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As mulheres que pilotaram nas 500 Milhas de Indianápolis

Pela primeira vez na história da Indy 500, uma equipe formada por mulheres irá disputar a corrida mais tradicional do automobilismo

29 mai 2021 - 10h21
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A classificação de Simona de Silvestro para a 105ª edição das 500 Milhas de Indianápolis foi apertada. A vaga no grid foi definida no Bump Day, sessão em que apenas três dos cinco pilotos com os piores tempos na classificação geral se garantiriam na prova do dia 30 de maio. Em sua primeira tentativa de participar da principal prova do calendário da Indycar, o carro #16 da equipe Paretta Autosport larga neste domingo (30) na 33ª e última colocação, fazendo história em umas das corridas mais tradicionais do automobilismo.

Simona de Silvestro garantiu a 33ª posição no grid das 500 Milhas de Indianápolis.
Simona de Silvestro garantiu a 33ª posição no grid das 500 Milhas de Indianápolis.
Foto: Paretta Autosport

De Silvestro se classificou em todas as seis tentativas (2010-2013, 2015 e 2021) que fez em Indianápolis, sendo a primeira em 2010, quando foi a estreante do ano. O melhor resultado da suíça no oval foi um 14º lugar em 2010, quando competiu pela equipe HVM Racing. Após disputar a Indy 500 pela última vez em 2015, Simona retorna ao oval de Indianápolis em 2021 com uma equipe formada por 70% de mulheres.

A jornada da Paretta Autosport começou em janeiro, quando a dona da equipe, Beth Paretta, executiva da indústria automobilística e do esporte a motor, anunciou que o objetivo era estar no grid do Indianapolis Motor Speedway. A equipe, que conta com o apoio da Penske, não terá apenas uma mulher ao volante e outra como dona da equipe: vai contar com um time majoritariamente feminino, composto por mecânicas, engenheiras, observadoras de pistas, e uma equipe “além do muro”, cuidando também das operações comerciais, relações públicas e marketing. 

A equipe Paretta faz parte do programa Race for Equality and Change (Corrida pela Igualdade e Mudança). A iniciativa foi criada em parceria entre a Indycar e o Indianapolis Motor Speedway para apoiar a diversidade e a inclusão em todas as áreas da categoria. O relacionamento de longa data com Roger Penske, atual proprietário da Indycar, permitiu que Beth encontrasse nesta iniciativa uma oportunidade de ser realmente apoiada pela categoria.

Equipe Paretta Autosport preparada para a disputa da 105ª edição da Indy 500.
Equipe Paretta Autosport preparada para a disputa da 105ª edição da Indy 500.
Foto: Paretta Autosport

E esse apoio se torna importante ao abrir portas para que mais mulheres tenham nas mais diferentes áreas do automobilismo uma opção de carreira, dentro ou fora das pistas. E ter um time com maioria feminina era um desejo antigo de Paretta que, em 2016, tentou ter uma equipe formada por mulheres, a Grace Autosport. A intenção era disputar a 100ª edição das 500 Milhas com a piloto britânica Katherine Legge, mas isso não aconteceu;

Simona De Silvestro não é a primeira mulher a correr no Indianapolis Motor Speedway, nem Paretta é a primeira mulher a ter uma equipe na categoria. Maude Yagle foi a única proprietária de equipe a vencer a Indy 500, em 1929, com o piloto Ray Keech. Mas, como naquela época as mulheres eram proibidas de entrar na garagem e na área dos boxes de Indianápolis, ela acompanhou tudo das arquibancadas. Agora, 92 anos depois, Simona, com 32 anos, e Beth, com 47 anos, serão as primeiras como uma dupla de piloto e equipe a disputar as 500 milhas no oval mais famoso do mundo.

E este é mais um capítulo importante que está sendo escrito na história da Fórmula Indy com as mulheres. Em 104 edições, nove pilotas participaram das 500 Milhas de Indianápolis:

1 - Janet Guthrie (1977-1979): Fez história quando se tornou a primeira mulher a se classificar e competir as 500 Milhas de Indianápolis em 1977. Estreou na Indy 500 no ano anterior, mas teve problemas mecânicos e não se classificou. Mas a melhor colocação dela foi em 1978, quando terminou a corrida na nona colocação, dirigindo com o pulso direito quebrado, após um mal sucedido backhand em um torneio de tênis beneficente na sexta-feira anterior à prova. 

