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Protesto de indígenas bloqueia início do quinto dia da COP30

Com arco e flecha nas mãos, um grupo de indígenas da etnia Munduruku bloqueou a entrada principal da Conferência do Clima da ONU de Belém

14 nov 2025 - 11h39
(atualizado às 12h08)
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Resumo
Indígenas da etnia Munduruku bloquearam a entrada principal da COP30 em Belém para exigir demarcação de terras e discutir projetos polêmicos, mas o protesto foi pacífico e encerrou com diálogo entre líderes e organizadores do evento.
Presidente da COP30, André Corrêa do Lago, vai ao encontro de indígenas para dissuadi-los de liberar a entrada da conferência. (14/11/2025)
Presidente da COP30, André Corrêa do Lago, vai ao encontro de indígenas para dissuadi-los de liberar a entrada da conferência. (14/11/2025)
Foto: REUTERS - Adriano Machado / RFI

O grupo se instalou em frente às instalações no fim da madrugada. Os Munduruku exigem mais demarcações de terras e o fim de projetos como o Ferrogrão, ferrovia que visa conectar Sinop, no Mato Grosso — epicentro da produção da soja no Brasil — a Miritituba, no Pará, para reduzir os custos de logística do agronegócio. O traçado passa por seis terras indígenas.

O grupo pediu uma reunião com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva para discutir sobre estes e outros projetos controversos do governo federal, como os planos de abertura de uma nova frente de exploração de petróleo na bacia da foz do rio Amazonas. Cerca de 3 mil indígenas do Brasil e outros países, principalmente latino-americanos, estão na capital paraense para pressionar a COP30 e o governo brasileiro.

Com o protesto, cercado por militares fortemente armados, filas com dezenas de metros se formaram na porta de saída do Centro de Convenções, por onde os participantes entravam a conta-gotas, sob um sol escaldante. Por volta das 10h, o acesso à conferência pela porta principal foi liberado.

Presidente da COP30 conversa com manifestantes 

"A ministra dos Povos Indígenas vai conversar com eles. Precisamos ouvi-los, porque eles têm reivindicações legítimas, mas nós temos instituições", disse o embaixador Corrêa do Lago, rodeado por indígenas e a imprensa.

Questionada se o bloqueio atrasa ainda mais as negociações diplomáticas, que continuam paralisadas em diversos temas, Ana Toni respondeu, já nos corredores da COP, que "não". "Liberamos muito rápido", alegou.

"Foi muito impressionante. Parecia que estávamos na entrada de uma favela, com os militares armados na frente", disse o francês David Ligouy, da ONG Movimentos da Paz. "Isso atrasa as negociações, mas também estamos aqui pelos povos originários. A juventude precisa de ação", comentou. O protesto foi pacífico e não houve incidentes.

"Foi um pouco desagradável, com tanta gente sob um forte calor. Francamente, isso não facilita o andamento da COP, em termos de eficiência", reconheceu Oumar Sy, membro da delegação senegalesa e deputado em seu país. "As pessoas já estão cansadas antes mesmo de entrar na conferência. Mas apesar de alguns contratempos, o evento está se passando muito bem. O que nos une aqui é hoje é muito mais importante e vai levar todos a continuar se esforçando para que tenhamos os melhores resultados", avaliou.

Protestos têm se repetido

Na noite de terça-feira, 11, um protesto liderado por indígenas mas também com a participação de movimentos sociais acabou em confusão, depois que os participantes tentaram entrar à força na área azul da COP30, reservada a diplomatas, governos e observadores das negociações. As portas do evento foram danificadas e o conserto atrasou o início das atividades no dia seguinte.

Esta é Conferência do Clima que conta com a maior participação de indígenas da história, com 400 credenciados para participar das negociações multilaterais. Mas eles exigem mais: querem um assento próprio na mesa.

RFI A RFI é uma rádio francesa e agência de notícias que transmite para o mundo todo em francês e em outros 15 idiomas.
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