Liderança indígena é assassinada no MS durante COP30
Comunidade Pyelito Kue foi atacada por 20 pistoleiros
A Survival International denunciou nesta terça-feira (18) o assassinato de uma liderança indígena no final de semana em Mato Grosso do Sul, enquanto ocorre a COP30, evento das Nações Unidas para o clima, que prossegue em Belém, no Pará, até sexta (21).
"Enquanto se debatem as terras indígenas na COP30, em 16 de novembro, agressores atacaram uma comunidade indígena em Mato Grosso do Sul, abrindo fogo e matando um líder Guarani Kaiowá, ferindo ainda outras quatro pessoas", disse a ONG em nota, explicando que o crime contou com "20 agressores" que "dispararam contra a comunidade guarani de Pyelito Kue, a qual havia recentemente reocupado parte de suas terras ancestrais".
De acordo com a Survival International, Vicente Fernandes Vilhalva, de 36 anos, foi baleado na cabeça e morto.
"Os criminosos também queimaram as casas e os pertences da comunidade", acrescentou a organização.
Falando de forma anônima, um dos líderes de Pyelito Kue contou à Repórter Brasil: "Estávamos cercados. Os pistoleiros não vieram conversar, simplesmente começaram a atirar. Não temos armas, não temos como nos defender. Recuamos e fomos para a aldeia, mas eles continuaram atirando. Queimaram tudo na área que estamos recuperando: nossas cabanas, panelas, cadeiras." O ataque é o quarto contra a comunidade de Pyelito Kue nas últimas duas semanas. Segundo a Survival, trata-se de "uma agressão que o grupo armado conduz há décadas contra os Guarani Kaiowá".
"Nós, o povo Guarani Kaiowá, condenamos os ataques ocorridos em Tekoha Pyelito Kue, que resultaram na morte de um líder. Nossa luta é pela vida, pela terra e por 'Tekoha Guasu' (todo o nosso território ancestral). Não aceitamos mais ser tratados como invasores em nossa própria terra", declarou a organização Guarani Kaiowá Aty Guasu em comunicado.