Marina Silva chora ao ser ovacionada em discurso na COP30: 'Sonhávamos com muito mais'
Ministra destacou que, apesar das diferença e contradições, pela primeira vez, há um conjunto de indicadores globais de adaptação
Marina Silva foi ovacionada após seu discurso de encerramento na COP30, onde destacou avanços como indicadores globais de adaptação, mas ressaltou que o mundo ainda está distante das metas ambientais sonhadas na Rio-92.
Neste sábado, 22, a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, realizou o discurso de encerramento da COP30, em Belém (Pará). Após a fala, a chefe da pasta foi ovacionada durante mais de três minutos.
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Durante o discurso, Marina agradeceu aos envolvidos na organização do evento e parabenizou a Austrália, a Turquia e a Etiópia, que presidirão as próximas edições da conferência. “Estendemos nossos melhores votos de sucesso nesta nobre empreitada”, declarou.
No entanto, a ministra não perdeu a oportunidade de refletir sobre o momento: “Se pudéssemos voltar no tempo e conversar com nós mesmos na Rio-92, o que essas versões de nós diriam ao olhar para os resultados de hoje? Certamente nos diriam, antes de tudo, que sonhávamos com muito mais”, ponderou, “que esperávamos que a transição ambiental fosse mais rápida, que a ciência fosse suficiente para orientar as decisões, que a urgência falasse mais alto do que qualquer outro interesse.”
Após destacar fala do presidente Luiz Inácio Lula da Silva sobre a busca de consenso para superação das questões climáticas, Marina Silva destacou que a COP30 deu um passo importante no reconhecimento “do papel dos povos indígenas, das comunidades tradicionais e dos afrodescendentes.”
Após destacar o TFFF, “mecanismo que valoriza aqueles que conservam e mantêm as florestas tropicais”, o texto do Mutirão Global e as partes que apresentaram Contribuições Nacionalmente Determinadas, a chefe do Meio Ambiente reconheceu que “há desafios, mas, pela primeira vez, temos um conjunto de indicadores globais de adaptação, que certamente precisarão ser aprimorados e ampliados.”
Ao final, ela retornou ao cenário de 33 anos atrás: “Retomando o diálogo imaginário com o nosso eu do passado, acredito que podemos demonstrar hoje que, apesar dos atrasos, contradições e disputas, há continuidade entre a ambição da Rio-92 e o esforço atual. Que continuamos capazes de cooperar, de aprender e de reconhecer que não há atalhos — e que a coragem para enfrentar a crise climática é fruto da persistência e do esforço coletivo. Mas mesmo que aquelas versões anteriores de nós dissessem que não fomos tão longe quanto imaginávamos — ou precisávamos —, elas reconheceriam algo essencial: ainda estamos aqui.”
Apesar das diferenças e contradições no enfrentamento urgente das mudanças climáticas, Marina Silva mostrou gratidão aos presentes. “Muito obrigada por visitar nossa casa, o coração do planeta. Talvez não tenhamos recebido vocês da maneira que mereciam, mas os recebemos da forma que acreditamos expressar nosso gesto de amor pela humanidade e pelo equilíbrio do nosso planeta.”
