COP-30: 13% do território de áreas demarcadas para povos indígenas talvez seja pouco, diz Lula
Presidente destacou ser necessário reconhecer o papel dos territórios indígenas e de comunidades tradicionais nos esforços de mitigação ao aquecimento global
BELÉM - O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse nesta segunda-feira, 10, na abertura da Conferência do Clima das Nações Unidas (COP-30), que "talvez" seja necessário ampliar o porcentual de áreas demarcadas para povos indígenas no Brasil, hoje correspondente a 13% do território nacional.
"O impacto desproporcional da mudança do clima sobre mulheres, afrodescendentes, migrantes e grupos vulneráveis deve ser levado em conta nas políticas de adaptação. É fundamental reconhecer o papel dos territórios indígenas e de comunidades tradicionais nos esforços de mitigação. No Brasil, mais de 13% do território são áreas demarcadas para os povos indígenas. Talvez ainda seja pouco", afirmou Lula.
O discurso de Lula frustrou expectativas de entidades que esperavam que o presidente pudesse anunciar novas demarcações já na abertura da COP e durante a Cúpula de Líderes. No atual mandato, foram homologadas 16 terras indígenas.
Nesta segunda-feira, 10, o presidente também voltou a defender a realização da COP em Belém. "Trazer a COP para o coração da Amazônia foi uma tarefa árdua, mas necessária. A Amazônia não é uma entidade abstrata. Quem só vê a floresta de cima desconhece o que se passa à sua sombra. O bioma mais diverso da Terra é a casa de quase cinquenta milhões de pessoas, incluindo quatrocentos povos indígenas, dispersa por nove países em desenvolvimento que ainda enfrentam imensos desafios sociais e econômicos", disse.
A cidade paraense teve dificuldades para acelerar o calendário de adaptações estruturais e sofreu com uma crise por altos preços de hospedagem, o que fez os países reduzirem o tamanho das suas delegações.
Lula lançou antes da COP um compromisso intergovernamental para demarcação e posse de terras indígenas e um fundo de até US$ 1,8 bilhão. Antecipado pelo Estadão, o compromisso proposto pelo Brasil prevê que, além dos recursos, os países detentores de florestas tropicais expandam em 80 milhões de hectares a posse de terras a indígenas, afrodescendentes e comunidades tradicionais./ COLABOROU FELIPE FRAZÃO