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Não há santos no paraíso de campeões da F1

A manobra de defesa de Max Verstappen no GP de São Paulo abriu mais uma vez a discussão da “limpeza” nas disputas de posição

18 nov 2021 - 11h18
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A disputa em Interlagos reacende a discussão da lealdade na F1
A disputa em Interlagos reacende a discussão da lealdade na F1
Foto: Mercedes / LAT Images

Já diz o velho sábio que, em automobilismo, não se tem campeão bonzinho. Se analisarmos friamente, boa parte deles em algum momento já tiveram seus momentos “duvidosos”. Longe daqui ser um defensor do “os fins justificam os meios”. Mas é algo que tem que ser sim observado.

Trazendo a discussão para o tempo presente e sem entrar no mérito da questão levantada pela Mercedes para solicitar a revisão da decisão tomada pelos comissários no GP de São Paulo, se discute a lisura de que um piloto pode usar para defender a posição. 

Nos últimos anos, o corpo da FIA tem usado cada vez mais a filosofia do “let them race” (deixe eles correrem). Aproveitando também a configuração crescente dos circuitos do uso de asfalto ao invés de grama e brita, os comissários não têm procurado influenciar tanto nas disputas de pista, focando aquelas em que há prejuízo manifesto. Vimos isso na Áustria (Norris x Perez) e Grã-Bretanha (Verstappen x Hamilton).

Mas isso não impede de que situações sejam observadas. Foi criada um ponto de atenção que foi até apelidado de “regra Verstappen”, em relação a poder somente usar uma única movimentação de trajetória para defender a posição. Bem como Hamilton também teve uma observação para chamar de sua (as ultrapassagens por fora).

Independente disso tudo, há a figura do piloto. No caso específico do automobilismo, do kart de aluguel até a F1, saber com quem está de disputando influencia e muito na postura. Se eu sei que um piloto vai respeitar, a ação será de um jeito. Sem contar que, um piloto pode ser extremamente duro, mas sem ser desleal.

Se formos pegar pilotos campeões, veremos que a grande maioria se caracterizou por ter uma ação extremamente combativa na disputa de posição. Não precisamos ir longe e lembrar de Lewis Hamilton contra Alex Albon ano passado na Estíria. Mas muita gente acaba jogando o peso sob Max Verstappen.

O holandês joga muito pesado sim na defesa. Vimos isso este ano na Grã-Bretanha e até mesmo em Interlagos. Porém, neste ponto, Verstappen usa muito a lógica de um corredor que foi muito lembrado neste último domingo em São Paulo: Ayrton Senna. Tão incensado por sua habilidade, o brasileiro sempre foi da linha de defender ao máximo a posição ou até mesmo atacar para subir na classificação. E quem estivesse na disputa que optasse por evitar o contato ou não. Verifiquem isso com “Quique” Mansilla, Martin Brundle, Alain Prost...a lista é grande. Tanto que nos seus primeiros anos de F1, Senna era considerado um piloto “perigoso”.

Repito: os fins não justificam os meios. Mas uma coisa é ser veemente na manobra, outra é ser desleal. Atualmente, temos dois pilotos muito habilidosos disputando o título e qualquer um é merecedor. Temos que torcer sim para que haja briga, haja disputa, mas dentro dos limites. Só que não tem santo nesta história. Muitos se transformam quando colocam capacete. E vimos tantas transformações.

Como no futebol, um mal juiz pode atrapalhar o espetáculo. E não podemos esquecer que a F1, além de ser competição, é espetáculo. Isso que faz milhões de pessoas voltarem seus olhos para ver 20 carros dando voltas em círculos em vários lugares do mundo. No seu controle, estão homens e não divindades. Aí está a parte mais bonita e mais sombria. Afinal, o limite entre ser duro e ser desleal é muito pequeno.

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