Carro que Janet Guthrie levou para o 9º lugar nas 500 Milhas de Indianápolis, em 1978.
Carro que Janet Guthrie levou para o 9º lugar nas 500 Milhas de Indianápolis, em 1978.
Foto: Wikimedia Commons

2 - Lyn St. James (1992-1997 e 2000): Em nove anos que disputou a Indy, entre o campeonato da CART e a Indy Racing League (IRL), Lyn, que na verdade se chama Evelyn Gene Cornwall, classificou-se para sete provas no circuito oval, sendo seis consecutivas. Em 1992, foi a primeira mulher a vencer o prêmio de estreante do ano, após terminar a corrida na 11º colocação. Em 1994, Lyn conquistou a melhor posição no grid de largada, o sexto lugar.

3 - Sarah Fisher (2000-04, 2007-10): Em 2000, Sarah fez história ao ser a terceira e a mais jovem mulher a correr a 84ª edição das 500 Milhas de Indianápolis, pela equipe Walker Racing, com 19 anos. Durante o período que esteve na Indy, Sarah também marcou seu nome na história em 2002, ao ser a primeira mulher a fazer a pole position na categoria. Em 2008, com 27 anos, tornou-se proprietária de equipe, Sarah Fisher Racing e também competiu a 92ª edição da prova no circuito oval. 

4 - Danica Patrick (2005-11, 2018): Ela competiu oito vezes na Indy 500 e na primeira corrida, em 2005, largou em quarto lugar, liderou algumas voltas e terminou a prova na mesma colocação, o que lhe garantiu o prêmio de melhor estreante do ano. Além disso, conquistou o melhor resultado de uma pilota no circuito oval: foi terceira colocada na corrida em 2009. A norte-americana também é a primeira mulher a vencer uma corrida na Indy, o Grande Prêmio de Motegi, no Japão, em 2008. E neste final de semana, Danica retorna às pistas para pilotar o pace-car na largada das 500 Milhas.

5 - Milka Duno (2007-09): A venezuelana disputou a primeira, das três provas realizadas em Indianápolis em 2007, tornando-se a primeira pilota latina americana a participar das 500 milhas terminou na 31ª colocação. O melhor resultado na Indy 500 foi em 2008, quando terminou a corrida na 19ª colocação. 

6 - Bia Figueiredo (2010-13): Bia disputou a primeira, das quatro corridas, em Indianápolis em 2010. A melhor posição de largada das 500 Milhas foi um 13º lugar, em 2012, e a melhor posição de chegada foi o 15º lugar em 2013. Primeira mulher a vencer na Fórmula Renault e na Indy Lights, Bia foi a também a primeira brasileira a correr na IndyCar Series. 

7 - Simona de Silvestro (2010-13, 2015, 2021): A piloto suíça competiu pela primeira vez em Indianápolis em 2010 e logo na estreia no oval, Simona se classificou em 22º e foi uma das quatro mulheres a participar da corrida, recebendo a bandeirada na 14ª posição, conquistando o prêmio de melhor estreante das 500 Milhas de Indianápolis.  

8 - Pippa Mann  (2011, 2013-17, 2019): A pilota britânica fez sua estreia nas 500 Milhas em 2011 e competiu no circuito oval por sete vezes. O melhor resultado de Pippa foi o 16º lugar na corrida de 2019, última prova a contar com mulheres no grid. 

9 - Katherine Legge (2012-13): Katherine tornou-se a nona mulher a competir na Indy 500 em 2012. O melhor resultado em suas duas participações na corrida foi um 22º lugar na corrida de estreia. 

A pilota Desiré Wilson (1982-1984) não conseguiu se classificar para a corrida e Amber Furst (1983) teve a sua entrada negada na categoria por falta de experiência.

Quando a 105ª edição das 500 Milhas de Indianápolis começar neste domingo, em vez da tradicional frase “Gentlemen, start your engines! (Senhores: liguem seus motores) será bom ouvir novamente “Ladies and Gentlemen, start your engines! (Senhoras e Senhores: liguem seus motores). Isso, sem dúvida, faz cada uma de nós, mulheres apaixonadas por automobilismo, sentir-se representadas. 

E esperamos que, daqui a alguns anos, um time formado principalmente por mulheres seja algo comum de se ver nas competições, e não seja o item de destaque dentro do universo automobilístico. 

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