uma vez durante o transporte. E foi uma garça que ela estava muito ferida. Quando a gente pegou ela, já estava praticamente quase morta. Então ela não resistiu durante o transporte. Ficamos muito tristes", disse ele.
Reabilitação e devolução à natureza
Animais resgatados são encaminhados para o Centro de Triagem de Animais Silvestres do Ibama, localizado a cerca de 40 quilômetros de distância da base da Guarda Ambiental. No local, eles recebem tratamento veterinário e passam por um processo de reabilitação. Quando possível, o objetivo é sempre devolvê-los ao seu habitat natural.
Além disso, há ocasiões em que os animais são levados ao hospital veterinário de uma universidade particular, chamado CRAS, a aproximadamente 50 quilômetros de distância. Este hospital também desempenha um papel importante na reabilitação dos animais resgatados, especialmente nos finais de semana e feriados quando o CETAS não está operando.