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COP-29: Alckmin defende meta climática do Brasil após críticas e cita protagonismo na economia verde

Vice-presidente falou na cúpula de líderes mundiais durante maior evento das Nações Unidas sobre mudanças climáticas

12 nov 2024 - 08h11
(atualizado às 12h26)
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ENVIADAS ESPECIAIS A BAKU - O vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB) discursou na Cúpula do Clima das Nações Unidas (COP-29) deste ano, em Baku, no Azerbaijão, nesta terça-feira, 12. Cotado para ser o presidente da conferência no ano que vem, em Belém, ele destacou os motivos para o Brasil ser protagonista na economia verde e defendeu as novas metas brasileiras de corte de emissões dos gases de efeito estufa, consideradas insuficientes pelos especialistas.

Entre os potenciais ambientais do Brasil, Alckmin citou a capacidade de oferecer segurança alimentar, a presença da Amazônia, maior floresta tropical do mundo, a matriz energética mais limpa entre as maiores economias e agricultura chamada de "eficiente e verde".

No fim do discurso, em português, Alckmin mudou de idioma para convidar a todos para vir ao País no ano que vem, para a COP-30, de Belém. "Em nome do presidente Lula: I hope to see you next year in Brazil", disse. "Só há futuro se for sustentável."

O vice-presidente destacou a necessidade de avanço nas negociações sobre financiamento climático de países ricos para as nações em desenvolvimento, que é o maior tema (e impasse) da atual COP. "Deve ser ambicioso", destacou.

Também salientou a importância de finalizar as negociações sobre as diretrizes de um mercado global de carbono, cujo andamento tem sido tratado com otimismo pela organização da cúpula. "Precisamos de medidas concretas e no ritmo necessário", disse.

Nesse aspecto, lembrou que o sucesso da COP da Amazônia depende de avanços na atual edição, visto que, o que não for resolvido nessa edição, seguirá para a próxima.

Também defendeu a nova meta de redução de emissões brasileira (NDC), que será oficialmente entregue nesta quarta-feira, 13, na COP. A proposta apresentada pelo governo na semana passada representa uma redução de 39% a 50% em relação às emissões líquidas de 2019. Segundo o painel de cientistas das Nações Unidas para o clima (IPCC), a recomendação é de corte que alcance 60% até 2035 em relação a 2019.

Especialistas classificaram a meta proposta pelo governo como pouco ambiciosa, sobretudo diante do discurso da gestão Lula de ser um dos líderes da pauta climática global.

"Nossa meta reflete nossa mais alta ambição, com redução de emissões de até 67% até 2035, comparada ao ano de 2005. Ambiciosa certamente, mas também factível", completou. "Reflete a nossa visão de um país que se volta para o futuro e com a determinação de ser protagonista da nova economia mundial."

A viagem de Alckmin a Baku foi confirmada dias após o acidente doméstico de Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Outro motivo para o cancelamento da vinda do presidente são outros compromissos de Estado neste mês, como a reunião de lideranças do G-20 na semana que vem, no Rio de Janeiro.

CO é marcada por ausência dos maiores líderes mundiais

A participação de Alckmin ocorre em uma edição sem a presença dos maiores líderes mundiais. Isso ocorre em meio a um cenário de vitória de Donald Trump na eleição nos Estados Unidos, conflitos mundiais intensificados e dificuldade no avanço da mais importante negociação da COP-29 (financiamento climático).

Entre as ausências, estão os líderes dos Estados Unidos (Joe Biden), da França (Emmanuel Macron), da Alemanha (Olaf Scholz), da China (Xi Jinping), da Rússia (Vladimir Putin), Índia (Narendra Modi) e outras potências mundiais não enviaram seus principais chefes de Estado.

Oficialmente, os motivos foram diversos, como questões de saúde, desastres naturais recentes e crises políticas. Espera-se, contudo, que parte dessas lideranças se encontre na próxima semana, em reunião do G-20 no Brasil. Um dos últimos a confirmar a ausência na COP-29 foi Gustavo Petro, presidente da Colômbia que acabou de protagonizar a Cúpula da ONU pela Diversidade, em Cali, após chuva extrema afetar grande parte do país sul-americano.

Segundo especialistas ouvidos pelo Estadão, a ausência dos maiores líderes mundiais não é positiva para a projeção e reconhecimento do evento. Na prática, por outro lado, também avaliam que as negociações são lideradas por diplomas indicados pelos governos, sem a participação direta de chefes de Estado.

Mais cedo, Alckmin participou da inauguração oficial do pavilhão do governo brasileiro na COP, um dos mais movimentados de todo o evento. Ele reafirmou o objetivo do País atingir "o desmatamento zero".

Alckmin também destacou a lei do combustível do futuro. "A lei é uma das mais avançadas do mundo. Nosso biodiesel é mais bio do que diesel", afirmou o vice-presidente. Ele encerrou o discurso com a mesma frase do convite em inglês estampado logo na entrada do estande oficial brasileiro: "See you the next year in Belém, Brazil".

* A repórter Priscila Mengue viajou a convite do Instituto Clima e Sociedade

Estadão
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